Capítulo 24

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Sophie Brown

"And God knows, I'm not dying but I bleed now

And God knows, it's the only way to heal now"

My Blood - Ellie Goulding

Olho o celular novamente, preocupada com Ray, ele saiu daqui faz uns 30 minutos para conversar com o pai, apesar de estar com o rosto imparcial para mim, sinto que ele não estava bem. Levanto o rosto, encontrando Carol a minha espreita, me observando com a filha em seu colo, isso me deixa um pouco desconfortável e me mexo no sofá, sentando mais ereta. Carol está ao meu lado, com uma distância respeitável é claro, porém, ainda sim, me sinto sufocada.

O que será que está acontecendo com ele?

Será que tem haver com Marshall?

Ou pior, será que tem haver comigo?

Tenho que confessar que não consigo parar de pensar no que aconteceu lá em cima. Decidi subir para falar com Ray porque eu precisava saber o que aconteceria se nós tivéssemos algo, se dormíssemos juntos, mas então a gente caiu na cama, ele começou a dizer aquelas coisas e eu comecei a flertar com ele de volta, ele beijou meu pescoço, fazendo todo meu corpo implorar por seu toque, eu nem tentei lutar.

Quando Jackson apareceu na cozinha, quase tive uma síncope, eu queria enterrar meu rosto em algum canto de tanta vergonha. Não vergonha por quase beijar ele, mas vergonha por querer demais aquilo, se Maddie não estivesse aqui eu provavelmente teria chutado o traseiro do francês por ter nos atrapalhado. Tudo o que eu preciso é de um tempo, contudo não quero ficar longe dele, nem pensar. Estou me setindo uma idiota por isso, essa indecisão e esse medo de me envolver com ele estão me corroendo. Mas o pior de tudo não é isso, a possibilidade de eu me apaixonar por ele é o que me amedronta, prometi a Lana que deixaria minha guarda baixa se eu encontrasse um amor.

Ray não é um amor, mas é algo, e eu tenho medo de me apaixonar por esse algo que temos.

Ele não é Wells, mas não consigo tirar da cabeça o que aconteceu depois que Wells viu minha mãe surtar, ele foi embora, se distanciou, como se não me conhecesse, e aquilo me quebrou. Acho que era mais fácil se distanciar de mim porque eu era complicada.

- Até que enfim - A madrasta de Ray levanta do sofá junto com a filha, suspirando aliviada. O pai de Ray só dá um aceno rápido para mim e vai para o elevador, seguido por Carol e Maddie. Não consigo ver seu rosto direito até as portas do elevador começarem a se fechar, ele parece bem abatido, como se tivesse chorado um pouco. Carol segura a mão do marido, apertando com força, dando-lhe algum suporte emocional.

Merda, agora não consigo controlar minha curiosidade em saber como ele está, logo olho para o corredor de onde seu pai veio. Com cautela, temerosa de que minha próxima ação o assuste, caminho na ponta dos pés, mas paro no meio do corredor, observando-o através da porta de vidro. Ray está de costas, apoiado no parapeito, e não consegue me ver.

E se ele quiser ficar sozinho? Engulo seco, ponderando comigo mesma o que fazer. Eu posso ir até lá, só para checar, se ele quiser ficar sozinho, vou entender. Quando um trovão ressoa por toda a cidade, dou um pulinho, como eu odeio tempestades. Isso parece trazer ele de volta a realidade, Ray olha por cima do ombro e daí eu vejo, seus olhos estão vermelhos, ele estava chorando.

Pisco novamente, meus olhos ainda não conseguem acreditar no que estou vendo. Meu corpo inteiro paralisa e nós ficamos ali por vários segundos, encarando um ao outro através do vidro, ambos temerosos.

A "Pior" Temporada da Minha Vida: Linha entre amor e ódioOnde histórias criam vida. Descubra agora