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Com o início de mais uma semana, Andreza cuidava de enviar algumas mensagens para os seus estagiários avisando que seria necessário adiar a sua agenda daquele dia em pelo menos uma hora. Não estava preocupada em dar as explicações, então se limitou apenas em ceder a ordem necessária para isso. 

Parada na frente da própria casa e com o celular ainda em mãos, a cirurgiã negava a necessidade de precisar se explicar sobre as suas decisões pessoais, achava ser um absurdo tais intervenções. Coitado do chefe de cirurgia, se viesse lhe dizer algo quando colocasse os pés dentro daquele hospital, sentiria pena dele quando terminasse de argumentar. Afinal, mesmo que em busca do melhor currículo profissional possível, fazia algum tempo que sua filha vinha sempre em primeiro lugar.

— Mãe, ainda está aqui? — com suas chaves nas mãos, Andrea checou o celular — Não devia estar no hospital?

— Você está retornando a sua função dentro da corporação do FBI, meu amor — abraçou os ombros da filha quando a casa foi trancada, e também guardou o próprio aparelho — Queria te dar uma carona até o departamento da agência.

— Vocês não venderam nada do que é meu, então eu ainda não estou a pé — brincou exibindo sorrisos. Isso iluminava ainda mais o dia de Andreza.

— Não importa — tomou para si as chaves da mais nova e seguiu na frente, seu carro estava na frente do portão — Venha ou vamos nos atrasar, e não é essa a impressão que deseja causar no seu retorno, ou é?

— Depois de tudo, o atraso é a menor das minhas preocupações, mãe — respirou fundo e se jogou no banco do carona — Dá pra acreditar que já se passou quase um mês, e ainda não conseguiram nada a respeito do Juan? — riu em negação — Quando foi que o FBI se tornou tão incompetente assim?

— Aquele departamento sofreu muita coisa desde aquela ocorrência, querida — nunca satisfeita por relembrar o que a filha passou, tentou dissipar o clima pesado que se instalava — A transferência de Katherine foi o primeiro baque, e tudo ficou muito pior quando a máscara de Richard foi tirada.

— Segundo o que chegou até mim, essa foi a única operação bem feita no decorrer dos últimos meses — sua insatisfação podia ser observada de longe — Uma pena não terem conseguido a prisão dele nesse mesmo trabalho — novamente riu em negação — Parando pra pensar um pouco melhor, talvez não tenha sido tão bem feita da forma como dizem.

Sob um olhar minucioso da mãe, Andrea ligou o som do carro em um tom agradável, cruzou os braços e recebeu o silêncio como uma companhia agradável. Da maneira como sempre lembraria, o percurso não era muito longe, e foi feito dentro de um clima bastante acolhedor. Amava muito a sua mãe, e tê-la respeitando os seus limites só fazia aumentar a intensidade desse sentimento. Durante o tempo que vinha se passando, era bom não ter que falar sobre tudo.

Na entrada do prédio onde tinha certeza sobre precisar não se importar com o número de olhares que caíram em peso sobre si, Andrea respirou fundo, assentiu para si mesma e sorriu na direção de sua mãe. Se pudesse retornar ao tempo de criança, certamente abraçaria a cirurgiã e pediria para voltar para casa. Uma pena mal conseguir se lembrar do que viveu de verdade naquela época. Se perguntava quando foi que tanto se apagou da sua mente dessa maneira, e infelizmente não conseguia obter qualquer resposta que fosse de valor. Mas por ser algo do seu passado, não via problema na situação, porém, o que tinha na sua frente determinaria o crescimento do seu futuro, precisava se preparar com o que estava nas suas mãos.

— Vai me ligar se alguma coisa não estiver te fazendo bem? — com a filha abrindo a porta para deixar o carro, Andreza perguntou derramando preocupação. 

— Eu não tenho mais apenas dez anos, mãe — sorriu junto da mais velha, fechou a porta e se pendurou na janela — Nos vemos no jantar.

— Não vamos almoçar juntas? — Andrea duvidava da possibilidade de existir de verdade uma ponta de desapontamento ali, mas precisou sorrir ainda mais diante do seu equívoco.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora