🅂🄴🄸🅂

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Terminando seu café junto dos pais, Andrea estava pronta para mais um dia de serviço no departamento do FBI. Considerou que talvez estivesse esperando muito, mas queria tanto saber de todos os detalhes envoltos da operação montada por Katherine na noite que se passou. Faria as perguntas certas, de forma que não lhe dizerem nada seria um absurdo.

— Não se esqueça de que me deve uma visita não oficial, entendido? — acompanhando a filha até a porta, Pietro sorria com lembrete de algo tão recente quanto o sonho estranho que tivera no passar daquela noite.

— Não me esqueci, pai — era uma afirmação cheia de convicção, e para isso o homem só pôde assentir — Que tal uma surpresa? Vou aparecer quando o senhor menos esperar.

— Me parece algo muito interessante — o carro de Andrea a esperava do lado de fora, mas não era apenas que estava ali. Pietro imediatamente aguçou a sua curiosidade.

— Isso sim é uma surpresa — se aproximando enquanto examinava a situação como um todo, Andrea se abaixou na janela do motorista — O que está fazendo aqui?

— Pensei que pudesse querer uma carona por hoje — junto da resposta, Katherine sorriu divertida. Então encarou o homem que não deixava de observá-las, algo a incomodou — Seu pai parece diferente se comparado ao que a mídia apresenta sobre ele. Não sei dizer o que é, mas alguma coisa me deixa com um pé atrás.

— Nada disso, sem instinto de detetive na minha casa — também se virando para encarar o pai, brincou sem perder o humor. Deu a volta e caiu no banco do carona — Tenha um bom dia, senhor Dellatorres, e até o jantar!

Negando o que ouvia com um sorriso simples no canto dos lábios, Katherine deu a partida e mirou o departamento como seu destino. A atitude da colega de trabalho por um instante a fez se lembrar de como era o início de cada manhã junto do seu pai, o que certamente levava um forte aperto até o seu peito. Sentia muito a falta do homem, falta de ter para quem correr no fim do dia e se esconder no abraço quando tudo o que deseja é chorar em silêncio. Tinha Kássios ao seu lado em momentos difíceis, mas nada comparado ao que tinha quando o pai ainda era vivo. Sem a mãe desde a adolescência, perder Alberth foi um golpe do qual não vinha sendo fácil se recuperar. Os anos passavam, mas a dor permanecia sendo a mesma do dia em que recebeu a triste e arrebatadora notícia. Levar a Belmont ao fim iminente era mais do que uma simples luta por justiça, Katherine precisava disso para se sentir melhor, para dar o primeiro passo na direção da real cura para o seu luto.

— Sejamos sinceras, você não veio até aqui apenas para me dar uma carona. Afinal, sabe que tenho o meu próprio carro — sempre muito direta, Andrea tratou de quebrar o silêncio que se estabelecia durante o percurso que traçavam.

— Não que eu deva fazer isso, mas queria te deixar por dentro de tudo o que aconteceu ontem — indo contra as ordens recebidas, abriu o assunto com cuidado — Ainda não consegui entender o porquê disso, mas por algum motivo o diretor não quer te liberar para as ações contra a Belmont. O que claramente é muito estranho, pois aquele filho da mãe me sobrecarregou sem pensar duas vezes apenas para garantir que você estivesse pronta. Alguma coisa deve estar acontecendo, mas enfim, sobre o trabalho de ontem.

Fazendo do trajeto um caminho de longa distância ao diminuir consideravelmente a velocidade constante, Katherine levou aos ouvidos de Andrea todos os detalhes que a jovem garota desejava ouvir desde que saiu da cama naquela manhã. Não eram muitas informações, mas eram o suficiente para deixar a nova agente desacreditada do quão longe tal organização criminosa estava indo.

— Quais as chances de conseguir me escalar para a próxima vez que for atrás deles? — grata não apenas pelas informações, mas também pela confiança que era depositada em seus ombros, perguntava deixando o carro no momento em que haviam chegado ao estacionamento. Katherine respirou fundo.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora