8464 Palavras
Ouvindo o forte ruído de mais um trovão reverberando assustadoramente pelo céu, pela janela olho a tormenta que começou de repente e já dura horas sem parar, junto aos ruídos de uma intensa ventania.
A densidade dessa tempestade é tamanha que, mesmo ainda sendo quatro da tarde, parece já ter anoitecido, e é difícil enxergar algo do lado de fora de casa. Mesmo assim, ainda é possível escutar o portão de casa sacudindo violentamente com os fortes ventos, e consigo ver as copas das árvores sacolejando e várias folhas são carregadas pelas ondas de vento.
É inacreditável que isso tudo pode estar sendo causado por uma única criatura.
Bato os dedos no encosto do sofá repetidas vezes, esfregando uma mão pelo rosto levemente, enquanto assisto Mel terminando de saborear seu segundo pote de sorvete que comprei pouco antes de chegarmos em casa.
Havia prometido a ela que poderíamos tomar sorvete, mas desde a aparição do Cara do Casaco, e toda essa tempestade repentina, precisamos voltar para casa às pressas. Ainda assim, me permiti aproveitar um pouco do sorvete de flocos que a pequena me ajudou a escolher, e é simplesmente muito saboroso.
Eu adoraria comer um segundo pote de sorvete, mas não estou tão disposta para isso, ainda mais com tudo que está acontecendo lá fora, e Klauss ainda não voltou para casa.
Dou um suspiro, erguendo a cabeça e fitando o teto. Será que estamos seguras aqui?
- Mika? – Ouço Mel me chamar e me trazendo de volta dos meus pensamentos. Olho para a menina, que ergue uma folha para mim, com algumas coisas desenhadas – Olha o que fiz!
Levo alguns segundos olhando os traços feitos pela criança, sendo três pessoas de mãos dadas, que facilmente identifico. Uma pequena com cabelos loiros e outras duas maiores, essas tendo um par de asas cada uma.
- Somos nós? – Pergunto e Mel assente. – E esse aqui?
- É o Klauss, olha. – Mel pula para o meu lado no sofá e me aponta do desenho do Klauss – Ele está todo de branco e está com o rosto de bravo, igualzinho o Klauss.
Dou um sorriso, abraçando a criança de lado – É verdade, está igual o Klauss.
- Ei Mika, por que o Klauss está sempre tão bravo? – Mel diz de repente e ergo uma sobrancelha – Ele sempre está com um rosto bravo, ele é bem quietinho as vezes, nunca vi ele rindo, e está sempre lendo bastante. Mas não sei se ele está bravo mesmo porquê ele nunca deu bronca em mim, nem em você.
- Ele não está bravo Mel, o Klauss é assim. Alguém que só é bem calmo e muito sério. – Digo, afagando seu cabelo. – Ele era bem mais sério que isso.
- Como ele era? – Mel pergunta curiosa.
- Klauss era assustador, ele era muito mais fechado e nem sorria direito. – Digo relembrando as primeiras vezes que nos encontramos, e o pavor que ele me causava simplesmente ao aparecer – Mas fomos nos conhecendo, e o Klauss foi ficando mais leve...
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Aurora de Sangue
RomanceDistante dos olhos dos humanos, o anjo cumpriu seu papel. Sempre que seu trabalho foi feito, os humanos se encantavam, mas nunca o encontravam. Por diversos anos, ele os observou, mas nunca se aproximou. Mas a curiosidade o instigou, e assim ele vo...