𝐌𝐘 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐎𝐍𝐄 | 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀

𝚀𝚄𝙸𝙽𝚉𝙴

Isadora
30.10.2019 | quarta-feira | 21h15.

Jogada sobre a cama do meu quarto enquanto lia "A Alma da Fotografia" de David Duchemin e ao mesmo tempo, olhava o celular a cada dois minutos, ouvi mamãe me gritar da parte de baixo da casa.

— Dora! — fez questão de esgoelar para o condomínio inteiro ouvir — Gio está aqui em baixo. — somente o que disse.

Do cômodo que estava e sem me mover nada, pedi para que minha melhor amiga subisse. Ela havia se oferecido para dormir na minha casa para "me animar", já que estava com entusiasmo zero, real. Estive com cólica o dia todo, que não passava por nada nessa vida. Minha cabeça doía com tantas perturbações. Minhas costas... Bom, nem vou falar.

O dia na faculdade havia sido insuportavelmente chato. Não consegui me concentrar em absolutamente nada da aula. Minha cabeça estava avoada como nunca. Minha mente focava em uma só pessoa. Que com certeza, não é nem preciso dizer.

Giorgian havia viajado com o restante do elenco para Goiânia, visando o jogo contra o Goiás no dia seguinte, pela vigésima nona rodada do campeonato brasileiro. Não o via desde de manhã, e por isso, saudade apertava. Me desacostumei a ficar longe dele. Aliás, ele me deixou mal acostumada.

Estou dormindo na casa dele por, mais ou menos, duas ou três vezes na semana. Isso porque, o uruguaio manda mensagem falando "vem me ver", e claro que eu não desperdiço a oportunidade. Mas o plano é sempre ficar um pouquinho apenas, porém há dois impasses: eu não querer e nem conseguir ir embora. O outro, que Arrasca me paparica tanto, me pede com tanto jeitinho, que acabo passando a noite.

E quem não está gostando nada disso é meu pai. Pelo fato de não conhecê-lo e não saber o tipo de cara que a única filha menina dele está se envolvendo, o mais velho insiste que eu o leve para que possam conversar. Não cheguei a comentar sobre isso com Giorgian, até porque, ainda acho muito cedo. E outra que também não quero pressioná-lo. Então, vai ser tudo no nosso tempo.

E eu não faço ideia de como seria a reação do atleticano ao descobrir que o possível futuro genro dele é, nada mais, nada menos, que Giorgian de Arrascaeta. Não sabia se seria boa, pelo fato dele admirar o futebol do uruguaio, ou se seria ruim, pelo fato do meia já ter atuado no maior rival e feito um estrago enquanto atuava por lá.

Bom, só saberemos isso na hora.

— Não vai ficar aí jogada nessa cama o resto da noite, vai? — Gio diz entrando no quarto com duas sacolas em cada mão e sua mochila nas costas — Vamos te animar, garota! — colocou sobre o chão as coisas que havia trazido, que aliás, eu nem sabia do que se tratava — Trouxe uns bagulhos pra gente comer, um energético e também, muita animação pra você. — disse sentando ao meu lado na cama — Isadora, você tá a menos de vinte e quatro horas sem vê-lo, pelo amor de Deus. — se joga para trás e olha para mim, cruzando os braços — Isso é sua tpm, né?

— Talvez. — coloco um marcador no meio da página em que parei e fecho o livro, colocando sobre a mesinha que havia bem próximo — Mas eu tô com saudade. — faço biquinho e Giovanna revira os olhos, passando a mão no rosto — Você não entende porque é uma desapegada sem coração. — digo e minha companheira ri, se levantando.

— Eu gosto do Pedro, tá? — logo entende ao que eu quis me referir e vai até as sacolas, pegando um pacote de salgadinho — Só não sou melosa que nem você. Sei que ele tem coisa pra fazer, e não só ficar comigo. — pisca um dos olhos e abre o doritos, me oferecendo.