7755 Palavras
Meus olhos pesam e tenho dificuldade em abri-los, tendo um calor familiar não só em torno de mim, mas até mesmo dentro do meu corpo. Percorro minhas mãos ao redor, mas nada alcanço, mesmo meu corpo parece não tocar nada nesse momento, é como se estivesse suspensa no ar.
Abro meus olhos, piscando algumas vezes antes de conseguir de fato enxergar qualquer coisa em torno de mim. Estou em um quarto vazio, tendo uma aura dourada envolvendo meu ser, e não demoro muito para me dar conta que estou em casa.
Avanço pendendo meu corpo para frente, de forma que a aura vai soltando meu corpo devagar até meus pés tocarem o chão novamente, e esticando bem meus braços me espreguiço, aproveitando da sensação revigorante que percorre meu interior.
Mas por que eu estava dentro da aura? Não me recordo de ter me ferido, a ponto de precisar ser colocada na aura.
Deixo o quarto e, percebendo como a casa está quieta, sigo pelo corredor até o quarto da minha pequena, espiando dentro pela porta entreaberta. Mel continua dormindo, deve ser bem cedo, então ainda não irei acordá-la.
Encosto a porta novamente e faço o caminho de volta, descendo para a sala, sinto um agradável aroma de café no ar, que faz minha boca encher, mas a visão que tenho me pega desprevenida, que chego até a paralisar no lugar.
No sofá, encontro Layla sentada de lado em uma das pontas, com seu braço esticado sobre o encosto do sofá e ou outro sobre o colo, e seu rosto deitado sobre o ombro. Com a cabeça deitada sobre as pernas do anjo, vejo Nick, com seu corpo completamente amarrado por fios de graça. Ambos estão dormindo.
Na poltrona logo a frente, sendo minha maior surpresa, encontro Klauss também adormecido. Seu corpo está relaxado na poltrona, um livro aberto caído sobre sua barriga, que imagino ter escapado de suas mãos em algum momento, e as pernas pouco esticadas.
Mas os anjos não sentem sono. O que será que houve?
Me aproximo de Klauss, abaixando em seu lado e apoiando o rosto sobre as mãos, me perco olhando seu rosto. Apesar de já ter imaginado isso algumas vezes, não esperava vê-lo dormindo alguma vez, e não consigo não ficar surpresa em vê-lo assim... E o acho bonito, é uma calma diferente da que sempre presencio nele.
Seu rosto adormecido tem uma serenidade diferente, única, como não encontro em outros momentos. Klauss parece tão tranquilo, que não tenho vontade de acordá-lo agora, acho que poderia deixar ele assim, só por mais alguns minutos.
Mas não nego estar curiosa com o motivo que fez não só Klauss, mas também Layla e Nick dormirem na sala, por isso toco devagar em seu braço – Ei... Klauss, acorda...
O balanço devagar e insisto um pouco, mas o anjo não acorda. Ele apenas resmunga baixinho.
Lembro-me do aroma de café recém preparado que senti momentos atrás, e ergo meu olhar a cozinha. Me atentando um pouco, percebo que existe uma sombra projetada no chão. Estranho isso e, me erguendo devagar, vou verificar o que se trata.
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Aurora de Sangue
RomanceDistante dos olhos dos humanos, o anjo cumpriu seu papel. Sempre que seu trabalho foi feito, os humanos se encantavam, mas nunca o encontravam. Por diversos anos, ele os observou, mas nunca se aproximou. Mas a curiosidade o instigou, e assim ele vo...