37

6 2 0
                                    

𝐒𝐨𝐟𝐢𝐞 𝐉𝐨𝐡𝐧𝐬𝐨𝐧-

A noite está fria e chuvosa, gotas grossas de água despencam raivosamente do céu, colidindo no chão, fazendo poças de água pela calçada e pela rua em frente a livraria. O vidro que dá a visão de fora está embaçado por conta do ar gélido, e o barulho da chuva que cai no lado de fora acalma meus ouvidos.

Meu suéter rosa-claro me aquece, mas não o suficiente para manter-me com boa temperatura, pois minhas pernas estão descobertas por eu estar apenas com uma saia um pouco acima dos joelhos, de preguinhas. O aquecedor da livraria está quase para pifar de tão surrado, então, o ar quente que sai dele não é suficiente para ir contra a gelidez do tempo.
Poucos clientes apareceram, a chuva está atrapalhando bastante o movimento que já é devagar normalmente. Olho fixamente para a porta, deitada sobre minhas mãos na mesa de atendimento.

– Estou com sono – Mary resmunga, ao meu lado. – Meu dia foi extremamente estressante hoje, só queria estar aproveitando essa chuva deitada em minha cama sob meu lençol macio... – diz manhosa.

– Estou da mesma forma, a diferença é que tenho prova semana que vem, e mesmo se eu estivesse em casa, meus pais dificilmente deixariam eu dormir – confesso.

– Como assim? – arqueia as sobrancelhas, e levanto meu olhar para a morena.

– Invés de dormir, estaria estudando – um trovão alto estronda, causando um leve espasmo em nós duas. – E não aproveitando a chuva.

O sininho toca, indicando que alguém abriu a porta. Meus olhos curiosos olham para a pessoa de capa preta que acaba de entrar. Assim que a pessoa tira a capa, revela o garoto de pele escura e cabelo em um corte baixo. Seus lábios grossos se movem em um sorriso e seus olhos escuros me olham.

– Max? – pergunto incrédula. – Max! – corro até o garoto que sorri assim que o-abraço. – O que houve? Por que sumiu? E o que você fez com minha amiga? seu babaca! – dou um soco em seu braço e cruzo os braços, esperando uma resposta.

– Calma, aparelinho. – diz sorrindo, e reviro os olhos ao ouvir esse apelido antigo.

Max estudou comigo do quinto ano até o oitavo ano estudantil, acompanhou todos os bullying's que sofri por conta de meus aparelhos chamativos, e óculos grandes. Ele já me defendeu do grupinho do Christian uma vez, e apanhou feio.

Depois ele saiu do colégio, e foi morar por um período de tempo na Argentina com sua avó. Foi no tempo que conheci Lya, uma garota introvertida e que na época sofria bullying por ser magra demais. Nos juntamos, recebemos apelidinhos como: vara-pau e aparelinho.
Max voltou de viagem, e ele e Lya se conheceram e começaram a namorar. No início eu estava de boa, até notar que ambos estavam se distanciando muito de mim. Lya estava distante, e Max nem sequer falava comigo mais.

Ignorei tudo isso, e tentei apoiar o máximo que pude. Namoraram por quase dois anos e meio, e nesse tempo, eu já não falava mais com Max, e após uma conversinha com Lya, ela voltou a se aproximar. Pelo visto o encanto se foi após ela descobrir a bela traição.

– Você é um idiota, te odeio muito – digo entridentes.

– Estive viajando para esquecer os problemas – coça a nuca.

– Os problemas que aliás, foi você mesmo que causou – olho cínica para Max, o mesmo me olha sem jeito por já saber do que estou me referindo.

– Qual é aparelinho – viro as costas indo até a mesa de atendimento novamente, onde agora, Mary olha curiosa para saber do que estamos falando. – Foi mal vai, erros acontecem – gesticula vindo até mim.

– Não é comigo que deve desculpas, garotão – arqueio as sobrancelhas. – Lya merece muito mais ouvir isso do que eu.

– Não vejo a loira a muito tempo – confessa pensativo. – Desde o nosso término, nunca mais a-vi e nem tenho notícias sobre ela.

À Sua ProcuraOnde histórias criam vida. Descubra agora