🅀🅄🄰🅁🄴🄽🅃🄰_🅂🄴🅃🄴

32 2 0
                                    


Com a chegada do fim de semana, também bateu à sua porta a primeira folga após o seu retorno. Andrea não estava contando com isso, não havia dado atenção ao quadro geral exposto pelo diretor todo início de mês. Teria aquele sábado apenas para si mesma, então podia fazer o que não saía da sua mente desde o instante em que vasculhou a lista de chamadas no celular da sua mãe poucos dias atrás. Havia uma pulga atrás da sua orelha no começo daquela manhã, mas ela diminuiu consideravelmente quando enxergou o responsável por abalar o humor de Andreza tão rápido.

Não era tão tarde, mas também não era muito cedo. O relógio na cabeceira de sua cama marcava quase onze horas do dia, e sua mãe claramente não estava mais em casa. Andrea sabia onde ir, o que fazer para ocupar o que restava do seu dia, uma vez que Katherine só poderia dar as caras no horário combinado na noite anterior. A morena estava no trabalho, e lidar com a presença de Marcos Sierra não vinha sendo uma situação muito agradável para nenhuma das partes, mas para Katherine, Andrea julgava ser um pouco mais complicado. Estavam com uma espécie de granada nas mãos, ao menos ela própria estava. E dentro do jogo que se encontrava, a qualquer momento o pino podia ser removido sem lhe dar tempo para nada.

 — Chega disso, que se fodam todos nessa maldita história de merda. — disse a si mesma em um profundo respirar.

Tinha muito o que analisar dali para frente, e cansada de ficar remoendo pensamentos que não serviam de ajuda, deixou o banheiro e vestiu algo mais leve para passar o dia. O reflexo no espelho ainda remetia lembranças dolorosas, mas também esfregava em sua cara a motivação que precisava para seguir em frente apesar dos obstáculos multiplicados em seu caminho. Juan Lucas serviu de bode expiatório naquela tarde tão distante em sua mente, mas ele não estava sozinho, e com essa certeza, Andrea abraçou o desejo de encontrar cada um dos envolvidos em seu sequestro. Entendia não ser um trabalho muito fácil, mas também não era nada de outro mundo. Sabia por onde começar, e o primeiro passo já havia sido dado.

Fazia alguns dias que a janela do quarto não era aberta e as cortinas nunca baixadas, um claro sinal de alerta e busca por privacidade. Andrea compreendia ser uma amostra sobre o seu saber, mas dar importância a coisas simples não era do seu interesse, e agora que tinha certeza sobre quem estava do outro lado daquela janela, se importava muito menos. No entanto, ainda existia assuntos a serem resolvidos, existiam cartas que precisam ser postas sobre a mesa, e pessoas com quem queria muito ficar cara a cara.

Caminhando para fora da sua casa, segurava com segurança a maçã que saciava o seu apetite naquela hora do dia, enquanto sentia o ar fresco bater contra a sua pele naquela manhã tão quente. Seus passos miravam um ponto específico, e notando a falta de movimento desde o primeiro momento, imaginou que estivessem se lixando para a segurança, uma vez que deviam julgar o local como um ponto neutro que não chamava a atenção desnecessária. Não estavam errados, e Andrea admitia isso com um sorriso no canto dos lábios.

Incapaz de manter a sutileza, a jovem se curvou para tentar espiar alguma coisa através da fechadura, então acenou para quem a observava durante a passagem pela rua. Não conseguiria nada por aquele lado, mas se desse a volta, passar por alguma janela ou pela porta dos fundos podia ser mais simples e muito menos suspeito. Não tinha nada a perder, e somente por isso não se preocupava em tomar muito cuidado. Nem mesmo se armou para a empreitada, e estando de folga, era certo não portar a arma do serviço. Com tantas dúvidas voltadas para a sua pessoa, evitar problemas era mais do que apenas essencial. Era evidente, Marcos Sierra não iria aliviar em nada a sua vida, e certamente devia estar de olho em cada passo esperando o mínimo deslize para cair em cima. Afinal, aos olhos de quase toda Los Angeles, Juan Lucas era apenas mais uma vítima, e para o agente Sierra, ela ainda era uma ouvinte que precisava de muitos argumentos para não ser considerada uma suspeita.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora