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- 𝑻𝒓𝒆̂𝒔 𝒎𝒆𝒔𝒆𝒔 𝒅𝒆𝒑𝒐𝒊𝒔.

Do alto do terraço do prédio que mesmo embargado ainda era seu, Pietro observava o vagaroso movimento pelas ruas da sua cidade. Com as mãos guardadas pelo bolso da calça que vestia, o ex-empresário deixava seus pensamentos vagarem no mesmo ritmo da cena acompanhada pela sua visão longe dali. O horizonte parecia distante, e ao mesmo tempo estava tão perto. Pensou ele em silêncio ao respirar fundo, sentindo um leve ardor aquecer os seus olhos enquanto um nó se formava na sua garganta.

Por muito tempo, Pietro Delatorres foi considerado um homem de aço, alguém tão firme em sua postura que era difícil até mesmo a imaginação dele rendido aos sentimentos de culpa. Mas desde o desaparecimento de sua única filha, tanta coisa mudou em sua vida, e Pietro conseguia enxergar que nada era para melhor. Derrotado de formas que sequer podia imaginar, o líder da máfia mais procurada pelo FBI nos últimos anos começava a se sentir sem forças para seguir em frente. Ainda possuía todos os recursos necessários, mas não sabia mais por onde procurar, não tinha mais ideias para ao tentar antecipar os passos daquele que se tornou o seu pior pesadelo. 

Pietro possuía uma boa memória, se lembrava de cada detalhe da noite em que quase voltou a cair nas mãos do FBI em uma estratégia armada por Conradh. Pensou estar um passo à frente, mas não previu a denuncia anônima provacada por algum infiltrado por parte do inimigo. Chegou dentro do horário que foi programado, rendeu quem conseguiu encontrar no local, mas com a batida federal, por pouco não conseguiu sair junto de alguns dos seus. E para o complicar ainda mais, logo depois recebeu o contato de Homero. O último dos seus intermediários dentro do FBI havia caído. Não ficou feliz com nada disso, mas ao menos serviu para que Kássios levasse a situação de Andrea a público. Mesmo em desacordo com a posição dos federais, Pietro acreditava ser mais vantajoso os ter agindo diante da visão pública. Uma pena o tempo ter se estendido mais do que todos poderiam esperar para aquela situação.

Doze semanas haviam passado como nada sobre as suas cabeças, noventa dias de buscas sem qualquer resultado mínino a ser considerado. Três meses, que somados aos passados antes deles, ultrapassava com folga os recursos que a central do FBI se dispôs a disponibilizar para aquele trabalho. Kássios ainda insistia em não desistir da sua agente, insistia em lutar por uma causa que seus superiores já haviam dado por encerrada faziam quinze dias. Porém, as suas forças para passar por cima da direção da agência chegavam no limite. O diretor queria permanecer na missão de resgate, desejava seguir em frente até finalmente poder dizer que Andrea está bem e em casa. No entanto, poderes maiores que os seus vetavam as suas mãos e invalidavam todos os seus argumentos. Assim como a polícia local acabou por fazer meses atrás, o departamento da sede do FBI em Los Angeles, também levava a público a declaração que deixava Katherine Rivera sem chão.

— Após incansáveis buscas auxiliadas por mais recursos do que o nosso departamento podia oferecer, infelizmente chegamos ao ponto que tentamos tanto empurrar… — Kássios havia se recusado a participar do encerramento daquele trabalho, se recusava a se colocar na frente das câmeras e dizer para tantos espectadores que com o passar de tanto tempo, infelizmente, as chances de encontrarem a sua agente com vida eram quase nulas.

Kássios Rivera não era pai, mas com Katherine em sua vida desde a partida precoce do irmão, sentia como se fosse. Então, para o diretor não era difícil se colocar no lugar de Andreza e imaginar a dor que a mulher deveria estar sentindo com aquele desfecho infeliz. Andrea era filha única, e assim como era boa agente, Kássios estava certo de que era uma filha ainda melhor. Inconformado com tudo o que acontecia na frente dos seus olhos, o diretor ignorou a postura do seu superior frente a mídia, deu as costas e se retirou de cena. Estava cansado, um ar puro longe dali lhe cairia bem.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora