Capítulo 06

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Primeira coisa depois do banho e foda-se que eram seis da manhã! Ligar
para o Alfonso.
Mas o filho da puta deixou o telefone desligado! Desgraçado! Ai, minha
cabeça doía tanto! Acho que bebi muito além do que supunha.
Encontrei com Maite no elevador do prédio em que trabalhávamos no Centro do Rio, estávamos ambas com um copo de café em punho e óculos escuros pra cobrir a vergonhosa ressaca.

— E aí? Deu?
— Bom dia pra você também, Maite.
— Bom dia é o caralho, ele te comeu ou não?
— Não... sei.
— Como é? Ouvi direito?
— Não sei, tá legal? Não sei!
— Tá me zuando né?
— Ah antes estivesse... — passei a mão nos cabelos, estava aflita.
— Que perigo, Anahi!
Descemos no nosso andar e andamos em silêncio até nossas mesas.
— E você acha que eu não sei? Tô aqui em pânico!! — gritava em sussurro,
tentando conter meus maiores medos.
— Esse pessoal pode ter Aids! Gonorreia! Sifilis! HPV... — ela também gritava em um sussurro abafado
— Já entendi, Maite! — minha voz saiu um pouco mais alta que o planejado
— Já entendi porra!
— E a gente nem pensou em pedir um teste desses de DST!
— A gente? Eu, você quer dizer! Além do mais nenhuma de nós duas
pensou em mais nada depois que ele entrou lá no meu apartamento!
— Lembra que você disse que ele perguntou se era pra fazer com homem ou mulher? Então... Ai amiga, que merda! Que merda!
— Que cu! Tô fudida! Pior que acordei nua!
— Que merda! Que merda!
— Com a xereca molhada — praticamente fiz mímica pra dizer aquilo.
— Que merda do caralho! E agora? Já tentou falar com ele?
— Claro! E só escuto aquela vagabunda dizendo que minha chamada será
encaminhada para a caixa de mensagens!
— E estará sujeito a cobranças após o sinal... — Maite completou fazendo
graça com a minha desgraça — E tá faltando alguma coisa na sua casa?
— Não! Tudo ok. — respirei fundo, apavorada — Não sei o que fazer!
— Liga agora pro laboratório e pede um exame completo de urgência!
— Sem a prescrição médica?
— Alooow! — Maite mostrou um papel de Atestado de Saúde Ocupacional.
Foi exatamente o que fiz, politicamente incorreta, utilizei um dos contratos
com um laboratório e fui fazer o exame, próximo ao primeiro local onde nos encontramos, na rua do Ouvidor, confesso que fiquei andando meio que
procurando por ele, mas é óbvio que não o encontrei.

Assim que pisei fora do laboratório meu celular tocou. Atendi de imediato.
— Alfonso!
— Nossa! Bom dia! Quanta saudade... — ele estava sendo sarcástico!
— Alfonso, pelo amor de Deus o que aconteceu?
— Como assim o que aconteceu? — ele parecia ofendido!
Ai que merda! Ele me comeu e o pior é que eu nem lembro!
— O que aconteceu com.... a gente...
Ele deu um tempo do outro lado, o que me deixou ainda mais nervosa.
— Anahí, você usa pílula?
— O que??? — tenho plena consciência de que dei um grito no meio da Avenida Rio Branco
— Perguntei se usa pílula, afinal você está no seu período fértil.
— Como assim eu tô no meu período fértil? Seu maluco! Você... você...
er... dentro?
Mentalmente e no meio de toda aquela confusão de pensamentos, fiquei
tentando lembrar de uma farmácia próxima! Pílula do dia seguinte!
Finalmente ele teve dó e se pôs a rir com vontade!
— Fica calma, é brincadeira.
— Que parte? Foi fora pelo menos? Você usou camisinha? A gente...
— Anahí. Anahí! Não aconteceu nada.

