Capítulo 04

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— Amiga! Pelo amor de Deus! Esse cara é tudo! Não só combina com você
como põe o Rodrigo no chinelo! E a Letícia, aquela ladra de namorados, vai se rasgar inteira!
— Me comportei como uma maluca! Como uma colegial boba!
— Tá muito explicado porque comprou aquele livro de culinária infantil.
Gente que homem! Seguro, com atitude, liiiiindo, e se ele tiver aquilo que estava no site...
— Para Maite! Não vou dormir com ele! Não vou!
— Só se você for trouxa...
— Me tira uma dúvida, na hora em que ele foi pegar a bebida, por acaso você estava mesmo manjando o pau dele ou foi impressão minha?
Maite deu uma risada e se jogou pra trás no sofá.
— Vamos sair?! Essa noite tá pedindo uma saída!
— Maite...
— Vamos!

Nós saímos, foi ótimo, dançamos, cantamos e bebemos, foda foi voltar pra casa sozinha.
Fiquei um par de tempo olhando o teto, as sombras ocasionadas eventualmente pelo farol dos carros que passavam. Alfonso, seria só isso mesmo ou de repente Jobson? Ou algum nome estranhíssimo?
Alfonso. Adormeci com ele nos pensamentos.
E não eram nem oito e meia da manhã de domingo quando resolvi ligar de uma vez.
Uma voz pra lá de sonolenta atendeu, puta que pariu acordei o cara!
Desliguei.
Ele retornou. Atendi. Fiquei muda. Senti que ele sorria, dá pra saber quando a pessoa está rindo!
— É você, Anahí?
— É. Amm... Oi.

Senti a cor sumir do meu rosto. Micão! Precisava achar um motivo por ligar
no domingo cedo!
Ouvi Alfonso bocejar e se espreguiçar, ele ainda estava rindo, que bom saber
que meu constrangimento o divertia!

— Desculpe ligar tão cedo no domingo, tenho certeza de que o acordei,
desculpe. — pronto, agora me pus a matraquear... af ... — É que fiquei com
uma dúvida, na verdade a gente não acertou nada, mas é que quanto sai... é... quanto
custa você?... Digo... — ele estava rindo! Rindo e rindo de mim! — Quanto fica
com beijos? — pronto falei!
— Beijos. Que tipo de beijos?
— Como assim que tipo de beijos? - minha mão estava tremendo, Jesus
Cristo, que absurdo.
— Ora, Anahí, que tipo de beijos? Selinhos, beijos simples de boca aberta
e sem língua, beijo de língua... ou... o meu beijo.
— Como assim, seu beijo? Você por acaso tem um beijo?? — agora ele
estava tirando uma com a minha cara.
— Patenteado.
— Tá de sacanagem comigo?!
— Bem que gostaria de estar...

Fiquei muda e gelada, senti um arrepio estranho, calma Anahí, deixa de ser
tão carente!
Mas a verdade é que estava há quase um ano me contentando com um
vibrador de clitóris que a essa altura não estava prestando pra porra
nenhuma!
— Alfonso, de quanto é o acréscimo por beijo seja lá qual for? — tentei ser o
mais profissional possível, afinal era uma gestora contratual! Como assim
que de repente desaprendi a falar com um fornecedor?
Ele suspirou — Não vou cobrar pelos beijos, nenhum deles, entre a ponta
dos fios de seu cabelos até o busto e da ponta dos seus pés até o alto de suas coxas, tá bem assim?
— Tá bem assim, obrigada pela informação e desculpe mais uma vez pela hora.
— Era só isso?
— É. — Mais que merda, caralho!!! Novamente aquele "É" que mais parece uma desculpa!
— Ai...ai... — ele se recuperava de uma boa risada — E quando vai precisar
de mim? Tenho que fazer a agenda do mês.
Agenda do mês? Meu Pai celeste, nunca imaginei que esse pessoal tinha
agenda! Ah! Que ignorância! Claro que eles tem agenda, pra saber com quem
e quando!
— Semana que vem vou me encontrar com umas amigas na quinta-feira, pra
um Chopp, elas são as madrinhas do casamento, a noiva também vai estar
lá.
— E o que quer que eu faça?
— Eu... não sei.
— Tá, já vi que é a primeira vez que contrata um serviço desses. Manda
uma mensagem com o endereço de onde estiver que eu vejo o que posso fazer por você. Quinta que vem?!... — ouvi uns barulhinhos de gemido, os pelinhos da minha nuca se arrepiaram. Ele continuou com o barulhinho, era algo como hmmm...
— O que... o que você tá fazendo?
— Hmm’anotando. — será que ele pode por favor Senhor, ser menos
sensual? — certo Dona Anahí. Qualquer coisa me avise. Tchau.
— Tchau.

Ele desligou e corri para minha gaveta de calcinhas, isso estava me deixando fora da realidade, totalmente!
Depois de aliviar a tensão daquele homem gostoso gemendo no meu ouvido pelo telefone, fui tomar um banho, frio pra ver se abaixava a temperatura.
A verdade é que não estava certa de que ele era o cara ideal pra essamissão, Alfonso era muito homem, aonde por acaso ia dizer que o conheci?
Não havia pensado nisso! Será que digo que foi na academia? Assim justifica
aquele corpo maravilhoso que ele tem... Mas minhas amigas sabiam que eu mal pisava em uma academia. Que trabalha comigo também não, será que ele sabia falar sobre administração de empresas? Ah! Deveria sim, afinal ele administrava a empresa dele né?!
Passei o domingo pensando no assunto, mas nada que me impedisse de viver.
Maite e eu fomos ao cinema, adoro ir ao cinema em dia de domingo, infelizmente ou felizmente ela acabou encontrando uma “ ex amiga” da época da faculdade e fiquei meio que sobrando, de vela.
A bissexualidade de Carol sempre foi o que mais me orgulho nela, nos conhecíamos desde... sei lá, desde sempre, morávamos no mesmo prédio, brincamos juntas, estudamos juntas, fizemos recuperação juntas, faculdade, muita coisa com aquela magricela maluca.
Éramos muito amigas e muito parceiras também, fui uma das primeiras a
saber que ela estava se interessando também por meninas, na mesma época que ela acobertava minhas saídas pra namorar escondido.
Conhecemos Letícia na faculdade, passamos a ser três amigas, até que
entrei no banheiro da boate em que estávamos e vi o Rodrigo, meu ex comendo ela por trás, a saia dela parecia um cinto atado na cintura, ele com a calça jeans pela metade da coxa.
Sabe qual foi a pior parte? Já havia bebido todas e mais um pouco, me virei no primeiro vaso que encontrei livre e menos sujo e comecei a vomitar, de
cachaça nas ideias, de nojo deles, de raiva, de susto, e quem segurou meu cabelo foi ela, e foi ele quem apoiou meu corpo pra eu não cair de cara no vaso, tamanha minha tontura alcoólica!
Fiquei ouvindo os dois se explicarem na semana seguinte, imagina só, ter
de ouvir do meu namorado de quase quatro anos que ele e minha amiga
estavam apaixonados, ela dizendo que não foi por querer, ele que Letícia era a mulher de sua vida, e ambos me agradecendo por tê-los apresentado.

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora