A Filha do Dono da Máfia

🄽🄾🅅🄴

Ter o FBI em uma investigação sobre um caso aberto pela delegacia de polícia era uma situação muito comum para o estado da Califórnia. Assim como em qualquer outro lugar no país, crimes que necessitavam de uma investigação mais profunda eram sempre repassados para as grandes organizações do governo. Naquela situação, o FBI havia sido chamado porque o assunto cabia em sua jurisdição. Se fosse um caso de atentado terrorista ou algo parecido, certamente teriam acionado a Cia. Da mesma forma que chamariam pela NSA se tudo se tratasse de uma ameaça desconhecida direta contra o governo americano. Trabalhavam em conjunto algumas vezes, mas isso não significava que costumavam ser bons amigos.

— Bom, parece que a cena do crime causou alguma repercussão — avaliando o local ainda de dentro do carro, Andrea observava a multidão em volta da área cercada e protegida por policiais claramente nada satisfeitos com toda aquela situação. 

— Às vezes me esqueço de como a população pode ser curiosa com o que não é da conta da opinião pública — Katherine respirava fundo ao receber todos aqueles olhares sobre eles. Haviam acabado de chegar na cena do crime, e com tanta tensão presente no ar que inundava os seus pulmões, só conseguia pensar na hora em que conseguiria ir para casa.

Com a chegada do FBI, uma passagem foi aberta para que os agentes pudessem passar pela multidão e chegar até o corpo da vítima. Apenas seguindo os passos das suas colegas, Richard se mantinha preso ao silêncio mais profundo, deixando que apenas seus pensamentos trabalhassem antes de qualquer comentário que fosse desnecessário para o momento. Estava sem assunto, e apesar de estar ciente de muita coisa ao seu redor, ainda digeria fatos que não podia dizer que tinham o pegado de surpresa. Inteligente e sempre muito observador, conseguia enxergar mais do que os olhos podiam ver. Estava bem, apenas não tinha clima para estar tão perto e em um trabalho tão impuro como aquele.

Líder do trio enviado para a operação de campo, enquanto Katherine pegava algumas informações e discutia tudo o que pudesse ser necessário com o delegado presente no ambiente, seus colegas cuidavam de examinar eles mesmos o que julgavam ser uma visão perturbadora. Andrea jurava nunca ter visto algo parecido antes, a não ser em uma das muitas séries que costumava acompanhar em seu tempo livre. Richard, por outro lado, imediatamente ligou o caso em suas mãos a um outro arquivado há algum tempo.

O corpo estirado naquele beco sujo de uma avenida pouco movimentada era de uma mulher, uma jovem de aparentemente perto da casa dos vinte anos de idade. Richard pensou ser um padrão as marcas nos pulsos e os cortes nada sutis ao longo do abdômen. Claramente a jovem havia tentado lutar por sua vida, as lesões em seus dedos deixaram isso muito evidente na visão do agente.

— Por isso nos chamaram — parada nas costas dos parceiros, Katherine negou o que via de forma superficial. Não precisava de muito para ligar aquele ataque às ações da organização criminosa Devil Saints — Confesso que demoraram para voltar a aparecer.

— Pode até ser, mas isso não tira o fardo de que talvez seja nossa a culpa de ter mais uma vítima para levar até a necrópsia do FBI — acessando em seu celular o arquivo que precisava para se inteirar daquela investigação, o entregou nas mãos de Andrea — Não houve muita divulgação sobre esse caso, pois ele acabou sendo arquivado poucas semanas depois de ser aberto por falta de informações e pistas para ir mais além. Mas pelo pouco que foi levado até a mídia, acredito que deva se lembrar dele.

— Seria uma lembrança mais agradável se tivessem pego os responsáveis, mas sim, as lembranças são meio vagas, porém, ainda muito reais — se aprofundando um pouco mais naquilo que possuía em uma das suas muitas pastas particulares em seu quarto, Andrea encarou a jovem naquele chão — É difícil dizer se estamos atrás do mesmo assassino, pois imitadores costumam ser bem populares nesta área em específico.