Capítulo 43

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O toque possessivo de seus dedos se fechando em minha carne, me levando de encontro a ele, me abraçando apertado logo que fechou a porta do
quarto impessoal atrás de si.
— Senti sua falta, Anahí, muito.
— E eu a sua.
O gosto do vinho que bebemos, ainda presente em nossas línguas. A pressão de seus dentes em meu lábio e então se arrastando para meu pescoço, chupando o lóbulo de minha orelha e arfando em seguida, tão somente para
me excitar cada vez mais.
Despiu-me com cuidado, acho que gostou do vestido, em tempos idos teria simplesmente o arrancado, mas não neste dia. Se ateve em beijar minhas
pernas, uma a uma, em uma sequência de toques suaves até alcançar meu sexo e ali se demorar, me fazendo derramar o bom daquele nosso amor.
Eu o amo.
O toque de sua pele na minha, a respiração, o olhar mirando o meu antes de me virar na cama daquele quarto alugado e arranhar minhas costas com seus dentes, abrindo minhas pernas nas dele, esfregando seu pau em mim, me enlouquecendo, esse era seu dom, me enlouquecer.
— Eu quero meter... espera, vou pegar uma camisinha.
— Não posso esperar não... enfia logo...
— Não me tente.
— Agora, por favor...
Apertei os olhos, Alfonso se enfiou de uma vez com força, agarrei os lençóis
nos dedos enquanto ele entrava mais e mais fundo, me arrancando suspiros e
gemidos sôfregos e eu queria cada vez mais de tudo aquilo o que sentia, o
calor, a pele, o peso do corpo dele sobre o meu.
Ouvia sua respiração alterada e seu coração descompassado, apoiado em
seu antebraço direito, me penetrando por trás, mordiscando minha orelha...
arrastando sua língua até minha nuca, mordendo mais uma vez, segurando
firme meu quadril em sua mão esquerda, e estávamos meio de lado, meio de bruços, numa posição louca em que ele podia ver um tanto do meu rosto e eu ouvir seus gemidos.
Emaranhou meus cabelos nos dedos levando minha cabeça para trás, aumentou o ritmo de repente, cheguei a pensar que gozaria antes de mim,
mas não, nos moveu para uma outra posição maluca em que fiquei de costas para ele, deitada em seu peito, meus pés em suas pernas e tentei me agarrar em alguma coisa, em qualquer coisa... não havia nada, nada que pudesse aliviar aquela tensão crescente por tê-lo apalpando meu seio, beliscando meu mamilo enquanto seus outros dedos brincavam com meu clitóris.
Ele fez de tudo para não desgrudar seus lábios de meus ouvidos, me excitando com sua respiração.
Mais uma vez mudou-nos de lado, se pôs sentado nos calcanhares entre
minhas pernas as puxando para si e me levantando para encara-lo, segurando
minhas costas, lábios entreabertos, olhando-me de um olho a outro, umedecendo os lábios na saliva e me beijando carinhosamente, tão diferente da urgência anterior. Levantou-me um tanto com um dos braços e se posicionou na entrada do meu sexo.
— Agora é pra valer, ok? — assenti e Alfonso largou o peso do meu corpo
contra ele.
Forçou um tanto mais segurando em meu quadril, bateu fundo, mas não
reclamei daquele incômodo, segurei a respiração, ele percebeu, me segurou
em ambos os braços num abraço tão delicado e aos poucos me movia, sempre de encontro a ele, sem desgrudar meus seios de seu peitoral.
— Você não vai cair que eu não deixo, então olha nos meus olhos e me
deixe te amar como você merece.
O que dizer? Nada. O que pensar? Nada. Mas sentir... ah.... Havia muito a
sentir naquele momento. Foi gostoso, foi muito gostoso, nos beijarmos de
olhos abertos, meus braços em seu pescoço, os dele me envolvendo, seus quadris se moviam gentilmente, os meus acompanhavam e absorvemos todo o prazer do corpo do outro.

[...]

— Não entendo esses filmes.
— O que você não entende?
— Sei lá, a coisa toda começa do nada...
— Anahí, isso não é filme pra ver com a namorada.
— Não?!
— Não me olha assim... e você sabe que estou certo.
— Hmm.
— Desculpa, sei que é meio tarde pra isso, mas preciso te perguntar uma
coisa.
— O que?
— Você está tomando pílula?
Sorri.
Ele franziu o cenho tentando decifrar meu sorriso.
— Não tomo pílula, nunca tomei.
— Como é que é?
Não consegui manter-me séria por muito tempo e logo vieram as risadas.
— Injeção. Optei por injeção. — expliquei ainda sorrindo.
— Susto!
— Ohhmm — apertei-lhe a bochecha e ele estreitou os olhos — ficou com medo de ser papai...
— Fiquei sim. — de repente se inclinou para me ver ainda com um ar divertido — Mas, pelo visto você não se chateou em ouvir isso, quero dizer,
as mulheres geralmente fazem um drama excessivo com relação a....
— Não quero ter filhos.
— Não quer? Como assim não quer? Mas eu quero filhos! Não agora, mas
quero!
— Comigo?
— É lógico!
— Ah... Bem... é.... acho que teremos tempo pra falar sobre isso — beijei-lhe o peito e me levantei rumo ao banheiro — Quase me esqueço. — parei na porta, olhando-o, por pouco não esqueço do que falaria ao vê-lo nu, braços cruzados
atrás da cabeça e aquela cara de safado que fazia olhando minha bunda — Amor, eu tô aqui. — apontei meu próprio rosto e ele sorriu mais aberto.
— Fala...
— Ficamos como? — juntou as sobrancelhas desaparecendo com seu
sorriso, entortou a boca um tantinho, estava confuso? — Quero dizer, é
política da empresa, namorados não podem...
— Ah. — gargalhou e negou revirando os olhos — Não se preocupe com
isso, essa regra não nos alcança.
Essa regra não nos alcança? Sério isso?
...
Ao que voltei para o quarto, o encontro sentado, pernas esticadas e tornozelos cruzados, pensativo.
— Alfonso, são quase duas e meia... Banho?
— Sim, claro... Any, pega meu celular por favor? — entreguei o aparelho a
ele, discou um número... — Sabrine, estarei fora o restante do dia numa
reunião com a Sra. Anahí, avise ao Ricardo (...) Não, pode transferir sim, menos o Cortez, deixe-o esperar um pouco mais. (...) Certo, obrigado, Sabrine. — me puxou para o seu lado e cai de volta na cama — Prontinho, todo seu.
Beijou-me seguidas vezes estalando os lábios nos meus, para se tornar um
beijo mais profundo não demorou nada e daquele beijo vieram outros tantos,
abraços, pernas entrelaçadas numa cama desarrumada...
— Segundo tempo, querida?
— Sem dúvida.
— Mas depois, temos um assunto pra resolver.
[...]
*
— Aham... (...) Ora, porque não estou no escritório. — Bati na mão dele para que me deixasse quieta — Essa aqui. — apontei para o estojo — Não, tô falando com o Alfonso. (...) Isso... No shopping... (...) é....
Na vitrine, tantas opções, não sabia qual delas escolher, Maite matraqueava sem parar do outro lado da linha.
Alfonso jogou os lábios para o lado, puxando meu celular.
— Maite, depois ela fala, estamos escolhendo nossa aliança de verdade.
(...) Obrigado. (...) Pra você também, tchau. — e desligou!
— Poxa, nem dei tchau...
— Não dramatiza. Dá uma olhada nessa aqui. — não gostei, muito larga,
meus dedos são finos, parece até que estou usando um aro de caminhão — Já vi que não gostou.
Nessa brincadeira ficamos quase quarenta minutos, até que no cantinho de um estojo esquecido, lá estavam elas, um par diferente, uma mais larga e lisa, a outra parecia dupla com um brilhante.
Nos olhamos e sorrimos.
— É essa aqui. — Alfonso indicou para a vendedora.
Eu adorei.
Coisas normais, dividir um milk shake, andar só pra olhar as roupas, ver as
novidades literárias... Cinema, se bem que ele saiu umas quatro vezes para
anteder o telefone, tomar café, falar sobre tudo, rir de tudo, coisas normais e neste dia, fomos apenas um par de namorados.
*
Beijos e mais beijos, pernas atrapalhadas, quase caímos, mas não paramos de rir, meu vestido foi suspenso e suas mãos me apertaram contra ele, os dedos seguindo para dentro da calcinha, apertando minha bunda, a camisa dele ficou presa nos braços, ele não me soltava e riamos contra os lábios do outro.
Uma vez mais nos amamos, brincando, entre morangos e leite condensado.
Nos amamos no sofá, caímos e continuamos a nos amar no tapete.
Houve um momento em que tentei chegar ao quarto, fugindo, engatinhando, mas ele me puxou pelo calcanhar, me virou e nos amamos no chão frio do corredor.
Já era madrugada quando fomos até a cozinha beber apenas um copo
d’água, deveria ser apenas um copo de água!
— Você não cansa?!
— Fome. Fome de você.
E quando dei por mim, estava inclinada com o rosto grudado no balcão azulejado da cozinha, sendo devorada por um homem lindo.
Ainda bem que ele ainda tinha aquela bendita pomada ginecológica. Foi
muito útil no dia seguinte.

*
— Meu, bem, por favor, fecha pra mim? — amei o vestido preto que ele me deu, para minha surpresa era um tanto desenhado no corpo, de gola alta e mangas ¾.
Ele deixou a gravata com o nó pela metade e me ajudou, mas percebendo
meu jeito, deixou um beijo em meu ombro e me virou para encará-lo.
— Que foi?
— Eu não sei como te chamar.
— Bem, se você me chamar de Miguel, só eu te respondo. Se me chamar de Alfonso, corre o risco do Pietro olhar.
— Miguel. Ainda soa estranho, mas vou chama-lo assim agora. Miguel.

Assim que estacionou em sua vaga na Battlestar, ficou parado, pensativo, ainda segurava o volante quando me olhou de lado.
— Vamos entrar juntos, como um casal.
— Não, Alfonso, não acho prudente.
— Por quê?
— Porque eu não tenho nem um mês aqui, isso vai dar o que falar.
— Pietro é meu sócio, ele sabe de nós.
— Quem mais sabe?
— Que diferença faz? Você é minha noiva, lembra?
— Maite nos noivou, isso não valeu, você sabe disso.
— Você quer um pedido formal? — agora sorria, divertido com a situação.
— Um pedido formal seria bom.
— Tá bom. Então vamos entrar, como minha namorada, juntos.

Aquele momento em que a recepcionista fica congelada na mesma posição, nem pisca ao nos ver entrar de mãos dadas.
Alfonso tirou os óculos escuros e a cumprimentamos.
Pietro foi a segunda pessoa que nos viu. Ofereceu-nos um sorriso largo e
bonito.
— Sabia que fariam as pazes. — Pietro apertou a mão de Alfonso, e a minha em seguida — cousins. — deixou-nos com essa estranha palavra e saiu.
— O que é cousins?
— Primos. — voltou a segurar minha mão e seguimos para a copa.
É, foi um tremendo falatório, me achei meio que na obrigação de contar para
Ricardo que nós havíamos namorado há um tempo e nos reencontramos, não entrei em detalhes, não naquele momento.
E estranhamente não foi algo pejorativo como cheguei a imaginar, afinal eu era nova naquele ambiente, mas não, fui bem acolhida e pareceu-me que todos acharam muito bom que estivesse “namorando”, o Diretor Comercial.
Então naquele fim de expediente aconteceu uma coisa estranha.
Ricardo nos acompanhou num jantar simples na casa da Maite. Mônica estava lá, uma outra novidade, Maite não havia me contado, mas as duas
estavam em um relacionamento “seriamente aberto”. Eles se deram super bem! Tá, eu já sabia que eles se dariam bem, afinal, Ricardo tinha excelentes piadas e Maite adorava rir, era como misturar queijo e goiabada.
Ricardo e Mônica também se deram muitíssimo bem, havia muito mais em
comum do que poderíamos imaginar.
E naquela noite, apesar de acreditar que seria pedida em casamento, não
fui.
Mas tudo bem, rimos muito, nos beijamos muito, comemos e bebemos.
E no final da noite, me levou para meu apartamento e nos despedimos no
portão, com um beijo, testa sobre testa, um boa noite e um te amo.

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora