🄳🄴🅉🄾🄸🅃🄾

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Com a chegada de mais uma manhã com a agenda lotada de compromissos da empresa, Pietro ainda pensava no jantar do último sábado em sua casa. Cuidaria dos assuntos empresariais, mas também precisava de tempo para pensar com clareza no que fazer com relação a filha e a agente do FBI. Possuía algo em mente, mas não podia agir sem antes planejar tudo. Era uma ação arriscada, mas não apenas para ele.

Ainda era cedo, mas já estava na hora de sair de casa e ir cuidar dos assuntos que tanto assolavam a sua mente. Passaria na cozinha para tomar um café e se despedir das mulheres da sua vida, mas Andrea já não estava mais em casa, havia saído mais cedo com a intenção de raptar Richard e Katherine pelo caminho. Não os avisou sobre o feito, pois queria pegá-los completamente de surpresa, assim como fizeram na sua vez. Então não podia se atrasar, e para aumentar o seu desafio, o tempo em suas mãos ainda era curto. Corria o risco da multa e de um possível acidente, mas fazia tempo que havia se apaixonado pela ideia do perigo. A alta velocidade dentro das ruas da cidade não era nada em sua visão.

Deixou os limites de casa às pressas, mas não sem antes pedir à mãe para que se despedisse de Pietro por ela, e assim Andreza o fez quando recebeu o homem para um breve e simples café da manhã. Estaria sozinha a partir da saída do marido, não teria nada para fazer pelo restante do dia, ou assim pensou até o instante em que recebeu uma ligação única.

Anos haviam se passado, Andreza contava cada um deles, e ainda se lembrava da sensação que era poder chegar a sala de espera e dizer aos familiares de algum paciente seu que a cirurgia havia sido um sucesso e que tudo ficaria bem. Mas infelizmente, as boas lembranças não eram tudo o que se mantinha vivo em sua mente. Também se lembrava do dia em que foi a sua vez de ficar angustiada naquela sala onde por muitas vezes precisou ser forte e relatar os detalhes do processo que não foi o suficiente para salvar uma vida, se lembrava de como o choro cortou a sua garganta mas não saiu de lá até o momento em que sua ficha finalmente caiu. Perder os pais doeu tanto que não pôde suportar o peso de permanecer no hospital, e se culpando por não ter tido a capacidade necessária para manter bem os seus pais, aceitou não se sentir capaz de ajudar mais ninguém. Havia sido quebrada em pedacinhos de uma só vez, mas não podia permitir aquele ser o fim do seu mundo, pois ao seu lado e também em prantos, sua garotinha mostrava precisar dela mais do que nunca. Andrea era uma criança, não entendia muito da vida na época, mas amava os avós mais do que tudo. Cabia a Andreza ser forte pelas duas, e mesmo com todas as dificuldades que precisou enfrentar ao longo do caminho durante todo aquele trajeto, ela foi.

– Parece ótimo para mim, nos vemos em breve — e assim a Delatorres encerrou aquela chamada em seu celular. Possuía um compromisso para o fim do dia, algo novo, mas que tirou um divertido sorriso dos lábios de Andrea quando leu a mensagem enviada para o seu celular.

Não era a situação em que vivia atualmente, mas por muito tempo a jovem Delatorres se viu como um empecilho para o progresso real de sua mãe. Conhecia a história por trás de tudo, se lembrava vagamente de como a situação se seguiu após a perda dos avós, e ainda assim era difícil não se sentir a principal responsável pela enorme desistência da mãe. Ao menos podia sorrir com a enorme possibilidade de ter Andreza de volta a atuação em sua profissão, uma que a mulher nunca escondeu amar, e que Andrea admirava a ponto de colocá-la em segundo na sua lista pessoal, para o caso da carreira no FBI fracassar antes de chegar perto do sucesso. Ainda se lembrava do sorriso divertido da mãe quando disse essas palavras, havia sido único e impagável.

Tendo cumprido com a primeira parte do que havia planejado para o seu dia, sorria para o celular enquanto caminhava ao lado dos amigos até a entrada do departamento, onde o diretor pessoalmente esperava por suas chegadas. Não entendia o motivo, mas esperava ser algo muito importante devido ao tamanho daquela falsa bajulação. Principalmente ao notar o profundo respirar por parte de Katherine, e o claro descaso vindo de Richard. Kássios Rivera apenas manteve a sua seriedade.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora