3196 Palavras
Me estico preguiçosamente no sofá, buscando por uma posição confortável para mim, e assim que a encontro, me ajeito devagar, passando meus braços em torno do corpo de Klauss, aproveitando tanto seu calor como também da nossa proximidade.
Ele se sentou no sofá maior hoje, e não em sua poltrona, e levou dois livros consigo. Pelo jeito, os livros são sequencias, e ele está disposto a encerrar um e já iniciar o outro logo em seguida.
Estou no meu segundo livro, mas a história desse é mais parada que a do primeiro. Até estou perto de terminar minha leitura atual, peguei o livro hoje e iniciei, mas estava com tanta preguiça que deixei de lado pouco depois.
Percebendo isso, Klauss me convidou a deitar em seu colo, e um pouco sem jeito, eu o fiz, e assim fiquei até então.
Achei esquisito de começo. Bom, mas esquisito. Melhorou muito quando Klauss pousou sua mão sobre meus cabelos, e senti seus dedos moverem devagar, em um carinho tão suave que não teria como não gostar, e pouco a pouco fui relaxando, sentindo meu corpo adormecendo, até o momento em que o abracei e não quis mais sair daqui.
Percebo o movimento lento do anjo, e sua mão descendo ao meu ombro devagar. Aos poucos, abro meus olhos e os ergo a ele.
- Desculpe, te acordei? – Ele pergunta sussurrando.
- Não, tudo bem. – Digo com um pequeno sorriso e a voz carregada pelo sono, e me ajeitando para vê-lo melhor.
- Preciso ir para a cidade. – Ele diz calmamente – Tenho que observar como estão as coisas.
- Por que? – Sussurro manhosa – Tem outros anjos na cidade, né? Eles podem cuidar de tudo... Fica aqui?
Percebo a hesitação no olhar âmbar do anjo. Sua feição poucas vezes se abala, onde mais que somente a calma absoluta se manifesta em seu rosto, mas essa não é uma dessas vezes...
Mas não são suas expressões que entregam o que Klauss sente, sempre sei o que o anjo pensa e sente pelo seu olhar. O profundo olhar dele me diz coisas que sua voz não pronuncia, e com isso tenho a certeza de sua sinceridade, como foi ontem com o brigadeiro... Eu entendi que ele já havia experimentado, mas de alguma forma, foi uma primeira vez para ele, e isso eu sabia ser sincero.
E no agora, seu olhar me diz que ele está dividido entre ir e ficar.
- Não posso. – Ele diz finalmente – Mesmo com outros anjos, ainda sou o responsável por proteger a cidade. Até segunda ordem, não posso contar com os outros anjos.
Assinto devagar e me levanto devagar, mas não escondo minha careta manhosa, que não passou despercebida por ele.
O anjo caminha pela sala, abrindo suas asas devagar, quando volta a me olhar. São poucos segundos, mas já sinto a falta da forma como estávamos, e sinto necessidade de ter seu corpo junto ao meu de novo.
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Aurora de Sangue
RomansaDistante dos olhos dos humanos, o anjo cumpriu seu papel. Sempre que seu trabalho foi feito, os humanos se encantavam, mas nunca o encontravam. Por diversos anos, ele os observou, mas nunca se aproximou. Mas a curiosidade o instigou, e assim ele vo...