A Filha do Dono da Máfia

🅃🅁🄸🄽🅃🄰_🅄🄼

– 𝑼𝒎 𝒎𝒆̂𝒔 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔 𝒅𝒂 𝒅𝒆𝒔𝒄𝒐𝒃𝒆𝒓𝒕𝒂 𝒔𝒐𝒃𝒓𝒆 𝑷𝒊𝒆𝒕𝒓𝒐.

Em um amanhecer arrastado para alguns dos agentes mais conhecidos do estado, uma nova intimação era entregue na residência dos Delatorres, onde Andreza a recebia antes mesmo de poder ir atrás de um café decente para começar o dia da forma como gostava. Começava a se cansar de tudo aquilo, não aguentava mais ver a filha indo e vindo do departamento do FBI e nada ser resolvido. Andrea estava a cada dia mais para baixo, cada dia menos motivada para deixar os limites da sua casa a não ser por causa de algum chamado do diretor Kássios Rivera. Era essa a sua rotina desde aquela noite, e a doutora não conseguia mais engolir nada disso. 

— Sra Delatorres, se eu puder vê-la antes de ir para casa, agradeceria muito — ainda porta esperando algum dizer vindo da mulher, Richard pediu mantendo acesa uma pequena faísca de esperança. Andreza olhou para trás, mirou as escadas e nada da filha aparecer. Respirou fundo com isso, pois sabia que a voz do jovem rapaz era ouvida por Andrea, que apenas não queria aparecer.

— Talvez esse não seja o momento, Richard — amenizou a falta da filha — Ela não está muito bem com todos esses acontecimentos, mas pode ser que consiga alguma coisa quando se encontrarem no prédio do FBI. 

— Estou fechando o meu turno — sorriu sem graça — Mas tudo bem, consigo entender o lado dela. Provavelmente eu estaria da mesma forma. Obrigada mesmo assim.

— Sinto muito, Richard.

— Eu também sinto, Dra. Delatorres — sendo uma despedida, o jovem e audacioso agente se afastou na direção da saída, e olhou para cima na intenção de encontrar Andrea na sacada do seu quarto, mas não obteve sucesso. Ir para casa foi realmente tudo o que lhe restou.

Assistindo o evanescer do amigo da filha, Andreza logo voltou para dentro de casa quando não podia mais o ver, e mirando a cozinha para preparar algo para o café da manhã, deixou sobre a mesa o pequeno envelope que passou a conhecer tão bem. Frustrada com toda a situação ocorrida na frente dos seus olhos, só podia descontar o seu ódio e rancor no ato de cozinhar. Fazer uso da faca pensando em como reagiria se estivesse de frente para o marido outra vez, a deixava pensativa, considerando atos que nunca pensou ser capaz de imaginar em algum momento da sua vida. Pietro estava causando muitas mudanças, e Andreza não estava gostando de nenhuma delas.

— As laranjas te fizeram algum mal, mãe? — surgindo com a mensagem judicial em mãos, Andrea segurou o olhar da mais velha. Apesar de estar brincando, não possuía sorrisos estampado em seu rosto, sua feição ainda era a de uma pessoa quebrada por dentro. Andreza sentia tanto não poder ajudar mais.

— Tento imaginar que são algum membro do seu pai — para isso a mais jovem tentou sorrir, mas não era nada com o qual a cirurgiã geral estava acostumada — Para quando marcaram o novo interrogatório?

— Esse início de tarde — deixou o documento aberto sobre a mesa — Com sorte, talvez seja o último. Pelo menos é o que espero.

— É o que esperamos, meu amor — Andreza não entendia os pensamentos dos envolvidos na investigação que sua filha sofria, mas cruzava os dedos para que aquela fosse mesmo a última vez em que a chamavam com a intenção de conseguir confissões que não existiam. Já passava da hora de assumirem a inocência de Andrea, era nisso que Andreza se apegava toda vez que a filha deixava sua casa com direção ao departamento do FBI novamente.

No estacionamento do trabalho, quando desceu do seu carro, Kássios segurou com força as chaves em suas mãos, encarou o céu nublado e respirou fundo. Uma sensação estranha correu por todo o seu corpo, e sem saber o que aquilo poderia significar, o homem apenas negou o ocorrido, acionou o seu alarme e se encaminhou na direção da entrada do prédio. Tinha muito o que fazer durante todo aquele dia, e estando a espera de Andrea ao meio dia, sentia que arrastar o seu cotidiano até determinado horário não seria nada fácil. O dia mal havia começado, e o homem já imaginava o cansaço que vinha pela frente.