Ray Harold
Merda total.
Em que momento me deixei convencer que eu era bom nesse lance?
Jesus.
Rolo os olhos pela vidraça do balcão, imerso em cada peça extravagante ali, todas são exatamente o oposto da personalidade de Sophie. Se meu casamento dependesse disso aqui, eu casaria com anéis de papel, nada aqui exala individualidade que minha namorada tem.
Minha namorada.
Deus, estou amando isso.
Essa garota fez em menos de um mês o que ninguém fez em anos, Sophie conseguiu me colocar numa linha, captar minha atenção, me fisgar como um peixinho.
— Temos esses conjuntos — O atendente barrigudo de bigode abre os lados caixa preta, mostrando diversos pares de alianças, um mais pomposo que o outro.
A julgar pelo sorriso dele quando passamos por aquela porta giratória, ele sabe quem somos, ou seja, está ciente que temos bastante dinheiro.
— Não. Ela gosta de coisas simples, delicadas — Tento explicar pela milésima vez.
Ele ergue uma sobrancelha, massageando o queixo com uma mão.
— Esses são os mais básicos que tenho — Tenho certeza de que isso é uma mentira descarada, o mais básico, como ele diz, tem uma pedra de diamante brilhante lapidada em formato de navete.
— Me dá um minuto — Peço, erguendo o dedo no ar, saindo de perto do senhor que está me mostrando anéis a uma hora e meia.
Eu não ligaria de pagar milhares de dólares comprando algo para minha namorada, o problema é que nenhum objeto dessa maldita loja tem a cara dela. Respiro profundamente, desejando que ela estivesse aqui. Meu celular vibra no bolso, fazendo-me suspirar. Pego o aparelho, abrindo um sorriso quando vejo que é ela quem está me ligando; atendo a ligação no mesmo segundo.
— Oi, linda.
— Oi — Uma batida leve de porta ecoa pela ligação, suponho que ela está entrando em sua sala — Nem sei porque estou ligando, só tive um pressentimento de que v...
— Preciso de ajuda — Intervenho, silenciando-a — Estou comprando nossas alianças e, sinceramente, nada aqui parece com você. Eu não quero fazer os caras irem em outro canto, além disso temos vinte minutos para estar no CT — Tudo sai da minha boca numa velocidade 2.0, estou guardando isso a uma hora e meia, sinto que posso surtar a qualquer momento.
— Eu sei.
— Você sabe? — Ecoo, franzindo o cenho.
— Ok. Primeiro você respira fundo — Faço o que ela indica, captando todo o ar que posso em meus pulmões — Está na rede, amor: "Ray Harold é visto na Bespoke Jewellery antes do primeiro jogo da temporada. Quem será a mulher de sorte?" — O seu tom cheio de deboche me arranca uma risada — Eu confio em você, Ray. Sei que vai achar algo que seja perfeito para nós dois. Não se prenda ao que eu gosto, pense numa coisa para nós dois.
Porra.
Eu definitivamente adoro essa garota.
— Muito trabalho por aí? — Tento disfarçar a onda de calor que aquece meu peito, eu achava que não podia ficar mais apaixonado por ela, mas eu estava redondamente enganado.
— Você nem imagina — Choraminga — Preciso ir, tenho uma reunião de última hora...
— Com Wilson? — Pergunto, intrigado. Em dias de jogos normalmente reuniões são adiadas.
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A "Pior" Temporada da Minha Vida: Linha entre amor e ódio
Roman d'amourSempre terá uma linha tênue entre ódio e amor Ninguém supera o trabalho que Ray Harold vem dando Sophie Brown desde que ela o conheceu. Além de ter uma carreira brilhante como o camisa 10 do time dos Cleys, Ray Harold também tem o dom de tirar toda...