𝚃𝚁𝙸𝙽𝚃𝙰 𝙴 𝚂𝙴𝚃𝙴

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Isadora
22.03.2020 | domingo

Estás tan linda, princesa. — Giorgian rodeia suas mãos pela minha barriguinha, enquanto terminava de fazer babyliss em meus longo comprimento de minhas madeixas, que eu inclusive já estava achando um saco.

Minha vida de grávida tem sido com tanta reviravolta, que perdi as contas de quantas vezes quis cortar esse cabelo só esse mês.

— Obrigada, neném. — sorri fechado, desligando o objeto e me sentando na cama para colocar os sapatos — Coloca pra mim? Minhas costas tão doendo demais pra abaixar. — peço a meu noivo, que não pensa duas vezes em aceitar.

Estava nos meus preparativos para o chá da Luísa. Só eu mesmo, e há quase uma hora, enquanto Gior já estava pronto faz tempo. Queria eu ter essa agilidade pra me arrumar.

A decoração estava pronta, junto com os docinhos e bebidas. O almoço também estava sendo preparado. O que estava me incomodando era a demora pra chegada dos salgadinhos que havia encomendando. Caramba, pedi faz duas horas e nada ainda.

Mas segui o conselho do gringo e respirei fundo, pois o que eu menos precisava era de estresse naquele momento.

Na verdade, desde que descobri a gravidez, o que mais tenho ficado é estressada. Com qualquer coisinha, e mínima. Mas apesar dessa parte, ser mamãe da Luli tem sido bom pra mim. Não tem nada melhor que sentir os chutes dela e vê-la se mexendo nas ultrassonografias. Como na última sexta, em que fui a clínica realizar a quarta ultrassom, e ela se remexia. Já está enorme e, segundo minha obstetra, tem o tamanho de uma pêra – daquelas grandes que se acha em supermercados.

Saber que daqui alguns anos, vou poder escutá-la me chamando de mamãe. Mamãe pra lá, mamãe pra cá. Que vou acompanhar e ajudar em seus primeiros passinhos, que vou escutá-la dizer as primeiras palavrinhas. E ao contrário de outras mamães, vou ficar feliz se a primeira pronúncia dela for papai e não mamãe. Pra mim, na verdade tanto faz. Saber que daqui um tempo vou na escolinha dela assistir sua primeira apresentação de dia das mães, que eu com certeza vou chorar feito uma boba.

E é desses momentos que eu vou sentir falta quando Luísa estiver bem crescidinha. Sei que é cedo pra pensar nisso, afinal, ela nem nasceu. Mas é aquilo: mamãe sofrendo por antecipação.

E eu fico pensando, não é estranho a gente amar alguém sem nem ao menos conhecê-la? Tipo, eu nunca a vi na minha vida, sei lá. Não sei como é seu rostinho, se é parecida com o papai ou com a mamãe. Mas independente disso, eu a amo. A amo tanto, mesmo sem conhecê-la, e sinto que amarei mais assim que vir seu rostinho pela primeira vez. E eu espero ser pra ela, ao menos metade do que minha mãe foi pra mim.

Minha filha não terá mais do que ela merece. Muito, muito, mas muito amor.

— Tô achando esse vestido meio apertadinho, sei lá. — me virei de lado para o espelho na tentativa de averiguar o zíper na parte de trás, que não fechava todo de jeito nenhum — Me ajuda a subir?

— Acho bom você colocar outro, princesa. — ele diz, mas me ajudando a ajustar a peça — No vai subir, por conta de barriguinha linda — beijou meu ombro.

— Ai, Luísa, por que você foi ser tão grandinha, hein? — apontei para o atual larzinho da minha pequena — Agora mamãe não tem roupa nenhuma pra vestir no seu chá de bebê, e muito menos pra passar o dia. — fiz bico e cruzei os braços, em tom de brincadeiras, é claro — Sabia que tô passando o dia com as blusas e short’s do seu pai? Porque as minhas apertadinhas já não cabem mais.

𝐌𝐘 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐎𝐍𝐄 | 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora