Capítulo 33 - Inseguranças

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Acordei muito cedo naquela manhã e, apesar de não ser uma pessoa muito atlética, senti uma vontade repentina de correr. Correr sempre me ajudava a controlar a ansiedade, e naquele momento, estava precisando de um pouco de adrenalina. Por sorte, tinha trazido roupas térmicas para exercícios de inverno que comprei em Nova York, felizmente estavam na minha mala.

A Inglaterra era encantadora, mas o frio intenso me desanimou um pouco. Mal podia esperar para voltar ao Brasil por um tempo ou a Califórnia e sentir o sol em meu rosto. Vesti minhas roupas de exercício e meus fones de ouvido, certificando-me de deixar uma mensagem para James para que ele não se preocupasse.

Saí correndo pela vizinhança, ouvindo uma playlist que misturava calmaria e animação. O vento cortante e gelado tocava meu rosto, fazendo meu corpo tremer com o frio. O dia estava extremamente nublado, com um leve nevoeiro, e eu sentia as leves gotículas de água da garoa fina e fraca que caía do céu.

Enquanto corria, admirava os belos casarões por onde passava, cada um mais encantador que o outro. Imaginava as pessoas que viviam ali, criando histórias fictícias para elas em minha mente, o que se tornou um passatempo animador para mim.

Vejo um parquinho infantil vazio e decido sentar um pouco. Passo a mão na testa, limpando o suor, e respiro fundo o ar puro, observando a fumaça quente sair da minha boca. Pego meu celular e penso em ligar para Camille, mas não tenho sinal. Estava dependendo do Wi-Fi para fazer ligações, decidi não arrumar outro número só para o curto período em Londres. Guardo o celular no bolso do meu moletom e fico pensativa, admirando a paisagem.

Era um parquinho solitário, onde nem uma criança se animaria a brincar naquele frio. Os bancos dos balanços estavam cobertos por uma fina camada de gelo da geada, e alguns pássaros corajosos cantavam empolgados em galhos de árvores sem folhas. A paisagem era bonita e decidi voltar ali no dia seguinte com meu caderno para desenhar seus detalhes.

Ouvindo uma buzina de carro, olho para trás e vejo James baixando os vidros, sorrindo para mim. Levanto-me e vou em sua direção, entrando no carro que estava muito quentinho por causa do aquecedor.

— Que bom que eu te achei — diz ele dando partida no carro — estou morrendo de fome, tem um lugar legal pra comermos.

— Como você sabia que eu estaria aqui? — perguntei curiosa, colocando minhas mãos congeladas perto do aquecedor.

— Bom, aqui é um ótimo lugar para pensar — diz ele dando de ombros.

— Eu estou com roupa de ginástica nem sei pra onde vamos.

— Se preocupa com isso não, você está linda, e trouxe um casaco mais quente pra você também.

Fomos a uma lanchonete onde James queria me mostrar o tradicional café da manhã local. Quando nossos pratos chegaram, vi que consistia em feijão, torradas, ovos e uma linguiça. Ergui as sobrancelhas, surpresa.

— Feijão no café da manhã? —  perguntei, com um sorriso no rosto.

— Sim, aqui é bem comum. Mas um segredo: o feijão fica gostoso se você come junto com as torradas, tem um gosto doce — disse James, sorrindo para mim e me incentivando a experimentar.

Eu comi um pouco, era uma combinação estranha o feijão tinha um gosto peculiar e diferente, nunca imaginei que ele poderia ser doce.

— É gostoso e um pouco nojento ao mesmo tempo — falei comendo mais, vejo James sorrindo vitorioso — o café da manhã no Brasil é muito diferente do daqui.

— Bom, minha turnê vai passar no Brasil, e quando tivermos lá você me mostra — diz James bebendo seu chá, olhei para ele com as sobrancelhas levantadas.

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