2811 Palavras
Retorno ao meu quarto e fecho a porta atrás de mim de uma vez, finalmente me permitindo respirar para repor meu fôlego perdido, e sentir o cansaço recair em mim depois de retornar às pressas ao submundo.
Minhas pernas queimam por ter caminhado tão rápido, e consigo sentir o suor caindo pelo meu corpo, me causando um grande desconforto, mas pelo menos agora, sei que posso me acalmar.
Sei que não precisava de tanto, só ter alcançado a fenda de volta já seria o bastante, mesmo assim, a sensação de que Klauss poderia me encontrar a qualquer instante mesmo aqui no submundo foi tão grande, que só conseguiria me sentir tranquila quando retornasse.
Observo meu quarto, recém iluminado pela luz automática. Encaro o espaço tomado pelo silêncio por alguns segundos, e encostando a cabeça na porta atrás de mim, encaro o teto, sem saber o que é essa estranha sensação em mim.
Tomada pelo cansaço, avanço pelo quarto e me jogo no sofá cama, e com um suspiro de cansaço me escapando, deixo meus olhos fecharem e meu corpo finalmente relaxar depois de um dia tão maluco como foi hoje.
Mesmo com o corpo exausto e querendo mais do que tudo descansar até amanhã, a imagem de Klauss surge em meus pensamentos por mais uma vez. Já nem sei quantas vezes pensei nele, foram tantas que perdi as contas.
É impossível não pensar... Não lembrar de como foi esse rápido dia, de sua companhia inesperada, do que pude experimentar e conhecer tendo sua companhia, dos olhares dele e da intensidade que eles continham... Da sensação estranha e tão agradável que eles me causaram.
Sem contar com a vontade de continuar olhando para ele, de continuar desfrutando de sua companhia que no fim, não foi ruim. Na verdade, foi boa, muito boa, e gostaria que se perpetuasse por mais tempo, e me permitisse ter mais das sensações que me causou.
O que está havendo comigo?
Não deveria estar pensando nisso, muito menos me sentindo dessa maneira. Tudo que eu queria era conhecer e ver mais coisas do mundo humano, saciar minha curiosidade, e coincidentemente Klauss também estava lá. Foi apenas isso.
Não tenho motivos para pensar tanto no Klauss ou nas sensações estranhas que ele causam.
Não existe nada que justifique eu me sentir assim, nem nada de tão especial que cause tais sensações, então eu poderia apenas ignorar e principalmente, esquecer.
Aquele anjo desconfia de mim, e unicamente por esse motivo, Klauss esteve me acompanhando todo o tempo. Apenas para me observar, e se certificar de que eu não faria nada de errado.
Mesmo que eu deseje me convencer disso, ainda assim deixo escapar um sorriso de origens desconhecidas, mas ainda assim sincero. Talvez no fundo, eu tenha gostado da companhia dele.
*****
Desperto escutando algumas batidas na porta, e preguiçosamente sento-me em meu sofá-cama.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Aurora de Sangue
Roman d'amourDistante dos olhos dos humanos, o anjo cumpriu seu papel. Sempre que seu trabalho foi feito, os humanos se encantavam, mas nunca o encontravam. Por diversos anos, ele os observou, mas nunca se aproximou. Mas a curiosidade o instigou, e assim ele vo...