Capítulo 05

69 6 0
                                    

Deveria ter arrebentado os dois de porrada, deveria ter tocado fogo neles!
Mas ouvi tudo calada, sufocando um bolo enorme na garganta, prendendo os lábios nos dentes enquanto meu corpo tremia inteiro de ódio.
Fiquei sentada de braços cruzados enquanto eles acabavam comigo.
Maite voltava de uma má sucedida campanha amorosa com essa ex dela
que encontramos no cinema, e nos acabamos de tanto beber caipirinha.
Mas isso tudo aconteceu há muito tempo... mentira, faria um ano naquele mês de junho.
Inferno.
Segunda-feira chata, terça-feira ótima, meu chefe resolveu nos presentear
com sua ausência, quarta-feira tediosa e quinta-feira de quebra pau, sumiu um documento importante, procuramos em tudo quanto foi arquivo e nada,
sobrou na pasta somente a cópia, que não tinha validade legal nenhuma! Daria uma enrabação geral, sem dúvida!
Mas sabe quando respirei aliviada? Quando dei a primeira golada no meu
Chopp. Tipo, amanhã a gente vê a merda que vai dar.
Meu rosto paralisou no meio da segunda rodada quando vi aquela vadia da Leticia chegando com a Luiza, minha cunhada. E a cachorra estava linda, de calça de couro marrom e blusa vermelha. Ai que ódio que me deu por estar de calça social preta e blusa de um ombro só branca coberta por um terninho.
Maite me olhou preocupada, mas fui super educada.
Geovana, Amélia e Sara também me olharam, mas sorri de volta e vi Amélia fazer mímica de “ fica calma”. Não pensei duas vezes em mandar o endereço do barzinho para o Alfonso.
Não comi nada, não queria ter que mastigar, acho que não suportaria, fiquei bebendo e bebendo e bebendo até ficar entre aquele estágio de estou bêbada mas levemente consciente.

Minhas amigas riam muito com as coisas que dizia e estava falando sério e elas rindo, Letícia também ria e fazia a linha de “ não tem nada de errado
aqui”, vadia.
De repente, elas pararam, ficaram sérias. Maite abriu um sorriso desses que mostra todos os dentes, e eu lá falando merda atrás de merda.
Foi quando senti um par de braços fortes em volta do meu corpo, o perfume Armani e me virei pra olhar, seu rosto já colado ao meu e me
beijou, selou nossos lábios e praticamente forçou que abrisse a boca para que me invadisse com sua língua macia sabor hortelã.
Não ouvi mais nada. Então me soltou, ainda mantendo a menor distância
possível entre nossos rostos.

— Oi, amor.
— Oi. — não sei se respondi direito ou se sussurrei.
Ele se afastou e se pôs ereto, estava de terno e gravata, e não era um desses de lojinha não, ele estava com um terno de marca, bem cortado e bem caro pelo visto, mas tinha alguma coisa de diferente, os cabelos estavam
claros.
— Oi Maite. — ele cumprimentou.
— Oi Alfonso.
As meninas olhavam pra ele com a boca entreaberta, Letícia piscava o olho sem parar, Maite sorrindo deu mais um longo gole de Chopp.
— Amor, por que não me falou que viria pra cá? — sua voz era segura e
suave ao mesmo tempo. Me segurou a mão me pondo de pé diante dele.
Precisava embarcar na dele!
— Desculpa, pensei que ficaria no trabalho até tarde.
— Não, sai ainda agora, por sorte passei por aqui e te vi.
Alfonso se inclinou e me deu um selinho.
— Deixa te apresentar minhas amigas! — ele me olhava com um estranho
divertimento no olhar, deve ter pensado que agiria como das outras vezes, uma pateta! — Luiza, a noiva do meu irmão, já te falei dela, Letícia, Amélia, Sara e Geovana, Maite você já conhece.
— Boa noite, senhoritas.
Elas só faltaram derreter! Até mesmo Luiza! Também... quem usa “senhorita”, hoje em dia?
O cumprimentaram e antes que começasse a chuva de perguntas nos
afastamos delas.
— Você veio! Você veio! — segurei em seu rosto, feliz da vida!
— Claro que vim, você me mandou o endereço, lembra?
— É, mas não achei que viria! Ah! Sei lá o que achei!
— Você tá chapadinha né?!
— Só um pouquinho — indiquei com o dedo.
— Deixa ver se é só um pouquinho mesmo.
Alfonso me puxou para um abraço apertado e não recuei, passei os braços em torno de seu pescoço e ele abaixou o rosto para me beijar mas não beijou,
ficou brincando, me fazendo buscar pelos seus lábios enquanto ele recuava, sorrindo, e me dava acesso e quando avançava, me negava, minha vez de sorrir e ele tocou meu lábios com sua língua, senti um calafrio na espinha.
Alfonso tomou minha boca, deslizando sua língua em meus dentes antes de
encontrar a minha e puxa-la nos lábios, meu corpo inteiro entrou em combustão.
Depois um beijo de língua normal e uma mordida no meu pescoço logo
abaixo do lóbulo de minha orelha. Naquele instante pude ver que as meninas não tiravam os olhos de nós e Letícia ainda estava boquiaberta.
Alfonso continuou brincando com meu pescoço, me arrepiando inteira.

— Agora é um bom momento pra sairmos daqui.
— Também acho. — respondi revirando os olhos.
— Me dá um minuto.

Alfonso arrumou os cabelos e se afastou para dentro do bar.
Enquanto isso fui me arrastando das nuvens até a mesa.
— Anahí, quem é esse homem? — Luiza estava se roendo de curiosidade.
— Hmmm... — fiquei fazendo charme.
— Maite não quis contar! — agora era a vez de Geovana se morder de
curiosidade.
— É... meu...
Alfonso me interrompeu puxando pela minha cintura, me fazendo girar em meu eixo e me beijou mais uma vez.
— Meninas, as rodadas anteriores foram por minha conta.
— Ah! Como assim? — Maite olhava espantada.
— Como assim que agora vou levar a minha garota de vocês.
Minha garota? Gente, quem fala isso? Minha garota?

Me despedi rapidinho com um tchau bobo com a mão apressada e fui
praticamente arrastada aos risos e gargalhadas, e como dois amantes
apaixonados fomos embora.
No estacionamento do Edifício garagem Alfonso se aproximou do Hyundai
Sonata preto e as portas se destravaram.

— Esse carro é seu ou você alugou só pra me buscar?
— É meu. Entra.
— Pra onde a gente vai?
— Para o seu apartamento.
— Ah não... Você me tirou no melhor do Chopp...
— Você já está bem chapadinha, Anahí. Precisa se controlar ou pode acabar soltando a língua.
— Você é um chato! Lindo de morrer, mas um chato!
Ele riu mais uma vez de mim! Balançando a cabeça.
Não me lembro de muita coisa depois disso, só uns momentos em flash, lembro dele ter aberto minha bolsa, mais beijos, o rosto dele sobre o meu,
como se estivesse olhando um anjo descendo do céu. E... e... não lembro.
*

Acordei com o despertador do celular, abri os olhos com uma preguiça
horrível! E uma dor de cabeça de lascar!
Aí me dei conta de que estava em casa, estava mesmo em casa, na minha
cama, enrolada no lençol feito um casulo, e estava nua! Ai meu Deus! O que aconteceu? Minha roupa estava dobrada em cima da cômoda. Foi
espontâneo, passei a mão entre minhas pernas e estava um pouco úmida. Mas que caralho eu fiz???

Aluga-se um Noivo (Adaptada - AyA)Onde histórias criam vida. Descubra agora