Forgive Me.

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Agatha Rouge Samirez

Me revirei em cima da cama enquanto lentamente tomava consciência depois de uma bela e pacífica noite de sono, a primeira da semana a não ser passada em uma sala de espera num hospital.

E me surpreendi ao ter a visão do meu mais novo marido. Analisei seu estado. Segurava o travesseiro com os braços embaixo do mesmo, sem camisa, seu cabelo desgrenhado e a cara amassada.

— Bom dia.

Tomei um susto com sua voz, não esperava que ele estivesse acordado.

— Bom dia.

Me arrumei e agarrei mais o travesseiro. Respirei fundo e o encarei, senti os resquícios de mágoa em meu olhar quando lembrei que ainda não havia se desculpado por ser tão cruel comigo. De ser tão cru e realista.

— O que aconteceu? — perguntou. Será que eu sou uma idiota? Por falar que amo o cara que nem mesmo se desculpou por me chamar das coisas mais dolorosas de se ouvir. Ele não me xingou como se eu fosse uma pessoa horrível. Não. Ele usou palavras pequenas como agulhas e foi remexendo nas minhas feridas até um sangramento constante ter saído delas.

E ele não fez nada pra o parar.

Continuo sangrando até agora.

— Agatha?

— O que aconteceu? Acha mesmo a pergunta certa a se fazer? — franzi o cenho, Joseph me encarava completamente perdido — Quer dizer, tudo aconteceu. Seria mais fácil perguntar o que não aconteceu. — bufei — Casamos, brigamos, mudamos de casa, brigamos e transamos logo em seguida, brigamos de novo, fomos surpreendidos pela bala no peito do seu irmão, eu virei a acusada, todos se viraram contra mim, você pegou raiva de mim, me xingou, eu me expliquei, você entendeu, você falou que me ama e eu falei que te amo. E até agora você não pediu desculpas.

— Você fez parecer que em todas as brigas eu não me desculpei.

— Mas você se desculpou?

Ele piscou várias vezes e eu fiquei em silêncio enquanto ainda o encarava.

— Foram raras vezes que ouvi a palavra desculpa saindo da sua boca. Se não tiver sido só uma.

— Me desculpa.

— Agora não tem mais efeito. — deitei de barriga pra cima e olhei o teto — Você só está se perdoando porque eu falei que senti falta do seu perdão. Mas você com certeza não iria se perdoar comigo.

Ele também virou pra encarar o teto.

— Oque você quer que eu faça? — disse baixo — Eu nunca amei alguém. Não nessa intensidade que estou te amando. É difícil agir certo em uma situação que não sabe como é.

— Isso... Não justifica. — respirei fundo — Eu também nunca amei alguém dessa forma e mesmo assim não estou agindo como você. — esfreguei as mãos no rosto e me sentei na cama.

— Agatha...

— Você jogou na minha cara oque eu estava adiando pra perceber. Me chamou de estúpida sem mesmo vociferar isso. — me levantei e o encarei — Você sabe que errou feio. E você sabe que vou acabar te perdoando, mas isso não vai acontecer de um dia pro outro. Eu sei que falei que amo você ontem, mas é verdade. Eu te amo, mas amar e perdoar são coisas totalmente diferentes. — digo por último e vou em direção à suite do quarto.

O Mafioso de Las VegasOnde histórias criam vida. Descubra agora