À Sua Procura

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-𝐒𝐨𝐟𝐢𝐞 𝐉𝐨𝐡𝐧𝐬𝐨𝐧

Coloco cuidadosamente a fita vermelha em meus cabelos longos, fazendo um laço. Analiso mais um tempo meu reflexo no espelho, arrumando meu vestido de pano fino em meu corpo. Passo um brilho labial de cereja, pego minha mochila e desço as escadas.

– Estou odiando a sua nova versão, você não era assim, e estamos cansados de aturar você dessa forma. – ouço papai falar.

Desço as escadas por completo, vendo Bella cabisbaixa na mesa de café, ao lado de mamãe que parece estar em outro mundo olhando fixamente para a tela do notebook, enquanto seus dedos ágeis se movem no teclado. Papai está em pé enquanto olha para Bella de forma séria.

– Bom dia – digo baixo, mordendo os lábios ao perceber um clima estranho na cozinha. Não obtenho nenhuma resposta.

– Trate de melhorar a maneira que fala comigo, e pare de ser tão rebelde! Nunca te faltou nada, então não tem necessidade disso. – Benjamin continua, logo se sentando também.

Sento-me, e pego a jarra de suco, despejando um pouco do líquido em um copo de vidro.

– Rebelde para você é ter opinião, e não aceitar ter que agir como uma marionete dos próprios pais só porque sempre me colocaram no topo? – Bella fala segura. – Não me tratem como uma miserável criança, já tenho a consciência de meus atos! Tenho quase vinte anos e ainda não consegui minha liberdade por ter pais tão tóxicos.

Paro de derramar o suco em meu copo, e olho em volta. Papai está vermelho, e suas veias saltantes visíveis em seu pescoço, demonstra sua terrível irritação pela ousadia de Bella ao rebate-lo. Mamãe rapidamente dirigiu seus olhos frios até Bella, que ignorou o olhar de reprovação de nossos pais e continuou olhando para seu prato com duas torradas e geleia, sem se importar com o que acabou de falar.

Engulo em seco e finjo não ligar, tentando voltar a atenção para o que eu estava fazendo.

– Bom, é o mínimo que deveriam fazer por mim. – Bella continua: – Me criaram no topo, me mostraram que eu não posso aceitar menos do que eu mereço, então é a obrigação de vocês me tratarem como uma deusa, afinal, é isso o que sou.

Bella! Por que não mantém sua boca calada?!

Me assusto assim que papai bate com força na mesa, Bella apenas pisca pelo susto, mas ignora. Mamãe entreabe a boca incrédula, como se não acreditasse no que acabou de sair da boca de Bella. Na verdade, nem eu acredito que ela enfrentou papai dessa forma mesmo sabendo como ele é explosivo e "dono da razão". Estou bem surpresa, inclusive.

– Você é minha filha, entendeu?! Me respeite e nunca mais abra a boca para me rebater! Você mora em minha casa, sobre o meu teto, comendo a comida que sai do meu bolso. Sempre te demos do bom e do melhor, então o mínimo que deve a nós é respeito e obediência. – Ben grita. Me encolho um pouco, sentindo um nervosismo como se eu estivesse levando a bronca.

Sempre tive muito medo de meus pais, muito mesmo! Nunca rebati eles, e sempre tentei ignorar suas palavras doloridas e ofensivas sobre minha aparência, e sobre "como queriam que eu fosse como Bella". Obviamente nunca desobedeci eles, bom, na verdade já sim. Muitas vezes! Me refiro a todas as vezes que disse que iria até casa de Lya e sempre íamos em alguma balada ou festa na casa de alguns amigos de Lya mesmo eu tendo plena consciência que se eles soubessem, eu provavelmente morreria ou ficaria de castigo pelo resto de minha miserável vida! Pensando bem, sou uma péssima filha por fazer tudo o que fiz, mas as vezes minha vida se torna tão tediosa, que um pouco de adrenalina não mata ninguém. Quase me matou, mas nunca de fato morri, então apenas encaro como aprendizado.