A Filha do Dono da Máfia

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O relógio marcava quatro horas da manhã, e apesar de já terem dado por encerrada a missão daquela madrugada, a maior parte dos agentes envolvidos ainda se encontravam nos limites do departamento. A operação havia sido um sucesso, a mercadoria apreendida e os criminosos levados a sala de interrogatório até o encaminhamento para prisão. Kássios tentaria um acordo, mas Katherine não estava confiante sobre as chances de sucesso do tio. 

Quando a batida federal foi concluída, ainda no local, Katherine decidiu que iria escoltar o transporte dos líderes daquele comboio pessoalmente. No volante daquele carro, Richard cuidava de manter o silêncio acima de tudo, enquanto ao seu lado, Andrea se retorcia para conter a vontade de pular para trás e assistir a morena presa na tentativa de fazer aquele homem falar alguma coisa que fosse ser útil no futuro. Mas para o estresse de Katherine Rivera, nada positivo foi conquistado durante todo o percurso a ser traçado. Um minuto a mais sozinha com o criminoso, e talvez fosse ser ela a próxima presidiária que o FBI precisaria conter até a chegada dos agentes do presídio mais próximo.

— Não adianta, mesmo parecendo ser o elo mais fraco dessa maldita corrente, aquele babaca não parece estar disposto a abrir o bico pra gente — junto dos agente Rios e Delatorres, de longe assistia o tio deixar a sala de interrogatório completamente frustrado.

— Talvez esse não seja o melhor momento para tentar falar com ele, e certamente essa não é a melhor abordagem — de braços cruzados e fazendo da parede em suas costas o mais seguro dos alicerces, Andrea encarou os passos firmes e cansados do diretor — Estão todos presos, e com as palavras certas, todos podem se tornar elos fracos.

— Onde você quer chegar? — acompanhando devagar o raciocínio da ruiva, Richard mirou o seu olhar.

— O ponto mais importante para o chefe dessa máfia, obviamente, é o sigilo sobre o seu rosto e nome. Assim como a Belmont, aí está o segredo do seu poder — não se intimidou quando Kássios parou em sua frente, ao lado de Katherine — No momento em que for divulgada todas essas prisões, e que possíveis acordos de imunidade estão em andamento, não irá demorar para que algo grande seja feito dentro da prisão — para prosseguir, se apoiou no falso horizonte além das presenças em sua frente — Se conseguirmos prever quando isso vai acontecer e mantê-los a salvo, teremos tudo o que é preciso para convencer ao menos um a colaborar conosco em troca de um acordo completo para manter as suas vidas.

— Certamente é algo que pode ser feito, mas precisarei levar a sugestão até os meus superiores antes de soltar uma bomba como essa nas mãos de simples carcereiros — surpreso com a conclusão da sua agente, Kássios explicou enquanto analisava tanta frieza. Quando a conheceu, não pensou que pudesse existir um lado como esse dentro da garota. Não estranhou que Katherine estivesse escondendo um sorriso orgulhoso.

— Se não tem mais nada que possamos fazer, vou liberar os agentes da minha equipe, devem estar exaustos — se referindo, mas não se limitando a dupla em sua presença, recebeu o aceno positivo do diretor. 

— Só para saberem, eu estou longe de estar exausto — tirando do mais velho um sorriso contido, Richard viu as mulheres do seu grupo apenas negarem tudo ao levar a mão até a cabeça. 

— Até segunda ordem, estão todos dispensados — fazendo pouco do argumento do seu agente, Kássios encarou a sobrinha — Qualquer novidade, mando uma mensagem. Mas por hoje, acredito que já deu o que era preciso.

Com aquela situação resolvida por inteiro, durante a liberação dos poucos agentes envolvidos na operação contra a Devil Saints, de pé frente ao seu carro, Andrea esperava pela saída dos agentes Rios e Rivera. Havia saído na frente, pensando em fazer uma breve chamada para a mãe, mas desistiu quando encarou as horas na tela do seu celular. Andreza estaria acordada quando chegasse, não era mais tão cedo. Podia esperar para conversar pessoalmente, e queria muito saber das novidades envoltas da mensagem que recebeu na manhã passada.