Capítulo 3 - Avião ✈️

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Tive que retornar ao meu ex-trabalho para assinar e oficializar alguns documentos relacionados à minha demissão. Comemorei intensamente com Camille, explorando diversos bares e visitando todos os pontos turísticos de São Paulo. Afinal, não sei por quanto tempo ficarei fora, e quero aproveitar ao máximo tudo o que não pude fazer por falta de tempo.

Camille me ajudou a organizar minhas coisas, pois eu não podia levar muita roupa. Peguei apenas o essencial, e, é claro, minha camisa favorita não podia ficar para trás. Enquanto ela mexia em meu guarda-roupa, notei que ela tirou um antigo vestido azul bem justo. Vi um sorriso malicioso se formando em seu rosto, e já sabia o que ela ia dizer.

— NÃO, definitivamente não — interrompi antes que ela dissesse algo, enquanto continuava a dobrar algumas roupas com perfeição, afinal, tudo tinha que caber.

— Eu nem falei nada — ela disse, fazendo uma carinha de anjo, piscando os longos cílios cheios de rímel.

— Sei que vai me dizer para levar esse vestido velho que já deve estar com cheiro de guardado.

— E, claro, você deve levá-lo. É lindo e sexy. Quem sabe você encontra o lindo James Foster e o chame para um jantar? — Revirei os olhos assim que ela terminou de falar, e ela riu de mim, jogando o vestido em meu rosto. Peguei o vestido e comecei a me perguntar por que o comprei mesmo.

— Nem sei por que ainda tenho isso — suspirei, relembrando aquele encontro desastroso que Camille me arrumou. O cara só queria me levar para a cama, e eu me lembro perfeitamente de quando o chutei bem no meio das pernas e saí correndo pela rua de salto alto.

— Eu sei, me desculpe por aquilo. Não sabia que ele era um completo idiota, mas isso não muda o fato de o vestido ser lindo. Vai, dê uma chance a ele. Um dia você vai me agradecer.

— Tá bom, eu levo ele, mas isso não quer dizer que irei usá-lo — falei enquanto dobrava o vestido e o colocava na mala. Camille se jogou na minha cama, bagunçando algumas roupas que eu tinha acabado de dobrar. Resmunguei alguns palavrões baixinhos, e ela riu de mim.

— Eu sei que você vai usá-lo em algum momento, e vai me ligar agradecendo.

Terminei de colocar tudo na minha pequena mala, sentindo uma crescente felicidade dentro de mim.

Deixei Meg com meus pais, sabendo que eles cuidariam dela como se fosse uma filha, ou melhor, como uma neta.

No dia da minha partida, mal consegui dormir de tanta ansiedade. Camille me deu alguns remédios para dormir, mas eles não funcionaram nem um pouco.

Ela me levou até o aeroporto, demonstrando empolgação misturada com tristeza, afinal, nos conhecemos desde a infância e nunca ficamos muito tempo longe uma da outra.

— Você sabe, Ems, vou sentir muito a sua falta — disse ela, pegando minha mão enquanto dirigia.

— Também vou sentir a sua... — ela ligou o rádio e a música de James Foster começou a tocar. Ela aumentou o volume e começou a cantar bem alto, e eu me juntei a ela. Começamos a rir, e algumas pessoas nos olharam curiosas, querendo saber o que estava acontecendo naquele carro minúsculo.

Após o término da música, ficamos em silêncio, conscientes de que uma mudança significativa estava prestes a acontecer. Era inevitável que uma de nós seguisse em direção aos nossos sonhos. Apenas o pensamento de que não nos veríamos todos os dias já me machucava profundamente.

— Ems? — disse ela, quebrando o silêncio — Se o James Foster tiver algum amigo, irmão solteiro e atraente, é só me ligar que eu vou correndo.

— Mas eu nem sei se vou trabalhar diretamente com ele — respondi pensativa, imaginando como seria meu novo trabalho. Começamos a rir e chorar ao mesmo tempo. Camille, com seu senso de humor criativo, sempre conseguia arrancar risos de mim, mesmo nos momentos mais difíceis. Sentiria muita falta disso.

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