Capítulo 40

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As caras que Maite fazia eram a melhor parte, segurava a boca, a cabeça,
andava de um lado a outro, coçava o rosto, juntava as mãos em prece...
— E agora?
— Agora não sei, mas gostaria muito de esclarecer as coisas com ele.
— Vai com calma, tá?
— Com muita calma, não posso perde-lo novamente, Maite, eu morreria.
— Bem, ao menos agora você sabe o nome dele todo! Caraca! Alfonso Herrera Rodriguez. Isso é muito louco mesmo, parece coisa da Lady Gaga!
Gente eu tô chocada que o tal Paulo seja contador do Alfonso, mas foi
bom pra eu dizer o que acho disso tudo! Se bem que... Ih!... pensei numa coisa!
Any você deu pro seu chefe!...
— Era pra ser piada? Conta de novo que eu prometo rir. — Maite fez beicinho debochado e eu mantive a cara de tédio.
[...]

Sabe quando a gente rola de um lado para o outro ansiosa, porque aquela é
a última noite antes das férias? Pois era como estava me sentindo aquela
noite.
Ansiosa para ver o Alfonso... Miguel! Droga.
Diferente de ficar duas semanas longe dele sabendo que apesar de distante,
era meu, aquela semana tinha sido terrível sem ele, sem suas roupas, a
loucura foi tanta que até o perfume dele comprei e borrifei no travesseiro que dormia.
Agora, nem sei, estou com a mente dando voltas sem chegar em lugar
algum. Não! Agora que cheguei até aqui não vou desistir! Precisava saber o
motivo! Saber se em algum momento houve verdade em suas palavras!
Precisava saber!
*
A vida é mesmo uma grande bosta e eu era o vaso sanitário!
Dois dias haviam se passado sem que visse o Alfonso, a cada dia minha
esperança se renovava e aquela dor de não tê-lo visto voltava. Começava a
achar que não era assim tão boa coisa estarmos no mesmo prédio.
Ricardo entrou na minha sala sem bater com uma expressão indecifrável.
— Vamos almoçar!
— Almoçar? Estou de dieta.
— Dieta? Você vai sumir! — Ricardo e eu estávamos mais próximos, era
um cara bem legal e me tratava com muito respeito, gostava das minhas ideias e estava sempre disponível.
— Preciso perder uns quilos para o carnaval.
— Carnaval? Mas estamos em Setembro.
— Exatamente por isso. Decidi que no próximo voltarei a desfilar.
— Você desfila em escola de samba? — agora ele me olhou diferente... que
não estivesse com maus pensamentos, para o bem no nosso relacionamento.
— Sim, não desfilei nos últimos dois anos, mas agora quero novamente.
— Isso é algo diferente, você é tão... — senti que se refreou.
— Tão...
— Séria.
— Séria? Eu? — precisei rir um pouco do jeito dele, eu séria?
Tá, talvez estivesse mesmo me comportando diferente, mas a verdade é que estava sem chão desde que vi o Alfonso dando Buongiorno.
— E então, vamos almoçar? Você pode me contar mais como é essa coisa
de escola de samba.
Fiquei tamborilando com a tampa da caneta na mesa, pensando em aceitar...
— Tá bem, mas por favor, me leve a um lugar onde tenha salada verde.
— Conheço um muito agradável, servem uma quiche com salada, muito
bom!
— Então tá.
...
Ricardo Jordão era um homem muito agradável e muito transparente, em
poucos minutos soube que era solteiro e que morava no Arpoador, brasileiro, criado pela mãe até os quinze anos, mas quando começou a ser um
adolescente rebelde ela o mandou para viver com o pai, engenheiro, e com a madrasta em Abu Dhabi.

...

— O motivo que me fez invadir sua sala e praticamente te arrastar para cá
foi o relatório que você concluiu na quarta-feira e entregou ao Miguel, ele
não alterou nada!
— Nada? Tem certeza?
— Nada! Mandou-me um e-mail hoje, parabenizando a equipe, semana que
vem ele deve voltar do Chile... — hmmm então por isso que sumiu...
estava no Chile — ... Precisei abrir o arquivo pra saber do que se tratava, você pegou rápido!
Achei que os comentários fossem um teste, mas ele não estava blefando! A
ideia dos gráficos foi ótima! Fiquei fascinado!
Mas hein? Fascinado? Esse cara tá flertando comigo...
— Obrigada, Ricardo, desculpe não ter lhe mostrado, mas quando fui
procura-lo...
— Sim eu saí mais cedo, às quartas estou fazendo um curso de
especialização em drawback.
— Ah! Legal! Eu fiz esse curso! Muito bom!
— Estou gostando bastante...
Ele era muito inteligente e simpático também, gostei dele, principalmente
pelas piadas, mas precisaria ter um pouco mais de cuidado para não lhe dar falsas esperanças, sempre que possível deixava a aliança à mostra, finalmente ela serviu pra alguma coisa.
Entramos na recepção rindo um bocado, chegava a me envergar com as piadas dele!
E ainda nos recuperando das risadas, passamos pela porta que separava a
recepção do salão e demos de cara com o senhor Herrera. E os risos de
Ricardo foram morrendo aos poucos e os meus desapareceram na hora.
Estava ele parado feito um dois de paus, com aquela cara de quem mastigou comida salgada. Me olhou dos pés à cabeça, o cumprimentamos e seguimos adiante. Entramos na sala de Ricardo, também uma sala pequena ao lado da minha. Durante o trajeto podia sentir que Alfonso nos observava.

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora