Capítulo 03

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Fiquei tão sem ação que ele levantou as sobrancelhas, esperando que eu
dissesse algo, como não disse, fiquei feito uma retardada na porta, Maite
veio em meu socorro, me puxou de leve para um lado e o convidou pra entrar.
Senti o ar sair dos meus pulmões. Eu estava prendendo a respiração????
Que ridícula!!!
Espera! O cara culto da livraria era um garoto de programa??? Meu Deus!
Esse mundo tá perdido!

— Oi, me chamo Maite, essa é a Anahí. Senta aí. — Maite indicou o sofá e ele sentou justamente onde ela havia escondido o spray.
Ele se recostou e sentiu algo o incomodando, puxou a lata de inseticida e fez uma cara de “ eu hein”, deixou a lata no chão, ao lado dele e ficamos super sem graça.
Estava tão bem vestido, uma calça social cinza matizada, sapato social
preto, camisa polo da Lacoste preta, relógio de prata, quando passou por
mim senti um cheiro bom, tinha quase certeza de que era um perfume Giorgio Armani, mas sei lá, estava tão desorientada de ver o cara ali que me perdi nos pensamentos.
Me sentei na poltrona de frente pra ele, Maite no sofá, mas na outra ponta.
Ele ficou com pena da gente e começou a falar, parecia que era ele quem
estava nos contratando!

— Podem me chamar de Alfonso. Então meninas, qual de vocês precisa dos
meus serviços?
Levantei a mão meio envergonhada, Deus!!!! Voltei pra sexta série!
— Tá, é... Ana...
—  Ana. — corrigi. Que mania que as pessoas tinham de trocar meu
nome por Ana, nada a ver!
— Tá legal, desculpe, Anahí. Quando você disse sem vaginal, oral ou anal, o que tinha em mente? Ir em algum evento com você? É isso?
— Isso.
— E, você não tem namorado? — ele parecia incrédulo, enquanto
gesticulava, era tão desenvolto...
— Nnnnão.
— Eu já vi que essa conversa vai ser longa. Posso? — ele indicou o pequeno bar que tinha próximo a televisão.
Fiz que sim com a cabeça e ele foi lá, se servir, como se estivesse em casa!
Maite abriu a boca mais uma vez e abriu as mãos também, fazendo mímica, “ nota dez” mexeu os lábios.
— Anahí, toma alguma coisa comigo? — ele estava me oferendo minhas
bebidas?? — Maite? — ela fez que não, ele me olhou esperando eu responder.
— Uma tequila. — eu estava aceitando??!! Ai meu coração tinha que parar de pular daquele jeito!
Ele se serviu de uma dose de Absolut e misturou com alguma outra coisa, voltou com os copos, me entregou um, agradeci e ele os bateu num brinde mudo.
Voltou a se sentar, visivelmente mais relaxado, de pernas cruzadas.
— Que tipo de evento é?
— Meu namorado vai casar com o padrinho do meu ex irmão...
Alfonso virou o rosto confuso e Maite deu uma gargalhada, só então percebi as asneiras que estava falando. Segurei a boca e arregalei os olhos, que desastre!
— O irmão dela vai casar, e o ex namorado vai ser o padrinho, mas ele está namorando uma moça linda, que foi nossa amiga de faculdade.
— Mas ela não se formou! — precisava dizer aquilo!
— Tá bem... Por quanto tempo vai precisar de mim?
— O casamento vai ser no feriado em Setembro. — Maite continuou
respondendo por mim.
— Mas tem tempo daqui lá. Anahí. — ele me chamou.
— É que haverá uns eventos, ensaio de casamento, coquetéis, chá de
panela e... e... seria estranho...
— Se você aparecesse no dia casamento, do nada com um namorado. — ele pega as coisas rápido.
— É.
Ele deu um sorriso aberto, lindo.
— Gosto desse seu “é”.
Olhei pra Maite e ela envergava a boca pra baixo, um sinal de afirmativo surgia discretamente em sua mão direita, escondidinho dele.
— Escuta, Anahí, a gente não se esbarrou na livraria na terça-feira, acho?
— É. — outra vez esse maldito “ é”, mais parece um pedido de desculpas!
Droga!
— Você é o cara da livraria? — Maite estava boquiaberta — Tá explicado!
— O que? O que tá explicado? — ele olhava curioso pra ela, que me olhava
e eu fazendo que não, ele me olhou e olhou de volta pra Maite, os olhos se
apertando um pouco, a cabeça levemente inclinada... Espera aí! Ele estava seduzindo minha amiga?
— Ela comprou um livro qualquer só pra ir pra fila atrás de você. — ela falou!
Falou? Quase cuspiu a frase inteira!
— Jura, Anahí? — Senhor!!! Cadê um buraco pra eu me enfiar??!! — Pensei que só quisesse ver o meu livro.
Agora minha boca abriu de vez. Ele percebeu! Que merda do caralho!
— Eu... eu... — bebi a tequila de uma vez!
— Como não perceberia, você estava “lendo” uma revista de ponta cabeça.
— escondo meu rosto em uma das mãos — Por isso deixei você matar sua
curiosidade, claro, depois de ficar brincando um pouco com seus
contorcionismos.

Ele ria livremente da minha cara, estava absolutamente à vontade, que
homem é esse??

Ele mordeu o lábio antes de continuar falando.
— Mas achei bonitinho.
Eu ri um sorriso amarelo.
Então ele olhou no relógio, suspendeu as sobrancelhas e se levantou,
instintivamente me levantei também. Alfonso deixou o copo no bar e se
dirigiu à porta. Pelo menos consegui ir até ele e abrir a porta.
— Maite, prazer em conhece-la. Débora, como no seu caso não tem sexo,
são trezentos Reais por dia ou obviamente cento e cinquenta por meio período de evento, você tem meu telefone, se resolver alguma coisa.

Se aproximou de mim, era bem mais alto que eu, cheiroso demais, segurou
no meu queixo me olhando nos olhos, pensei que fosse me beijar, meu
coração pulando feito louco no peito! Fechei os olhos.
Alfonso se inclinou, deixou um beijo em minha bochecha pegando uma
pontinha ínfima dos meus lábios, senti meu ventre contrair no mesmo instante.
— Tchau.
— Tchau. — ele se foi, fechei a porta.
Maite me olhava com as mãos tapando a boca aberta. Arrastei meu corpo
até o sofá e me sentei. O cheiro dele ficou na almofada, fechei os olhos
inalando.
— Esse cara, não é de agência, não sabemos nada sobre ele, mas se você
não ficar com ele, juro que fico! Dou meu salário inteiro na mão dele!
— Nem sei o que dizer.

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora