Capítulo 34 - Coração partido

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Nunca imaginei que o coração de alguém pudesse se despedaçar em tantos pedaços. Sempre achei que isso fosse um exagero, uma figura de linguagem exagerada. Mas agora entendo que a dor é real e profunda. É como se jogassem seu coração no chão e o pisoteassem sem piedade, como se seus sentimentos não tivessem valor algum.

A confiança é um presente precioso, e entregá-la junto com todo o seu amor é uma responsabilidade imensa que não deveria ser tratada com descaso. Sentir esse vazio é avassalador, a dor é tão intensa que parece sufocar, levando a pensamentos sombrios e desesperados.

Nunca imaginei que poderia experimentar algo assim, e como eu gostaria de estar enganada, como eu desejava que essa dor jamais me atingisse. Sempre fui alguém que confia facilmente, acreditando no melhor das pessoas. Mas depois dessa noite, eu mal confiava em mim mesma para qualquer coisa.

Desço as escadas apressadamente, percebendo o olhar de Daniel em minha direção, sua expressão denotando preocupação. Eu sabia o que precisava fazer: sair dali o mais rápido possível. A única ideia que martelava em minha mente era: preciso correr. Sem hesitar, me dirijo ao armário de casacos, troco meus saltos pelos tênis e saio da casa.

— Emily, o que você está fazendo? — perguntou Daniel me observando.

— Eu preciso correr — falei colocando meu casaco.

Eu não me importava em correr mesmo usando um vestido tão justo, mas a sorte estava ao meu lado, pois estava com meia-calça térmica, o que me protegia do frio intenso. Começo a correr sem olhar para trás. Pode parecer que estou fugindo, e de certa forma, estava, mas precisava liberar toda essa angústia. A adrenalina de correr era o único alívio que eu conseguia encontrar naquele momento.

— EMILY — ouço James gritar, e mais algumas pessoas me chamam.

Mas eu não queria voltar, só queria correr, só queria tirar esse peso do meu coração. Aumento a velocidade, sentindo as lágrimas fluindo com mais intensidade. Chego ao parquinho e paro, colocando as mãos no rosto, com uma vontade absurda de gritar. Minhas pernas tremeram e caí de joelhos no chão, chorando até começar a soluçar.

— Emily — ouço a voz de Daniel, um pouco ofegante, enquanto ele vem correndo atrás de mim — Emily, o que aconteceu?

Ele se ajoelha ao meu lado e me puxa para um abraço, e eu aceito, afundando meu rosto em seu peito. As lágrimas começam a fluir ainda mais, molhando seu casaco.

Não sei por quanto tempo fiquei assim, chorando nos braços de Daniel. Ele afagava meu cabelo, que havia se soltado durante a corrida. Estava exausta, tudo o que precisava era deitar um pouco. Mas não sabia onde poderia passar a noite, estava em um país onde não conhecia ninguém, exceto Daniel.

— Vem vou te levar pra casa — sussurrou ele.

— Não… eu não quero… voltar para aquela casa — falei entre soluços.

— Eu estou em um hotel não muito longe daqui, se quiser… — diz ele pensativo.

— Obrigada — falei agradecendo a Daniel por me abrigar pelo menos essa noite.

— Mas eu preciso saber o que aconteceu — perguntou ele me afastando de seus braços e me olhando nos olhos.

— Agora não, eu só preciso deitar — falei olhando para ele e sentindo a brisa gelada bater em meu rosto — Estou congelando.

Ele pegou seu celular e pediu um Uber para irmos para seu hotel. Eu estava tão desesperada para sair daquela casa que nem pensei nas consequências. Deixei minhas roupas e meu celular lá, estava somente com a roupa do corpo.

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