Capítulo 7

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Foi do conhecimento de toda a cidade a chegada de um ilustre jovem.  Fala-se que o mesmo adquiriu a propriedade dos Herédia ( família do pai de Rodolffo).

Ainda ninguém o viu mas sabe-se que é ainda jovem.  Rondará os 40 e poucos anos e regressou agora das Américas onde passou grande parte da vida.

Fala-se, porque ao certo ninguém sabe nada.  O certo é que a propriedade tem agora mais movimento.  Além do caseiro já se vêem circular outros empregados.

Hoje era domingo dia de missa.  Dia de descobrir todas as fofocas. Ainda não tinha começado a missa e a igreja estava cheia.  Todos se viraram para trás ao ver entrar tão ilustre figura.

Homem alto,  elegante, cabelo perfeito e uma barba elegantemente aparada.

Sentou-se num dos bancos traseiros o que lhe permitiu ter uma visão ampla da capela.

Já no final da cerimónia foi cumprimentado por vários nobres e apresentou-se como George Amorim.

Ao mesmo tempo que falava com todos, procurava alguém nas várias pessoas presentes mas não encontrou quem queria.

Despediu-se e foi para sua casa.

Chegaram as tão desejadas férias de Natal.  Rodolffo chegava amanhã.

Juliette conversava com seu primo sobre a melhor forma de contar o plano deles.

R - Minha prima! Aqui o teu primo tem tudo planeado.   Sexta vamos passear ao Castelo a pretexto de ir ver um terreno.
Tenta combinar com o teu namorado para ele estar lá.

J - Assim farei.

Fui ter com a Mafalda,  mãe do Rodolffo, para que ela me avisaste quando ele chegasse.  Eu estava muito ansiosa.   Queria que o tempo passasse rápido e já fosse quinta feira.  Rodolffo chegava pela hora de almoço.

Enquanto isso no Porto, Rodolffo saiu para fazer compras.   Os escudos não abundavam mas de todo o dinheiro que a mãe lhe mandava ele conseguiu economizar algum.

Saiu para comprar um presente de Natal para as suas duas mulheres.

Comprou um lindo e quentinho casaco comprido para a sua mãe.   Na cidade de Bragança da qual era natural, o inverno é muito rigoroso.   As temperaturas chegam a baixar até - 10 graus.

Para a Ju comprou um lindo fio de ouro com uma chave de pingente.  Era fino pois os mais grossos custavam uma fortuna.

Quinta-feira eram 11,30 quando o comboio chegou à estação de Bragança.   Rodolffo sai e caminhou a pé em direcção a casa.  Ainda tinha que caminhar bastante.

A meio do caminho uma charrete passa por ele e o ocupante oferece boleia a Rodolffo.

G - Bom dia.  O meu nome é George.   Sou recém chegado à cidade.   Se aceitar dou-lhe boleia pois ainda tem que andar muito.

R - Aceito sim.  O meu nome é Rodolffo e vou ali para perto da casa dos Castro e Magalhães.

G - Fica em caminho.

E os dois encetaram uma prosa.  Rodolffo contou o que fazia no Porto , quem era sua mãe e George contou que cresceu ali mas partiu para a América bem jovem.

George contou que resolveu regressar pois os seus pais haviam falecido num acidente há 10 anos.
Ele também ia no carro com os pais mas ficou bastante ferido.

Chegaram ao destino e George logo convidou Rodolffo para o visitar e terminar a prosa.

R - Foi um prazer.  Até breve.

Rofolffo abriu a porta de casa e teve a maior das surpresas.

R - Amor!  Que saudades disse apertando Juliette num abraço forte.
Não esperava ver-te aqui já.
Ela não disse nada, só o beijou apaixonadamente.
Ficaram neste matar saudades longos minutos.

J - A tua mãe deu-me a chave.  Ela vem depois.  Tenho tantas saudades.  Não está fácil.  Tenho muito para te contar.

R - Temos 15 dias para matar as saudades.  Havemos de superar diz, voltando a beijá-la.

J - Amor!  Amanhã pelas 14 horas vai ter ao castelo.  Eu vou com um primo meu.  Temos um assunto para falar contigo.

R - E tem que ser no castelo?  Já estou preocupado.

J - Não fiques. Vai ajudar-nos.  Agora tenho que ir.  São horas de almoço e o meu pai vai dar por falta de mim.

R - Vai lá mas quero outro beijinho disse fazendo biquinho.

Beijei-o e saí feliz e contente.

George seguiu sózinho o resto do caminho.  No pensamento estava a conversa com Rodolffo.   Quando ele falou quem era sua mãe veio-lhe à memória  o último dia que passou naquela cidade.
Ainda tinha presente o rosto da menina que amava e que se entregou a ele.

O mundo foi muito cruel para os dois.  Ele foi obrigado a partir sem ao menos se despedir.
Será que ela casou e teve o Rodolffo?

Outro pensamento passou pela sua cabeça mas tentou afastá-lo.   Não era possível.  O mundo não seria assim tão mau para lhe pregar esta partida.

Entrou em casa,  serviu-se de uma bebida tentando afastar esses pensamentos.

LágrimaOnde histórias criam vida. Descubra agora