Capítulo 18

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Maite havia se recuperado da dor de cotovelo, hmmm... mais ou menos.
E estávamos decidindo no pedra, papel e tesoura entre almoçar no vegetariano ou no galeto. Eu precisava do vegetariano, essas comidas do Alfonso  estavam me engordando!
— Ai merda! Caralho!
— Que foi, Maite?
— Você tá surda? Merda! Pisei numa porcaria de uma merda de cachorro,
que ódio!
— Relaxa, esfrega o sapato ali no matinho.
— Ai que inferno, odeio isso! Se eu pego esse vira-latas do caralho eu colo
o cu dele com super bonder!
— Você precisa comer, está começando a ficar estressada.
— Estressada vou ficar se não comer um galeto! É sério, preciso de um peito
assado e batatas coradas!
— Aff... vai catar mulher na praia então! Peito assado e batatas coradas. — falei com deboche e ela acabou sorrindo. Eu rindo um pouco mais.
Ela jogou pedra, eu papel.
— Há! Ganhei! Papel enrola pedra! Otária!
— Vou acabar já com essa alegria... A quantas anda você e o Alfonso? —
Putz, acabou mesmo com minha alegria, meu sorriso se apagou
imediatamente.
— Sei lá... é estranho pra caralho. Desde o domingo que rolou aquele lance
no chuveiro e a macarronada que a gente não tem ficado muito tempo
sozinhos, sexta-feira é o chá de panelas, você vai né? Porque preciso de carona — Maite respondeu que sim com um aham e seguimos para o vegetariano — Ele ficou de passar lá só pra me buscar e me deixar em casa, sábado tem o último ensaio de casamento e aí sim vamos ficar mais tempo juntos.
— Sei não, pelo que você contou, esse cara tá afim sim de você!
— Ou tá me seduzindo pensando na minha grana.
— Ou isso, também.
— Você já pensou em ir lá no endereço que ele te levou e perguntar sobre o
proprietário?
— Até pensei, mas aí podem me dizer que é o Paulo Nascimento e eu vou
pirar! Outra vez...
— Acho que você tá precisando de sexo com urgência...
— Você acha? Eu tenho certeza!
— Tá mas e aí? Hoje é quarta-feira e ele não apareceu no seu apartamento?
— Isso que é o mais estranho, eu chego em casa e sei que ele esteve por lá,
deixa janta pra mim, vê se pode?!
— É.... por dezoito mil.... ele tem que comparecer com algum tipo de comida
né?
— Deixa de ser ridícula. — meu celular apitou uma mensagem, puxei pra
ver enquanto entrávamos no restaurante — Falando no Diabo...
— O que ele quer?
— “Anahí, vamos jantar juntos hoje?” — citei a mensagem e fiquei olhando pra Maite com cara de espanto e de boba, ela também me olhava com a mesma
cara de boba espantada.
— Hmm... promissor.
Digitei a resposta que sim, queria mesmo saber o que ele estava planejando.
— Se tudo der certo, amanhã estarei com cólicas e não poderei comparecer
ao trabalho. — Dei uma fungada e fiz uma cara estranha, olhei pra Maite —
Nossa! Que fedô! Maite é você!
Maite começou a rir.
— Vai se fuder! E não muda de assunto não! Tomara que amanhã você não
venha, já estou ficando com nervoso dessa palhaçada de vocês.
— Não é palhaçada, o cara é um michê, pelo amor de Deus....
— E isso não te impediu de se apaixonar por ele.
— Ele vai me dar um golpe, Maite.
— Só se você deixar. E quer saber? — a voz dela soava um tanto irritada — Não acredito que ele vá te ferrar. Acho mesmo que ele está interessado, mas
a cada vez que vocês estão juntos você tem que jogar na cara dele que ele faz
programas!
— Ah! Legal, estou ferindo a autoestima e o orgulho do piranha. Ah, Maite, faça me o favor...
— Se desarma um pouco, tá bem? E não surta! Só relaxa... mas não assine nada!
O garçom apareceu para anotar os pedidos e de repente fez uma cara de
quem tá com nojo, cobri o rosto com o cardápio, ele escreveu bem rapidinho
e saiu.
Maite colocou o cabo da faca no alto do cardápio e foi abaixando o caderninho até dar de cara comigo segurando o riso.
— Nenhuma palavra sobre isso.
Eu bem que tentei ficar na minha, mas um colega nosso passou ao lado da
nossa mesa assim que chegamos, ele é um viado muito discreto...
— Credo, vocês estão sentindo um fedor de merda de cachorro? Ai que
nojo!
— Não... — Maite respondeu no maior cinismo e saiu apressada pra lavar o
sapato no banheiro, não aguentei, tive que rir da cara dela.
*
Assim que cheguei em casa, estava rolando um clima romantiquinho, velas acesas, música ambiente, mesa posta e Alfonso, muito bem vestido com as
mãos nos bolsos, a roupa social lhe cai perfeitamente bem, ele tem um ar
sofisticado, um garoto de programa de luxo, com certeza.
— Boa noite, querida. — beijou minha mão tão de leve que mais pareceu
um sopro, me olhando nos olhos. — Está linda com esse vestido preto.
— Boa noite, querido. — respondi com a mesma cortesia, mas que mentira,
não era só cortesia porra nenhuma. — Você também está demais com essa
roupa.

Sentamos à mesa e Alfonso nos serviu um jantar muito diferente, era num pão italiano parecido com uma broa, mas a casca era muito dura e dentro havia um picadinho de carne cremoso, tipo um escondidinho, diz ele que o nome é picadinho fondor, seja qual for o nome, estava uma delícia! Vinho tinto seco, igualmente delicioso.
— Vinho muito gostoso!
— É italiano, da região da Toscana, meraviglioso! — caraca! O tal erre que
ele puxa é italiano!
— Que lindo você falando em italiano... Fala mais... — dei uma derretidinha
pra ver se ele solta a língua né?!
In tutta la mia vita, non ho mai pensato di trovare una donna come te.
— Como é que é? Me comer? Você só sabe falar de sacanagem Alfonso?? —
Fiquei indignada! Ele começou a rir.
— Não ragazza, eu disse que em toda a minha vida, nunca pensei em achar
uma mulher como você.
— Ah. — hmmm abafa... que mico!
— E é verdade. Obrigado por jantar comigo hoje. — como assim, hoje?
— Estamos comemorando alguma coisa?
— Oficialmente meus trinta e quatro anos.
— Ah meu Deus! — levei as mãos à boca tentando esconder meu espanto
— É seu aniversário! Parabéns! — segurei-lhe a mão e ele apertou meus
dedos nos dele.
— Obrigado.
Nossa, de repente eu fiquei triste, tipo, ele estava comigo e não com a
família dele? Que horror, que... triste.
— O que foi, Any?
— Nada, eu só... pensei que... Tem certeza de que é aqui que deveria estar hoje? Tipo, aqui? — indiquei a mesa de jantar e a mim com o dedo.
— Apesar de ter de sair daqui a pouco... — ele olhou em volta, depois
olhou pra mim — é... exatamente aqui, com você que gostaria de estar, na data de hoje. Portanto sua misericórdia é dispendiosa e desnecessária. Prove essa casquinha do pão com o azeite.

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora