🅀🅄🄰🅁🄴🄽🅃🄰

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– 𝑶𝒊𝒕𝒐 𝒎𝒆𝒔𝒆𝒔 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔.

Para cumprir com a normalidade das últimas semanas mais recentes, o clima frio que já durava além do esperado, recebia o acompanhamento de uma chuva duradoura e que abrigava a sensação com a qual muitos já estavam acostumados. O ano havia virado, os meses corriam como se não houvesse um futuro pela frente, e uma data que marcou cicatrizes em corações, antes radiantes diante do mundo, batia na porta trazendo a lembrança de um fracasso que nunca seria esquecido.

Andreza já não era mais a mesma pessoa, enterrada no trabalho, fazia o que dava para não pensar em tudo o que perdeu no correr do último ano. Pegando um plantão após o outro, a cirurgiã abraçava a exaustão que sentia como uma amiga para o pior momento da sua vida. Se parasse para descansar, Andreza temia não ser capaz de voltar para a sua realidade, temia que a dor em seu peito fosse mais forte do que a sua vontade para seguir em frente apesar de tudo o que aconteceu. Para a ruiva, dar o seu máximo para ajudar os outros foi tudo o que te restou. Não podia fracassar com isso também.

 — Dra Silver, tudo pronto para a cirurgia de retirada de órgãos. Está certa de que pode fazer isso? — ciente da capacidade da médica em sua frente, a moça fazia a pergunta exigida pelo chefe da cirurgia. Andreza respirou fundo, e caminhou na direção da sala indicada pela estagiária em seu encalço.

— Se for para ficar me trazendo recados, terei de pedir para que ceda o seu lugar para um dos seus colegas — suas palavras eram simples, e sorrisos não existiam em seu belo rosto — Entendeu o que eu quis dizer? — em silêncio, a jovem moça não fez nada além de assentir. O aviso havia sido dado, e se esquecer não era uma opção.

No decorrer dos últimos meses, depois de alguma “luta” no tribunal da família, Andreza foi capaz de enfim se desgarrar da sombra deixada por Pietro Delatorres. Agora divorciada, a cirurgiã voltou a utilizar com enorme frequência o seu sobrenome de solteira. Dra Andreza Silver, gostava de como soava. Mas infelizmente, não tinha como não lamentar os motivos para ter chegado a tal ponto.

— Vocês dois — da porta da sua sala mesmo, intimou os agentes — A polícia local encontrou o corpo de um garotinho à beira d’água perto da zona portuária. Quero que cuidem disso, e deixem o relatório sobre a minha mesa até o fim do dia. E por favor, não façam nenhuma merda.

De olho no caminhar dos responsáveis por um serviço que foi levado até a sua mesa, Katherine negou o cochicho deles e voltou para dentro da sua sala. O lugar estava uma bagunça, as persianas viviam fechadas e a porta sempre trancada. Dividida entre pilhas de documentos do departamento, e outras mais, enviadas sem registro com apenas o seu nome no destinatário, a agente caminhava no limite da exaustão. 

De volta aos trabalhos dentro do FBI, não estava sendo fácil para Rivera conciliar as suas responsabilidades com a agência junto do que ainda fazia ao lado de Pietro, mas desistir não fazia parte dos seus planos. Ouviu quando o tio lhe disse ser impossível chegar ao objetivo desejado mesmo com toda aquela persistência, mas todas as vezes em que pensaram em desistir ao longo do tempo que se passou, Pietro recebia um sinal de que sua busca não era em vão. O homem estava sendo torturado, e estando tão perto dele desde que retornou, Katherine também precisava lidar com essa tortura. 

Perto do seu horário de almoço, não estranhou quando bateram em sua porta. Afinal, já imaginava ser o seu tio, e como era do seu costume, não estava errada quanto a isso. Portanto, ficou em silêncio e seguiu tentando fazer ligações entre cada informação que possuía sobre a sua mesa. Eram muitos os nomes, vários rostos que mal conhecia, e apenas um chamou muito a sua atenção. Dentre todos ali, apenas aquele lhe passou a sensação de conhecimento, e talvez não fosse a única com esse sentimento.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora