Capítulo 23

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— Como é que é? Frete?
— Foi o que ele disse! Cara, fiquei até imaginando ele naquelas Kombis de
carroceria... O que me dá certa pena, porque sei que ele tem nível superior...
— Isso acontece muito... Mas você já pensou que ele pode gostar da vida
dele? — fiquei pensativa — E de quem era a tal casa?
— Menina, a casa era um espetáculo! E... Hmm, isso eu não perguntei.
— Mais é burra hein!
— Ei! Para de me tratar mal....
— Tá, tem razão, afinal, você finalmente transaram! E Isso foi muito
positivo! Finalmente.
— Ai Maite... Estou tão feliz e ao mesmo tempo... tão em pânico!
— Pânico? Por quê?
Fiz uma cara de “ fala sério” e Maite deu uma risada.
— Olha pelo lado bom amiga, seu relacionamento com Alfonso nunca será monótono! — e caiu na gargalhada — E o que vocês fizeram no domingo?
Porque liguei pra cacete e você não atendeu!
— Se eu te disser você não vai acreditar.
— Eu acredito sim, pode contar.
— Alfomsp e eu fomos andar de pedalinho na Lagoa, comer cachorro quente de rua. Fomos ao cinema e depois passamos o final do dia como ele gosta de dizer... brincando.
— Já estava melhorzinha da ximbiquinha né taradinha?! Hmm e hoje de manhã? Deixou o príncipe dormindo?
— Pra dizer a verdade ele quem me deixou dormindo. Saiu bem cedo.
— Pra dirigir um frete?
— Acho que sim. E aí? Vamos almoçar?
— Com certeza.
Com certeza que não! Nosso chefe desprezível nos chamou na sala dele,
para nos espinafrar!
Não vou ficar gastando linha com aquele filho da puta, mas tipo, saí de lá muito mal. Maite também, mas ficou menos abatida que eu e da sala daquele miserável saímos dispostas a mandar currículos pra Deus e o Mundo!
...
— Alô, oi Alfonso.
— Oi. Que voz é essa?
— De quem foi pisoteada.
— O corno do seu chefe...
— É.
— Any. Por que não procura outro lugar pra trabalhar? O que esse cara faz
é assédio moral.
— Eu sei, mas como é à portas fechadas... não posso ao menos processá-lo, viado desgraçado...
— Tenho certeza de que com o seu perfil vai ser chamada logo em um lugar melhor, com um patrão decente.
— Tomara. E estou aceitando qualquer área, nem precisa ser em plataformas.
— Vai dar tudo certo. Liguei mesmo pra saber como é que está, mas tô
vendo que não muito bem...
— Vai passar, estou indo com a Maite almoçar.
— Três da tarde?
— Pra você ver.... vamos comer um hambúrguer mesmo.
— Hmm, pena que não vou poder te dar uma comida melhor hoje. — ele
me mez rir.
— Estamos falando de algo que se digere pelo estômago?
— Estamos falando do que você quiser. Também liguei pra avisar que... —
Alfonso deu uma parada e então retomou depois de limpar a garganta de um pigarro falso — meu celular vai ficar fora de área por uns dias, mas estará tudo bem, tenho que encerrar umas coisas e....
— Você não vai parar, não é? — acho que minha voz soou decepcionada.
— Fica calma, não surta! Quando eu voltar a gente conversa.
— E quando você volta? — ele respondeu tão baixo que precisei perguntar novamente.
— Dia seis.
— Como é que é?
— Não surta!
— Como não surta? Seu louco! Marcamos no dia seis de viajar! Olha Alfonso, se você não aparecer eu vou te matar!
Maite, parou assustada, estalando os dedos na frente do meu rosto e só
então percebi que estava gritando no meio da rua da Alfândega.
— Alfonso. Alfonso. — eu já falava entredentes — Presta atenção, é bom você parar essas suas putarias e me levar no dia seis pra Penedo!
— Relaxa.
Nem me despedi, desliguei o telefone na cara dele!
Maite ficou me olhando, chocada e preocupada.
— Que foi isso, Jesus? Tá possuída?
— Possuída vou ficar se aquele puto não aparecer no dia seis!
— Como assim?
— Diz ele que precisava encerrar coisas e que voltaria... quando? No dia
seis!
— Calma, garota, o casamento é no dia sete à tarde, qual o stress?
— Cara, o Alfonso...
— Você tá mais P da vida pelo fato dele estar fazendo o que faz do que propriamente pela viagem que vai atrasar. Não é? Eu só balançava a cabeça em negativa, estava furiosa!
— Sabe do que mais, você é muito romântica... achou que assim que
dormissem juntos ele iria descobrir que só você existia no Mundo e puft!
Iria mudar de vida... A realidade é outra chuchu.
— Decepcionada.
— Só se decepciona quem espera alguma coisa. Você não deveria esperar nada de um homem como o Alfonso, apenas aproveitar...
Já estava com a boca cheia quando o celular apitou. “Como queira, senhora,
vamos no dia seis, mas à noite!” Maite sugava o refrigerante, espiando a tela
do celular junto comigo.
— Começou com isso de senhora, novamente. — comentei de boca cheia, jogando o sanduiche para um canto da bochecha — Vamos pegar um puta
engarrafamento!
— Ei, seja amigável pelo menos, você tá jogando bem pesado com ele.
— Como ser amigável?
— Me dá essa caralha aqui.
Maite igitou por um bom tempo e enviou “obrigada, só fico preocupada.... não quero que se canse no trânsito, gosto mt de vc”. Fiquei olhando a
mensagem enquanto diminuía o tamanho da batata frita que segurava.
Por fim, percebi que dessa vez ela não fez nada demais e a mensagem que
veio a seguir foi ótima! “Linda. Também gosto mt de vc, bjs.
Foram as duas semanas mais longas da minha vida! Tudo meio que perdeu
a graça de repente, e comecei a duvidar do que ele realmente sentia por mim,
foram poucas ligações e poucas mensagens. Comecei a refazer mentalmente tudo o que aconteceu e...
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— Maite. — pelo meu tom de voz, ela me olhou preocupada — Ele tá me
enrolando, Maite.
— Hmm, começou de nóia.
— Maite, tô achando que ele não sente nada por mim, só queria se divertir
mesmo.
— Divertir? Como assim?
— Você pagou a ele?
— Paguei ué, assim que o mês virou, foi esse o combinado, além do mais
fiz depósito programado e outra, você não me disse nada que não era pra pagar.
— Vou te dizer o que vai acontecer, assim que voltarmos, ele vai receber a
última parte e vai sumir.
— Pessimismo, assim que voltarmos do casamento, vocês vão sentar e
conversar.
— Não vamos. Assim que der as costas ele vai se mandar. Tô sentindo isso.
— Hmm começaram as previsões catastróficas da Mãe Anah.
— Ele só queria brincar comigo, Maite, de repente até por pena mesmo, mas
ficar me seduzindo com todo aquele joguinho de ‘não posso’, mas depois
pôde... É tudo igual...

Maite podia falar o quanto quisesse, pra mim estava claro o que aconteceria, primeiro de tudo, ele nunca disse que me amava, segundo, nunca disse que
largaria essa vida, nem nunca me disse seu nome, onde mora, nada. Não sei
nada dele.... sempre que estivemos juntos ele me enredou de tal maneira que eu me distraia de tudo e só via aquele homem lindo na minha frente e nada mais!

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora