Capítulo 37

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Li e reli, Miguel A. Herrera Rodriguez – Diretor Comercial.
A moça loirinha e miúda que estava sentada próxima à porta pigarreou e me virei para encara-la.
As sobrancelhas levemente arqueadas e um sorriso sutil nos lábios rosados,
esperando que eu dissesse algo.
— Ah! É, Anahí Puente e, ele me mandou vir. — consegui transparecer
uma falsa calma.
— Ah sim, senhora Anahí,  a nova supervisora comercial... Sou Sabrine.
Seja bem vinda!
— Obrigada. — não por muito tempo, preciso dar o fora desse lugar o quanto
antes!
— Pode entrar, o senhor Herrera aguarda. — Senhor Herrera,  humpf. Tarado, doente! ...Pelo menos Sabrine era engraçadinha, falava
como uma mocinha adolescente. (Mas não do tipo idiota... só... ah! Dá pra
entender!).
Entrei sem bater.
— Com licença Alfonso, mand...
— Sente-se senhora, Anahí. — me interrompeu.
Meu coração batendo na garganta.
Alfonso estava atrás de sua mesa com um monte de papéis na mão, não se
parecia em nada com o Alfonso, na verdade aquele cara de terno grafite e camisa preta era o senhor Miguel, Nossa, Miguel...
Aquelas roupas que ele usava, eram do trabalho, com a lembrança dele me
encontrando pela primeira vez no bar do centro um sorriso debochado
escapou pela minha boca. Ainda estava bem nervosa e meus joelhos batiam um no outro com frequência, não sabia o que fazer ou como agir.
Era tudo tão estranho e surreal, não conseguia acreditar.
Alfonso levantou os olhos por um instante me encarando, meu peito ardia, meus joelhos tremiam e minha boca ficou seca. Depois do que pareceu um século, voltou sua atenção aos papéis. Respirou fundo, passou a mão nos olhos com o polegar e o indicador, parecia exausto.
— A senhora perdeu a palestra. — merda, senti falta da voz dele, segurei
aquele nó estranho na garganta, aquele que antecede o choro — Estes, são os
documentos dos contratos que as empresas chilenas enviaram — esticou as mãos para que os pegasse, ele segurou os papéis por mais tempo que o necessário
então largou de repente — como pode ver são duas empresas sólidas, entretanto preciso que faça suas considerações sobre os riscos de assinarmos os contratos, assim como estão.
— Sim... sim senhor. — não precisava ter me pedido isso, mas se ele
queria agir assim... fingindo que nunca me viu antes... faria o mesmo! Por mais que me doesse.
— É só.
— Com licença. — então me lembrei de uma coisa e me virei já próximo à
porta, — Ah! Alfonso... — freei na mesma hora, ele estava me olhando,
respirei fundo e prossegui — desculpe, Miguel, precisa dessas informações para quando?
Ele olhou para o relógio em seu pulso, olhou para a janela enquanto
tamborilava o dedo no queixo.
— Quarenta minutos.
— Quarenta minutos??
— Isso. Tenho certeza da sua capacidade, me surpreenda positivamente, dessa vez.
Abri a boca para protestar e ele me indicou a porta com a mão, me negando a chance de falar.
Dá pra acreditar nesse cara?? “me surpreenda positivamente, dessa vez.

Engoli aquele choro idiota e andei apressada até minha sala e no caminho chamei Ricardo e Gabriele, a quem me foi apresentada como a funcionária
mais antiga do setor.
Contei a eles que o senhor Miguel precisava de uma resposta rápida
quanto aos riscos de cada contrato. Pedi desculpas ao Ricardo, para que não
pensasse que estava passando por cima dele e seguimos com o trabalho.
Fiquei com um dos contratos junto com Gabriele e Ricardo assinalando o
outro.
Discutimos sobre os pontos em cada um e trocamos os contratos, achei mais
algumas coisas que não poderiam passar despercebidas e em trinta minutos estávamos com os contratos prontos.
Os peguei e praticamente corri até a sala do Alfonso, então a adorável
secretária disse: Ele saiu pra almoçar, assim que voltar lhe chamo.
Filho da puta!
Voltei pra minha sala e só de sacanagem scaneei os documentos, os
compactei e enviei por e-mail.
Pronto! Babaca!
Cara, ainda estava fora de mim com aquilo tudo, parecia uma piada sem
graça!
Por que um cara como ele se prostitui ou se prostituía? Essa pergunta não
saía da minha cabeça! Um pervertido fetichista! Não havia outra explicação!
Segui desnorteada durante todo o dia, tentando me concentrar no que fazia,
a cada vez que me lembrava de algo era como montar um quebra cabeças, os compromissos inadiáveis, a viagem ao Chile, falar de DFP! Os telefonemas
que o deixavam tenso...
Ainda não conseguia entender! Seria tão mais simples que me contasse a
verdade de uma vez!
...
“— Tá. Mas pelo menos me diz se o seu nome é mesmo esse.
— É.... é? É.
— Isso foi ridículo Théo.
E lá estava ele rindo de mim mais uma vez.”
...

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora