Capítulo 8

55 9 3
                                    

No dia seguinte Rogério apareceu em casa da Ju  e o seu pai convidou-o para o almoço.  Fazia tudo parte do plano para sair com ela.

R - Meu tio!  Dá-me permissão para levar à Ju até ao castelo?  Preciso se inspeccionar um terreno nas redondezas para construir a minha casa.
A Ju já me disse gostar muito daquele sítio.   Se ela gostar da localização eu compro e logo darei início à construção.

A - Mas fica um pouco distante daqui.  Tem bons lotes por aqui mais perto.

R - Mas, meu tio!  Ela gosta daquele lugar e de passear no castelo.  Eu quero fazer uma coisa de acordo com os gostos dela.

A - Onde já se viu.  Mulher ter opinião.   Podem ir sim.
Rogério eu posso comprar o terreno para ti.

R - Não tio.  Conforme eu disse, quero poder dar conforto à minha prima mas com o meu dinheiro.   Mas lá mais à frente se eu precisar para terminar a casa eu peço ajuda.  O meu pai também já ofereceu.

Segui com a Ju para o castelo.  Ela parecia muito nervosa.

J - Não sei como vai reagir.  Será que vai entender?

R - Calma Ju.  Ele vai entender.  Nós vamos ser sinceros.

Chegámos ao castelo e Rodolffo andava de um lado para o outro de mãos nos bolsos.  Àquela hora não havia lá mais ninguém.  Era muito frequentado mas ao final da tarde.

Dei-lhe um beijo e sentei-me num banco de pedra.  Ele sentou-se a meu lado e Rogério foi ver o tal terreno.  Ele queria mesmo comprar.

Pedi ao Rodolffo que me ouvisse até ao fim sem me interromper.

Às primeiras palavras ele já bufava e gesticulava.

J - Rodolffo!  Se não te acalmares eu não consigo contar tudo.

R - Desculpa.  Continua.

Contei sobre o pedido no jantar, sobre o combinado com o Rogério,  sobre a confissão ao padre.  Contei que a mãe dele sabia há pouco tempo e não disse nada porque eu pedi que queria contar primeiro.

No final suspirei por ter conseguido falar tudo.

R - Ju!  Eu estou com tanta raiva.  A minha vontade era ir agora falar ao teu pai e contar de nós.  Não devias ter-me escondido tanto tempo.   Promete-mos contar tudo um ao outro.

J - Mas eu não queria atrapalhar os teus estudos.  E tive a sorte do Rogério ser boa pessoa e me entender.  Ele também namora escondido.   Ainda não me disse com quem.

R - Mas se for necessário eu fujo contigo.   Vamos embora, eu arranjo emprego e havemos de sobreviver.

J - Amor!  Tem paciência.   Enquanto está farsa durar, tu formas-te e eu atinjo a maioridade.  Depois nada nos impede de ficar juntos.

Rogério vinha-se aproximando.

Rg - A Ju já explicou tudo? Eu já consegui adiar o casamento até construir a casa.  Se for preciso ela não tem fim, mas os 6 anos de prazo devem ser suficientes pelo menos para a Ju atingir a maioridade.

R - Não sei.  Parece-me um pouco bizarro.  E se o teu pai inventar outro pretendente?

Rg - Não arranja.  Tanto o meu tio como o meu pai estão muito preocupados em manter o património deles na família.

Saímos dali os três.   Resolvemos trazer o Rodolffo na charrete.  Vinha com a cara fechada e calado.

Rg - Rodolffo!  Conversa com o padre António.   Ele é um bom conselheiro e sabe do teu namoro escondido com a Ju.

R  - Vou sim.  Amanhã mesmo.  Não queres ir comigo Ju?

J - Vou à missa das 9 horas.  Encontro-te lá.  A essa hora a minha mãe e a tua vão ao mercado.  Preciso de convencê-las a deixarem-me na igreja.  Fala com a tua mãe para distrair a minha.

Rogério deixou o Rodolffo e entrou comigo.

Rg - Meu tio!  Quase acertei o negócio.   Ficou só um pequeno pormenor para resolver mas em princípio até ao final da semana compro o terreno.
A Juliette gostou muito da localização.

A - Ainda bem.  Eu quero que esse casamento saia logo.  Não quero morrer sem ver os meus netos.

Juliette permanecia calada e pediu permissão para se retirar.
Rogério despediu-se e saiu também.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora