O Mafioso de Las Vegas

Skyfall

Agatha Rouge Samirez

— Tudo bem garotinha, só mais dois dias com esse curativo e depois vai estar cicatrizado. — sorri pra menininha de cabelos crespos.

Me virei pra mãe, que por sinal prestava atenção no que eu estava fazendo.

— Olha mãe, peço que não a deixe molhar demais o curativo, nesse meio tempo pode entrar algumas bactérias por conta da umidade e acabar levando a uma infecção na ferida. — ela assentiu
— E por favor, quando for tirar, tire com cuidado e não coloquei mais nenhuma cobertura sobre a lesão, a pele tem que respirar pra poder se recuperar mais rápido. — expliquei e no final sorri, a mãe tocou o ombro da menininha e vi as duas saírem da sala onde eu estava.

Suspirei e cocei minha nuca. Havia esquecido como era a correria do hospital.

Sai da sala e fui direto ao balcão mais perto pra poder checar as fixas dos pacientes que não foram atendidos ainda.

— Tem uma aventura pra você no quarto 34. — uma das meninas da recepção soltou e eu olhei em direção ao corredor que dava a esse quarto.

— Nenhuma informação?

— 27 anos, forte, alto e com tudo certinho correndo na veia. Vai ser fácil cuidar dele. Mas se surpreenderia com o que trouxe ele até aqui. — riu e eu franzi o cenho. Agarrei a ficha do quarto 34 e segui em direção ao corredor.

Caminhei rápido entre os vários médicos e enfermeiros e finalmente cheguei na porta 34, havia pelo menos quatro pessoas olhando pela janela do quarto.

— Com licença...

Entro no cômodo e observo a situação mais do que inusitada pra mim. Inacreditável. Me aproximo da maca e cruzo os braços.

— Pode me explicar isso? Consegue falar?

Antes do homem abrir a boca, um médico entrou no quarto já com alguns exames na mão.

— Como você conseguiu passar ele no raio-x desse jeito?

— Não foi tão difícil assim, eu só...— o médico que agora sabendo pelo seu crachá que se chama Eddie, ergueu os olhos pra mim e parou de falar por alguns segundos, limpou a garganta e voltou a olhar pros exames — Enfim, não importa.

— Senhor Culliman, como você conseguiu cravar dezenas de palitos de dentes em seu corpo? Você está repleto, dos pés à cabeça. — o questionei, enfiei a mão no bolso do jaleco e peguei a lanterninha pra examinar seus olhos.

— É uma longa história.

— Você sente dor? — Eddie perguntou.

— Não, só, como se tivesse várias pessoas tirando sangue de mim. Só dói quando eu me movo. — disse.

Havia quase uma centena de palitos enfiados em sua barriga e peitoral, eu só não compreendia em qual situação um ser humano poderia ficar assim. Suas pernas estavam do mesmo jeito, os pés estavam livres e a cabeça também, porém o pescoço estava ameaçado.

— Boa parte dos palitos estão metade pra dentro, metade pra fora. Não é só a ponta deles, é quase a metade. Se tirarmos de qualquer jeito, podemos causar micro hemorragias que podem se juntar e levar a uma hemorragia séria e grave. — Eddie explicou.