23

12 5 0
                                        

𝐂𝐡𝐫𝐢𝐬𝐭𝐢𝐚𝐧 𝐋𝐞𝐰𝐢𝐬-

Droga, droga, droga.

A sensação de estar drogado é surreal para momentos como esses.

Depois de mais uma briga, mas uma tentativa inválida de sair do mesmo teto que aquela víbora — chamada Ísis — e mais uma decepção com meu próprio pai e irmão por defenderem ela, e não a mim, estou completamente embreagado.

Estou sentado na sacada do meu quarto olhando para a piscina lá em baixo.

Revivo minha dor todo estúpido segundo da minha existência. Queria poder tirar isso de mim, queria poder parar. Minha única ajuda no momento, é a maconha e as bebidas.

Minha visão está turva, mas ainda tenho equilíbrio de ficar sentado aqui, quando eu não tiver mais, eu caio daqui de cima. Eu não dou a mínima.

Imagens passam sem-cessar em minha mente, e eu ouço vozes. Não é qualquer lembrança, e nem qualquer voz.

"- Para! está machucando! - pedia chorando."

Não importa quanto o tempo passe, isso se torna cada vez mais audível para mim. Essas lembranças se intensificam e as vozes aumentam.

Eu era uma criança! A porra de uma criança! Eu só precisava de amor e carinho, não de facadas, ponta-pés e socos! Muito menos de cortes profundos!

Saio da sacada, e entro no meu quarto, zonzo pelo álcool e pela droga.

Vou até meu abajúr e jogo com força contra a parede, fazendo o mesmo se despedaçar, causando um estrondo.

Me deito em minha cama, e fecho os olhos.

"Não me culpe por querer me livrar de você. Para mim, você não tem nenhuma serventia, e eu não vou parar até acabar com você, e seu paizinho querido não vai me impedir!"

Me encolho na cama, e tampo meus ouvidos, em uma tentativa de parar essa tortura que se repete mil vezes em minha cabeça.

"Você é um monstro, Christian. Um monstro!"

"Monstro! Monstro! Monstro!"

" Por que você não morre?"

- Já chega! - grito alto entre soluços tentando abafar as vozes.

"Seu monstro."

- Para, por favor! - imploro antes de apagar de vez como em um desmaio.

Escuro.

(...)

Corro animadamente pelo corredor. Hoje é mais um dia que meu papai vai sair de casa para trabalhar, isso me deixa triste.

Estamos brincando de esconde-esconde enquanto ele ainda está em casa. Ele se escondeu no andar de cima, em algum lugar que ainda não encontrei, mas sinto que estou perto.

- Pai? - digo sorrindo enquanto abro a porta do quarto de meus pais. - Vou achar você! - digo cantarolando.

- Buuu! - me assusto e começo a rir quando meu pai aparece em um pulo do banheiro.

- Achei você! - digo rindo quando ele me carrega e beija o topo da minha cabeça.

- Chris, agora papai vai ter que ir trabalhar, tá? - avisa-me.

- O senhor vai demorar? - digo tristonho abraçando o homem de terno.

- Volto daqui a dois dias. Vai ser rápido, meu filho. - olho triste. - Papai promete não demorar, tá bom? - mostra o mindinho.

À Sua ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora