Acordei com alguém me cutucando, resmunguei e olhei para o lado, era o Daniel me observando com curiosidade com aqueles olhos grandes e verdes.
— Estamos quase chegando, e você fala quando dorme, sabia? — revirei os olhos, ignorando-o. Olhei pela janela, empolgada; tudo lá embaixo parecia pequeno e lindo.
Assim que o avião pousa, percebo como está frio lá fora. Afinal, ali deve ser outono agora. Vou sentir falta daquele sol quentinho no Brasil. Coloco meu casaco, tentando me aquecer um pouco, e vou pegar minha mala. Fico parada na frente da esteira, esperando ela aparecer, e noto que esqueci de ajustar o meu relógio.
— Então, o que você veio fazer aqui? — olho para o lado, e o Daniel ainda estava atrás de mim, mas que cara insistente e chato. Estou sentindo que essa não será a última vez que o verei.
— Vim a trabalho, e você?
— Eu moro aqui já faz um tempo, só fui ao Brasil ver minha família — fico em silêncio, não sei aonde essa conversa irá parar, e nem quero saber — Esse é meu número — diz ele, me entregando um cartão de visita — Se precisar de alguém do Brasil para conversar, só me ligar, gostei de você — ele piscou para mim, pegou sua mala e foi embora.
Olho para aquele pequeno pedaço de papel, amasso e jogo no primeiro lixo que encontro. Quero manter distância dele, pois meu único foco agora é meu novo emprego.
Pego minha mala e me dirijo à entrada do aeroporto. Fico aguardando um táxi, mas todos parecem me ignorar. A sensação é de que ninguém quer parar para mim, o que me deixa nervosa. Não imaginava que conseguir um táxi seria tão difícil, contrastando com a facilidade que aparece nos filmes.
Após um tempo, finalmente consigo um, porém, para minha frustração, aquele Daniel surge e entra na minha frente, roubando-o. Antes de entrar no carro, ele vira para mim e sorri de lado.
— Bem-vinda à Nova York — diz ele, piscando mais uma vez antes de partir. Começo a soltar alguns palavrões, percebendo que estava falando em português, enquanto algumas pessoas passam por mim, curiosas tentando entender o que estava falando.
Consegui outro táxi rapidamente, ainda me enrolando um pouco com o inglês, já que fazia um tempo que não praticava. Felizmente, o motorista compreendeu e me deixou em um edifício bastante sofisticado, próximo ao Central Park. Fiquei admirando o majestoso edifício, mas a consciência de estar vestida com um jeans surrado e um sobretudo de moletom desgastado me deixou um pouco envergonhada.
Entrei no edifício de maneira discreta, tentando não chamar muita atenção. Ao me dirigir à recepção, um segurança se aproximou com um olhar severo me analisando.
— Boa tarde, moça, mas acho que você entrou no lugar errado — diz ele, me encarando e medindo de cima a baixo. Fico sem palavras naquele momento. Sei que estou vestida de maneira simples, mas isso não lhe dá o direito de te tratar assim. Fecho os olhos, pensando no que dizer, mas alguém interfere antes.
— Ela está com a gente, faz parte da Music Magic Universal — diz Laila. Agradeço aos céus por ela ter aparecido; caso contrário, não saberia como agir. O segurança se desculpa e se retira. — Me desculpa por isso. Vou falar com a equipe do edifício depois. Ele não pode falar com as pessoas assim.
— Não precisa se preocupar com isso. Não quero arrumar problemas para ninguém — falo, baixando a cabeça e me censurando pelo meu inglês não tão bom.
— Eu insisto, ele foi muito mal educado com você. Não tem o direito de te tratar dessa maneira — diz ela, me encarando. Minhas bochechas começam a ficar quentes, e fico pensando o quanto devo estar vermelha naquele momento — Ah, e a propósito, sou a Laila. Finalmente a gente se conheceu.
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Amor & Destino
RomanceEmily sempre sonhou em conquistar um emprego em uma grande empresa em Nova York, e após muita dedicação, finalmente realiza esse desejo. Cheia de entusiasmo, ela se muda para a cidade que nunca dorme, ansiosa para abraçar novas oportunidades. O que...