Me deu um alívio imediato, senti meu corpo flutuar e de repente bater com
tudo no chão ilusório dos meus pensamentos.
— Por que não aconteceu nada? Se acordei nua! Por acaso eu sou
indesejável?
— Não mesmo... Foi deveras um esforço sobre humano não enfiar a pica na
sua boceta. — ui! Primeiro ele fala todo polido pra depois mandar esse
linguajar
chulo.
Me deu um alívio imediato, senti meu corpo flutuar e de repente bater com
tudo no chão ilusório dos meus pensamentos.
— Por que não aconteceu nada? Se acordei nua! Por acaso eu sou
indesejável?
— Não mesmo... Foi deveras um esforço sobre humano não enfiar a pica na
sua boceta. — ui! Primeiro ele fala todo polido pra depois mandar esse
linguajar chulo.
— Então... por que... por que...
— Nós temos um acordo comercial, senhorita, não um encontroromântico.
sabe balde de água fria? — Portanto, seria no mínimo ante ético daminha parte usufruir do seu maravilhoso corpo por puro prazer, meu prazer, já que a senhorita estava praticamente morta.
— Não aconteceu nada. — constatei num misto de surpresa, tranquilidade e contraditoriamente inquietação e frustração.
— Não mesmo. Mas pensando muito sobre o assunto, lembrei-me de algo
imprescindível, um exame de sangue, estou à caminho do laboratório
resolver esta questão, espero que faça o mesmo. Para o caso da senhorita aditar nosso contrato com novas cláusulas.
— Engraçado, o senhor, falar disso, pois foi exatamente o que acabei de
fazer! — atravessei a rua quando o sinal fechou para os carros.
— Excelente.
— Excelente. — remendei o jeito dele falar.
— Não se esqueça dos meus cento e cinquenta. Mandei um sms com a
agência e conta em que deve depositar o valor, pelo que vi na sua carteira, é
o mesmo banco. Faça a transferência ainda hoje, para que possamos prosseguir com nosso acordo.
— Sem dúvida farei.
Dá pra acreditar nisso? Esse cara é muito louco mesmo!

Me joguei na cadeira de rodízio e ouvi as rodinhas da cadeira de Maite
deslizando pelo carpete.
— Que cara é essa?
— Alfonso ligou.
— Ai meu Deus, vocês fizeram? Ele tem alguma doença? Você tá grávida!
— Para de falar besteira! Não aconteceu nada.
— É? Por que não?
— Seria “ ante ético”.
— Vixi! Amiga, esse cara é um profissional do sexo e leva isso muito a
sério.
— Percebi.
— Mas você não parece muito contente com isso.
— Ah! Sei lá...
— Anahí, você tá apaixonada pelo Alfonso?
Apaixonada pelo Alfonso... apaixonada pelo... apaixo...
— Não! Tá maluca!
— Olha nos meus olhos!
Nos encaramos, eu com cara de tédio, ela me examinando como se fosse
um médico oftalmologista.
— Que porra... Você tá apaixonada — de repente começou a sussurrar meio
irritada — Você tá apaixonada por um garoto de programa! Sua louca! Não
pode! Você tá cheirada?!
— Eu não tô apaixonada por ele! — sussurrei de volta.
Nosso chefe apareceu e fomos deslizando suavemente para baixo da mesa, fingindo arrumar os fios do computador.
— Anahí! Admite! Você está sim a fim do Alfonso!
— Não tô! Foi só um beijo!
— Você tá sim e foi de antes do beijo! Muito antes!

Aquilo foi estranho, meu coração martelando enquanto eu me sentia um nada perto da Maite. Me apaixonar por um garoto de programas? Isso não
funciona!
Saímos de debaixo da mesa pra parar debaixo dos pés do nosso chefe que
nos fez de tapetinho por causa do documento desaparecido! Que ódio!
A culpa nem foi nossa! E nessas horas ninguém assume o feito, pelo contrário.
Caraca, prioridade número um, arrumar um novo emprego, que aquele cara já estava dando no saco!

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora