𝙳𝙴𝚉𝙴𝚂𝚂𝙴𝙸𝚂

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Isadora
31.10.2019 | sexta-feira.

Era final de semana e eu estava feliz como nunca. Isso por dois motivos. O primeiro: SEXTOU, claro. O segundo, finalmente ia matar a saudade do meu uruguaio. Depois da partida do dia anterior contra o Goiás, terminar em dois a dois, a delegação voou diretamente ao Rio de Janeiro. Não consegui vê-lo ainda, pois no momento em que pousou, já estava dormindo, e de manhã, fui à faculdade. Mas marcamos de jantar mais tarde e, claro, de eu dormir na casa dele, pra compensar os dois dias que não estivemos juntos.

No momento, estava na universidade. Aliás, fora dela, mas realizando um trabalho para o curso. A professora havia nos passado uma atividade, na qual consistia que cada aluno tirasse ou escolhesse uma foto do que nos trouxesse felicidade, do que nos faz feliz – claro que, a foto deveria conter um bom ângulo, iluminação e nitidez – para, depois, apresentarmos à sala toda.

Pra falar a verdade, nunca gostei muito de apresentações – inclusive, TCC não é comigo –, bem pelo fato de que sou tímida e não sei desenrolar nas palavras – por isso, travo a cada cinco palavras –, mas nesses três anos de curso, tive que me acostumar a essa rotina de explicar trabalhos, trabalhos e mais trabalhos. E falando a real, achei a tarefa bem simples. Algo que me faz feliz... Ou melhor, alguém. Bom, não precisa nem eu citar nome, né?

Já havia escolhido minha foto. Óbvio que era do Giorgian. Porém, claro, não aparecia seu rosto. No momento da fotografia captada por mim, estávamos na praia. Aproveitei o pôr do sol iluminando o lugar que ficamos para fotografar. Apareceu apenas suas costas e braços apoiados na areia, com a camisa do Flamengo no ombro direito, enquanto olhava a paisagem. Até hoje ele não tem consentimento dessa foto. Algum dia, quem sabe, eu mostre à ele.

Gio conversava comigo, enquanto não sabia o que apresentar. Caminhávamos próximas a instituição em que cursamos, já que a professora havia nos liberado ao ar livre para realização da atividade. Junto de nós duas, estavam Pedro e Felipe.

— Acho que vou fazer que nem você, pegar uma foto do meu boy e falar que ele é o motivo da minha felicidade. — Giovanna diz baixinho, ainda sem saber o que iria apresentar — Será que fica muito na cara que te copiei? — pergunta retoricamente e eu caí na risada, assentindo com a cabeça — Faz o seguinte, mostra uma foto sua no Maraca e fala que sua felicidade é o Flamengo, aí eu fico com a ideia do macho. O que acha? Hein, hein, hein? — bate seu cotovelo em meu braço três vezes. A olhei, me perguntando se estava falando sério.

Se bem que ela não estaria errada. Noventa e nove porcento da minha felicidade esse ano tem sido o Flamengo. Não preciso falar dos anos anteriores, não é? Se fosse fotografia do que mais trouxe tristeza até ano passado, apresentaria o clube carioca. Famosa época das “vacas magras”. Mas seria injustiça não citar o CRF no “discurso”. Então, com certeza, terá Flamengo.

Logo atrás de mim, senti um braço rodear meu pescoço. Era o de Pedro, que parecia me cantar desde o início da aula. Aliás, segundo minha melhor amiga, ele me seca desde o começo do curso, lá em dois mil e dezessete. Nunca me liguei, afinal, nos dois anos estive namorando.

— Vai apresentar o que, Dorinha? — Pedro questionou, ainda com o braço em minha volta.

Fiz careta assim que ouvi ele me chamar de “Dorinha”, pois ninguém além da minha família me chama assim. O que esse garoto tá pretendendo?

— Isso não te interessa, tá? — falo em tom de brincadeira, retirando-o de perto de mim.

— Caralho, hein. Mó grosseira. — caminha ao meu lado, fuxicando em sua câmera pendurada no pescoço, como todo o resto da sala — Queria trocar uma ideia contigo, pô.

𝐌𝐘 𝐎𝐍𝐋𝐘 𝐎𝐍𝐄 | 𝐀𝐑𝐑𝐀𝐒𝐂𝐀𝐄𝐓𝐀Onde histórias criam vida. Descubra agora