A Filha do Dono da Máfia

🅂🄴🅂🅂🄴🄽🅃🄰_🅄🄼

Pelos corredores do hospital, a caminho de mais uma importante cirurgia no dia, Andreza ouviu pela tv a informação coberta pelo noticiário local. Enfim os números eram revelados, mesmo que não passassem de suposições por meio de observações silenciosas enquanto o delegado tentava de alguma forma negociar com os assaltantes altamente equipados do lado de dentro do banco central. E assim como todos aqueles que seguiam na sala de espera, a médica se interessou pela ocorrência, pois aquilo poderia significar o adiamento de cirurgias simples para receberem feridos na busca de atendimento imediato. Em pensamento, torcia pelo sucesso dos benfeitores da cidade sem a necessidade de inocentes feridos além do controle da situação. 

— Doutora Silver, não devia estar se preparando para uma remoção de apêndice? Seus internos esperam por auxílio — com o chefe de cirurgia postado ao seu lado, Andreza engoliu a resposta na ponta da língua quando o câmera man mostrou a imagem da chegada de uma equipe montada pelo FBI para tentar contornar o problema que parava quase toda Los Angeles. Viu quando Andrea desceu do carro ao lado de Katherine e Kássios — Se quiser, posso pedir para que alguém a substitua por agora.

— Tudo bem, só preciso dos meus fones — em um profundo respirar, disse simples antes de voltar ao seu caminho anterior. Precisava se limpar para a cirurgia, onde contava com o sucesso daqueles que se inspiravam no seu trabalho.

No lavatório da sala selecionada por ela, Andreza deu play na notícia ao vivo, conectou o bluetooth dos fones e levou um dos lados até o ouvido esquerdo. O arco que circulava a orelha impedia que a pequena peça caísse independente da circunstância, e o som perto do mínimo permitia que pudesse ouvir tudo ao seu redor. No ano, seria a primeira vez que atuaria sem o som ambiente oferecido pela playlist que tanto a acompanhava em sua carreira, mas também era a primeira vez que sua cidade apresentava algo para se tornar notícia em todo o estado de uma forma negativa, e para o seu alerta, sua filha participava de toda a ação. Talvez não fosse o certo, mas sentia que precisava estar atenta a tudo, e assim o faria.

— Senhor, os tenho em minha mira, mas o FBI está posicionando os seus snipers não muito longe de onde estou — não perdendo a visão do que se passava nas proximidades, e ainda sendo capaz de focar sua visão em cima dos alvos a serem eliminados quando ordenado, Homero passava as seguintes informações.

— Sabe porque estamos aqui, então não faça nada até que seja absolutamente necessário. Compreendido?

— Sim senhor. 

Ciente de que o FBI seria acionado em algum momento e prevendo a presença de Andrea em meio a equipe selecionada, desde o início do circo armado no grande centro de Los Angeles, Pietro cedeu as funções a serem seguidas por Homero e se misturou em meio aos curiosos que assistiam a tudo de perto. Viu quando o comboio federal chegou, e viu também toda a tranquilidade transmitida nas breves ações da sua filha. Não era o que queria admitir àquela altura do jogo que disputava, mas se pensasse menos em poupá-la do mundo em que vivia, não teria a perdido da forma como perdeu, e com certeza deixaria a Belmont em mãos melhores do que as suas já foram algum dia. 

— Até o momento, foram contabilizados pelo menos três ou quatro assaltantes muito bem armados e protegidos pelo colete a prova de balas — recebendo os detalhes adquiridos até o momento, o diretor do FBI analisava todas as suas opções enquanto fazia sinal para dois dos seus agentes tomarem posição com fuzis de precisão — Entre os reféns, treze funcionários contando os cinco seguranças, e dois deles estão feridos.

Enquanto Kássios projetava a melhor ação para o que tinha à sua frente, Andrea observava tudo à sua volta, desde a poderosa construção que era o banco central, até os inúmeros cidadãos curiosos que eram mantidos distantes pelas barreiras policiais. Ao seu ver, aquelas pessoas não tinham amor à própria vida, e certamente poderiam retardar qualquer ação mais forte que pensassem em usar contra os criminosos do lado de dentro daquelas paredes. Uma bala perdida naquela situação faria um estrago enorme, além de poder servir de bode expiatório para a fuga de algum delinquente. Independente das consequências, eles só não deviam estar ali.