🅀🅄🄰🅁🄴🄽🅃🄰_🄳🄾🄸🅂

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A manhã começou da mesma forma como terminou a turbulenta noite que tiveram. O passar das horas não fazia parecer que teriam alguma trégua durante o dia, a chuva insistia em cair apesar da mudança de intensidade. O clima era frio, e o trabalho do FBI era necessário em uma área que causava inúmeras perguntas ao seu diretor.

Quando recebeu aquela ligação em meio a madrugada, Kássios Rivera tentou não demonstrar a si mesmo toda a surpresa que sentia. Haviam encontrado ela, não teve uma resposta sobre como, mas foi informado sobre o resgate através de um tom choroso e carregado de alívio. Andreza nunca esteve tão feliz no último ano, e para isso o homem conseguia sorrir com sinceridade. Pensou em avisar Katherine, mas se a conhecia bem, estava certo de que a garota tinha algum envolvimento em toda essa ocorrência. Porém, assistindo de perto o trabalho da perícia federal, nunca torceu tanto para estar errado quanto às próprias deduções.

— Senhor diretor, nenhum sinal de Conradh Villasanti — a frente daquela investigação, Carlo Torres se aproximava do chefe — Certamente ele conseguiu escapar, ou nem mesmo esteve por aqui durante esse massacre inimigo.

— Se ela estava aqui, esteja certo de que ele também estava, agente Torres — tendo aprendido a não duvidar da audácia e do ego dos criminosos mais procurados pela sua agência, Kássios encarava o horizonte negando tudo o que tinha na frente dos seus olhos — Quando terminar com isso, quero que cuide pessoalmente do relatório. O garoto não estava fichado, então, saber o porquê dele estar aqui é a primeira grande tarefa.

— Mas senhor, isso já não é meio óbvio? — Kássios acreditava que sim, mas era preciso provas e argumentos válidos para levar até a família do rapaz. Com tantas mortes naquele lugar, mesmo que todos fossem criminosos ligados diretamente ao movimento da Devil Saints, não era tão fácil concretizar os motivos do garoto para estar ali. Afinal, podia ser apenas uma questão de lugar errado na hora errada.

— Meu celular ficará ligado, me ligue assim que tiver alguma novidade — sem ceder uma resposta direta para o agente, o diretor caminhou até o seu carro — Duvido que encontremos alguma coisa concreta, mas quando estiver pronta, eu quero a balística do corpo desse garoto sobre a minha mesa. Entendeu?

— Senhor, perdão a intromissão, mas acha que pode ser ele? — acompanhando os passos do diretor e deixando claro todo o seu respeito, perguntou duvidoso. Kássios respirou fundo.

— Apesar de tudo o que aconteceu, eu espero com sinceridade que não, agente Torres — em um aceno positivo do mais novo, Kássios entrou em seu carro e seguiu com o seu caminho.

Pelas ruas da cidade, o diretor do FBI respeitava as sinalizações enquanto tentava não ceder aos pensamentos que ameaçavam dominar a sua mente. O tempo havia passado, e ele ainda se via tentando entender o que levou seu melhor agente a destruir a carreira daquela forma. Na visão do homem, Richard e tinha um futuro promissor dentro da agência, um tão grande quanto o dele mesmo, talvez até melhor. Mas o que caiu em suas mãos após a isca jogada com precisão mudou tudo, e sem reação para o que teve esfregado bem na sua cara, Kássios Rivera viu o agente traidor desaparecer sem ceifar a vida de nenhum colega. Na ocasião, o mais velho pensou no que teria acontecido se Katherine estivesse do seu lado naquela noite, e assistindo de perto a forma como ela mudou nos últimos meses, Kássios apenas agradecia pela decisão tomada tempos antes. Em segredo, o diretor temia que a sobrinha fosse capaz de tirar a vida do, até então, amigo.

De pé de frente para a janela daquele quarto, com os braços cruzados e uma postura firme, Katherine assistia o cair da fina chuva que insistia em cair. Já não era mais tão forte, mas ainda molhava quem se aventurava debaixo dela por muito tempo. Estava satisfeita com a brisa que soprava os seus cabelos, com o ar frio que trazia utilidade para o casaco que cobria o seu corpo. Não mais preocupada com a tormenta de todos os dias passados no último ano, respirava fundo e agradecia por ter sido forte o suficiente para chegar onde estava no presente momento.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora