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𝐒𝐨𝐟𝐢𝐞 𝐉𝐨𝐡𝐧𝐬𝐨𝐧-

Bufo exausta assim que entro em casa. Subo as escadas de forma cansada e arrastada. Estou muito cansada! Início de semana é muito cansativo para duas jovens (eu e Mary) trabalharem sozinhas atendendo vários clientes ao mesmo tempo.

Entro em meu quarto vagarosamente, evitando fazer muito barulho. Vejo Lya dormindo em minha cama de forma serena, mas com o abajur ligado. "Provavelmente esteve tentando me esperar chegar do trabalho, mas estava com tanto sono que acabou dormindo". Penso.

Com passos leves, coloco minha bolsa em cima de minha mesinha, e pego uma sacola com maquiagens que Bella pediu que eu comprasse para ela quando voltasse.

Observo Lya por mais um tempo.
Ela não merecia passar por nada daquilo, e eu jurei que iria protege-la, e é isso que irei fazer enquanto eu estiver viva.

Vou até ela e dou um beijo em sua cabeça, desligo o abajur, permitindo apenas que a luz da lua que entra pela janela de vidro com a cortina mau-coberta, iluminasse o quarto.

Saio do mesmo, e vou para o quarto de Bella, mas ao tocar na maçaneta, ouço murmúrios, então recuo e ouço atentamente.

- Pai! - Bella diz com um tom incrédulo.

- Eu já falei. Você não vai, e pronto - Papai diz com rispidez. - Eu não sou a favor, eu já disse, ponto final.

Me afasto rapidamente da porta do quarto de minha irmã ao ouvir passos rígidos prestes a abrir a porta, indo em direção ao meu, fechando a porta.

Vejo por baixo da porta de meu quarto escuro uma silhueta de meu pai, e ouço passos descendo a escada.

Saio de mansinho e vou novamente em direção ao quarto de Bella, que agora, o silêncio absoluto prospera.

Abro a porta cuidadosamente, adentrando o local. Vejo minha irmã de costas para mim, sentada em sua cama. Ela está com o rosto entre as mãos, quieta. Muito quieta.

- Mana? - digo receosa, sentando ao seu lado. - O que houve?

Silêncio.

- Bella, eu... - sou interrompida. Minha irmã em questão de segundos pega um quadro qualquer de vidro de cima de seu criado-mudo, e joga com força contra a parede, fazendo-me ter um espasmo pelo susto.

Ela volta para a posição anterior, e eu sinceramente não faço a mínima idéia do que fazer agora.

- Eu... - gaguejo.

- Você tem idéia do quanto batalhei para conseguir minha liberdade? - diz baixo.

- O que aconteceu?

- Sô - tira as mãos do rosto, e me olha chorosa. - O papai não quer permitir que eu seja livre.

- Livre?

- Eu... - respira fundo. - Eu estava planejando ir morar em um AP com Carlos. - assume.

Franzo as sobrancelhas. De certa forma, isso me causou uma sensação ruim.
Ela é minha irmã, e eu não imagino como seria se ela fosse embora.

- Eu fiz tudo o que nossos pais pediram, andei na linha, nunca perdi a cabeça - diz trêmula. - Sempre tirei notas boas, nunca dei motivos para perderem a confiança em mim. Fiz tudo para dar orgulho à eles, desde sempre e para sempre! E quando peço passa viver, sou impedida.

Segura em sua mão, em uma tentativa de passar conforto.

- Sofie, eu cortei as minhas próprias asas, eu me assassinei internamente de uma forma torturante, me tornando em algo desconhecido por ELES! - diz alto. - Eu deixei de comer para caber em uma porra de um vestido colado, e desfilei em mil palcos com um maldito sorriso no rosto apenas para eles receberem a grana dos prêmios. Nunca sequer perguntavam o que eu queria, eu sou a porcaria de uma marionete que vai morrer sozinha com a merda da minha solitude.

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