𝐌𝐘 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐎𝐍𝐄 | 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀

𝚀𝚄𝙰𝚃𝙾𝚁𝚉𝙴

Arrascaeta

26.10.2019 | sábado.

Eram duas e meia da tarde de um sábado. Observava Isadora deitada em meu peitoral, dormindo tranquilamente. Ela não costuma dormir esse horário, segundo o que a mesma me diz. Porém, o caso era exceção. A mineira estava nos dias de “tpm”.

Minha garota relatou dores de cólica antes de dormir e ao acordar, e não se aguentava de dor. Tanto que, mal conseguiu dormir. Mas o tanto que ela tem de beleza, tem o dobro de teimosia. Decidiu vir aqui pra casa de Uber às meio dia, sem mesmo me avisar. Não que eu não queira a companhia dela, nunca, só que nesses casos, creio que o melhor seja uma bolsa quente na barriga e um descanso.

De qualquer forma, tentei auxiliar ao máximo para que sua dor diminuísse. Sem remédio pra cólica – pois havia tomado o último antes na tarde anterior –, tentava suportar. Breve dei uma bronca nela por ser tão reservada e não ter me contado, sendo que eu podia muito bem comprar qual fosse. E foi o que fiz. Pelo fato de ter namorado e comprado tantos protetores e remédios por anos para minha ex, já tinha uma noção.

Voltei com uma caixa de “Buscopan” – indicado pela atendente da farmácia – e fiz Isadora tomar um dos comprimidos da cartela imediatamente.

Após isso, coloquei uma bolsa térmica de água quente em sua barriga, que também não durou muito tempo, já que logo adormeceu e mudou de posição – a que ela está nesse momento.

Sorri de lado e pensei como sou sortudo pra caralho por ter uma mulher dessa comigo, puta que pariu. Consegue ser linda até dormindo.

Fiz carinho em seus cabelos e deixei um beijo em sua testa em forma de carinho. Logo vi seu corpo se mover e seus olhos se abrindo e fechando lentamente. Era possível ouvir resmungos vindo da estudante.

— Mô. — murmura manhosa e eu dei um sorriso ao ouvir a forma que ela havia me chamado.

Seus olhos se abriram no mesmo instante. Não por completo, mas de forma semicerrada. Meio fechados, meio abertos. Aquele sorrisinho fechado e gostoso de ver apareceu na face dela.

— Cê tá aqui. — diz baixinho ao olhar por cima dos cílios e notar minha presença. Respirou fundo e fechou os olhos lentamente, demonstrando ainda estar com sono.

— Estoy aquí, linda. — deslizo minha mão esquerda pelo seu rosto e dou um sorriso, demonstrando total rendimento aquela carinha dela — ¿Estás mejor? — Isa abre um pouco os olhos e faz som de “hurum”, que não me convenceu nenhum pouco — ¿Certeza?

— Da cólica sim. — fala e faz uma pausa para um bocejo — Mas me deu dor de cabeça. — relata e se retira de meu peito, sentando-se na cama e apoiando-se na cabeceira — Nas costas também. — diz coçando os olhos e eu mostro expressão de espanto — Nossa, até parece que carreguei saco de cimento. — dei uma risada fraca ao ouvir a última frase — Não ri, é sério.

— Ok, ok. — ergui as mãos em forma de rendimento e gargalhei — Vou trazer água pra ti tomar outro comprimido, tá? — depositei um beijo em sua testa e desci às escadas em direção a cozinha — Gatinha? — adentro a porta do quarto e vejo a flamenguista em frente ao espelho — ¿Que estás haciendo? — coloco o copo sobre a mesinha ao lado da cama e a observo.

— Vendo como eu tô tão feia. — fez cara de choro e colocou as mãos na cintura, ainda em frente ao closet — Olha isso. — mostrou sua barriga, onde eu não via absolutamente nada — Eu tô inchada. Minha pele tá cheia de espinha. Meu peito tá sensível demais. Cara, que ódio. — ouvi sua voz embargar e notei sua vontade de chorar, apesar de não descer sequer uma lágrima.