Ray Harold
Encaro minhas mãos sujas de sangue trêmulas.
Ela vai ficar bem, tento me convencer mentalmente.
Foram necessários exatamente vinte minutos para minha vida inteira mudar de cabeça para baixo, porque é isso que ela é para mim, minha vida inteira. Os bipes do quarto de hospital soam mais como um toque de necrotério, estou suportando esses sons a mais de duas horas e meia, rezando aos céus para não perder ela também.
Meu telefone vibra em minha mão pela terceira vez, já sei quem é, é a mesma pessoa que está me ligando há dez minutos, meu sogro. Nessa semana, Sophie, para facilitar o contato entre nós dois, me deu o número dele, temos trocado inúmeras mensagens, mas agora ele está me ligando como um desesperado e eu não sei o que falar.
— Você consegue fazer isso — Incentivo a mim mesmo num sussurro, deslizando o dedo na tela — Sr. Brown? — Apesar do meu esforço para manter o tom de voz firme, fraquejo.
— Harold, cadê a minha irmã? — O berro de James me obriga a afastar o aparelho do rosto.
— James! — Protesta Emma — Deixe seu pai falar com ele — Ordena com irritação.
Alguns murmúrios ressoam na linha, suponho que estão todos reunidos depois do desastre.
— Sophie Brown, a agente de publicidade do Cleys e namorada de Ray Harold, após a invasão, do que não são considerados fãs, — Enfatiza a repórter — infelizmente levou uma facada. São poucas as informações que temos, segundo Brian Salles e John Jackson, as devidas providências estão a cargo da polícia e, apenas depois que os responsáveis forem punidos, o time entrará em campo novamente — Ergo os olhos, fitando a TV que mostra cenas do ocorrido no jornal local.
No canto superior da tela, em uma caixa pequena, o vídeo onde eu e Max adentramos o hotel correndo está rolando, é um compilado, este e um no momento que eu saio do prédio com Sophie nos braços. É como um loop infinito que está sendo exibido em todos os jornais.
Que pesadelo.
— A gente precisa ressaltar aqui que o ocorrido dessa noite é extremamente lamentável. Até quando disputas em campo vão prejudicar a vida pessoal dos jogadores?
Ela está certa, aconteceu a mesma coisa no começo da temporada com o outro time, isso vai além do entretenimento, é insano como a insatisfação por um resultado negativo pode acabar com a vida de uma pessoa, tanto a deles, que cometeram uma merda gigantesca, quanto as nossas.
— Nós esperamos que todo o time do Cleys tenham uma boa recuperação física e psicológica, principalmente Sophie Brown.
— Ray — A suavidade no tom de Sr. Brown faz meus globos oculares marejarem.
Cacete.
— Eu sinto muito mesmo, eu prometi cuidar dela e...— Me perco em meio as palavras, fungando como uma criança desesperada — Eu...Ela estava bem, eu juro.
— Ray, você precisa se acalmar.
Tenho escutado muito isso.
Reprimo um rosnado de irritação, eu não quero ficar tranquilo, preciso de notícias dela, ficar parado aqui está custando todos meu neurônios.
— O que aconteceu? — Escuto a esposa de James perguntar.
— Ray, preciso saber o que está acontecendo com minha filha. Consegue me explicar? — Não posso negar o pedido de um pai preocupado.
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A "Pior" Temporada da Minha Vida: Linha entre amor e ódio
RomanceSempre terá uma linha tênue entre ódio e amor Ninguém supera o trabalho que Ray Harold vem dando Sophie Brown desde que ela o conheceu. Além de ter uma carreira brilhante como o camisa 10 do time dos Cleys, Ray Harold também tem o dom de tirar toda...