Capítulo 15 - Álcool

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James continuava ausente, evitando qualquer contato. Camille tentou me confortar, assegurando que eu não tinha feito nada de errado ao falar com ele. Embora tentasse absorver suas palavras, meu coração teimava em discordar, criando uma tormenta interna.

No trabalho, as responsabilidades se acumulavam. Além de ser assistente de James, eu também mergulhava em projetos empolgantes com a equipe de design.

A proximidade do lançamento do álbum de James e da iminente turnê demandava esforços redobrados para cumprir todos os prazos estabelecidos. O escritório se tornava meu refúgio, uma forma de lidar com as turbulências emocionais que a vida pessoal insistia em trazer.

Jamais imaginaria que teria uma cópia das novas músicas de James. Tornar-me a primeira fã a ouvi-las antes do lançamento era uma experiência única. Confesso que não foi fácil; cada nota, cada palavra cantada por ele ecoava em meu coração, partindo-o a cada melodia.

A dificuldade aumentava, pois precisava escutá-las repetidamente para desenvolver ideias para o trabalho e participar das discussões. No entanto, a qualidade excepcional das músicas era inegável, e eu já tinha minhas favoritas entre elas.

Evitei Daniel durante toda a semana, inventando diversas desculpas para justificar por que não poderíamos nos encontrar naquele momento. Parece que ele desistiu, pois as mensagens pararam de chegar. Sei que o magoei ao envolvê-lo nessa confusão que criei. Contudo, estava genuinamente concentrada no trabalho, embora, lá no fundo, sentisse falta de Daniel, que se tornou um grande amigo para mim.

A rotina no escritório estava me enlouquecendo. Não conseguia tirar James da cabeça, lembrando-me de como ele me olhou no bar e da conversa que tivemos em seu apartamento.

Em dois meses, parti o coração de duas pessoas, um feito quase recorde. Agora, era como se merecesse a palavra "maluca" tatuada na testa, tamanho o peso que sentia por me sentir assim.

Laila aparecia ocasionalmente em minha mesa, verificando meu progresso e até elogiou, mencionando que eu estava evoluindo consideravelmente e impressionando a todos ao meu redor.

— Laila? — ela para de mexer em seu celular me encarando.

— O que aconteceu com James? Estou realmente preocupada com ele — perguntei, curiosa para saber o que se passava com ele após a nossa conversa. Ela olhou para o chão, respirou fundo antes de falar.

— Ele está trabalhando intensamente neste novo álbum, e depois daquele término, ele ficou diferente. Não quer me contar o que aconteceu — olho para o meu computador, pensativa. Tenho certeza de que ela sabe o motivo, só não quer me dizer, e isso estava me angustiando — Eu vou indo, qualquer coisa é só me chamar ou ligar — balanço a cabeça, e ela sai de perto da minha mesa, deixando-me sozinha mais uma vez.

Eu sabia que ela estava me ocultando a verdade. Tenho uma facilidade para perceber isso nas pessoas; é como se uma sirene na minha cabeça gritasse "BIP BIP ALERTA DE MENTIRA". Entendo que ela esteja protegendo James e sua imagem, mas tudo o que eu queria saber era se ele está bem. Não é nenhum crime.

Encerrei o trabalho exausta, colocando a caneta do tablet na mesa e verificando o relógio. Eram quase oito da noite, e eu precisava descansar, afinal, estava fazendo hora extra. Arrumei minhas coisas, coloquei um casaco e segui para casa.

Estiquei minhas costas, ouvindo diversos crec crec em minha coluna, suspirei sentindo alívio. Ao entrar no apartamento, joguei minha bolsa no sofá e deitei-me na cama, permitindo que meu corpo relaxasse, desfrutando da boa sensação de prazer por ter feito isso. Mal fechei os olhos e rapidamente peguei no sono, sem me importar se ainda estava de jeans, casaco e tênis nos pés. O único desejo era descansar um pouco.

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