A Filha do Dono da Máfia

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No relógio eram marcadas pouco mais de vinte e duas horas, e apesar da pouca energia fornecida para o local onde Andrea contava os minutos para se apresentar, a noite de lua cheia mantinha uma iluminação muito satisfatória. O ambiente não era propício a reações contra armadilhas tão bem detalhadas, pois o beco sem saída não permitia fugas, diretas, e se fosse cercada por onde entrou, só podia agir de frente. Andrea fez o seu dever de casa, sabia bem o que esperar de Conradh, e não era diferente sobre a previsível atitude do FBI.

Pela manhã, antes de tomar a decisão de ir visitar a mãe, teve o seu momento ao lado de Katherine, e ouviu com atenção quando ela comentou sobre as informações entregues nas mãos do diretor. Considerou ser uma dupla jogada do seu contato, o que pensou ser uma trama muito inteligente da parte dele. No entanto, diferente do que Katherine estava esperando, mesmo com todos os argumentos depositados sobre o seu colo, a Delatorres decidiu seguir em frente.

“Para o nosso bem, espero que não esteja por lá quando a batida federal tiver início.”

A espreita e de uma distância segura, observando com seu binóculos a posição de alguns agentes, Andrea ouvia as últimas palavras que escutou de Katherine naquela manhã ressoarem em sua mente como um incômodo eco sem fim. Armada e esperando pelo horário entregue pelo traidor dentre os homens de Conradh Villasanti, a ruiva cobria metade do rosto com uma bandana escura, e camuflava a visão que tinham da sua pessoa vestindo trajes completamente diferente daquilo com o qual os outros estavam acostumados. Sabia não ser o suficiente, principalmente se terminasse detida no fim da noite. Mas ao seu ver, dentro de um jogo tão complicado quanto o que se envolveu até o pescoço, as possibilidades mais baixas ainda eram muito válidas.

— Senhor, temos movimentação no lado norte — ouvindo o chamado de Carlo Torres, Katherine seguia as suas palavras em busca não apenas do alvo da noite, mas também de Andrea. Queria acreditar em algo diferente, mas tinha certeza sobre a presença da ruiva. Então só restava saber em que ponto ela se encontrava.

— Atenção aos movimentos suspeitos, agente Torres. Não podemos correr o risco de ferir inocentes — em um local tão deserto, o agente quase o questionou sobre a certeza das suas palavras.

— Nessa parte da cidade, não se vê nem mesmo cães de rua, senhor — ao lado do tio, Katherine saciava a vontade do colega de trabalho. Marcos a encarou imediatamente — O trabalho é simples, não vamos pôr obstáculos onde não tem.

— Tudo bem, agente Rivera — Kássios desativou o seu ponto de comunicação — O que está acontecendo com você?

— Eu estou, ou não estou no comando dessa operação? — enfrentar o tio dessa forma com plateia nunca havia acontecido antes, mas sentia ser necessário se quisesse evitar certas catástrofes.

— Agindo dessa forma, não tenho mais tanta certeza sobre ter sido mesmo uma boa ideia deixar tudo nas suas mãos, agente.

— O senhor é um dos poucos diretores que delegam seu comando na linha de frente, e ainda se compromete a estar presente durante a ação — tomou a frente do homem, pois o comboio que entregaria as mercadorias da Devil Saints chegava em marcha lenta — Entendo a sua dificuldade em ficar de fora, mas devia saber que não dá pra fazer os dois. Não pode passar a liderança, e ainda sim querer liderar.

— Não sei no que está pensando, senhor — diante o profundo respirar do diretor, Marcos tocou o seu ombro — Mas preciso dizer que a agente Rivera está com a razão, e diante da situação em que estamos, não vejo esse como um bom momento para discutir o certo e o errado.

De frente para o problema, Pietro agradecia o silêncio dos seus aliados enquanto apontava um microfone parabólico na direção em que avistou a posição do diretor do FBI. Enquanto ouvia o breve desentendimento entres os federais, assim como Katherine, o homem também tentava encontrar o posicionamento de Andrea. Porém, a filha demonstrava ser alguém muito difícil de encontrar em ambiente como aquele.