A Filha do Dono da Máfia

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Em um apartamento na cobertura do prédio mais popular entre os grandes no centro da cidade, com um copo de whisky pela metade e uma visão privilegiada oferecida pela sacada através do vidro blindado que o protegia de tudo e de todos, Conradh ouvia com atenção as palavras de um dos seus colegas mais próximos. Não tinha amigos, não cedia aberturas para ninguém se aproximar tanto, tão pouco com a intenção de um rótulo tão comum, mas que era o responsável por inúmeras traições coordenadas com paciência e muita eficiência ao final de tudo.

Conradh Villasanti, um psicólogo renomado dentro do seu estado, conhecido por ser o melhor dentro da sua área de trabalho. Dono de uma clínica onde a sua especialidade se destacava, fazia de suas horas vagas o epicentro do auge da sua outra carreira. Ser um historiador não traria tantos benefícios quanto a psicologia, então soube bem onde investir quando começou um jogo que não deixaria de disputar até o dia em que saísse vitorioso.

— Depois de cuidarem da eliminação do primeiro aluno, parece que decidiram recuar, senhor. Não era o que esperávamos, mas ao menos nos beneficia de alguma forma — três passos atrás das costas do homem, dizia devagar — Fomos informados do que pretendem fazer, sendo assim, poderíamos antecipar os seus passos e passar na frente. É uma jogada ambiciosa, mas sairia como um tiro pela culatra para eles.

— Ambiciosa mesmo é essa sua ideia, Jumper — sua paciência era o que o tornava tão diferente dos outros, a leveza e o tom calmo da sua voz causava arrepios em situações que a irritação deveria o dominar — Ainda não tenho certeza se é algo dentro dos planos do líder deles, mas quando essa operação acontecer, o FBI estará lá para uma batida “surpresa”, ao menos em tese — soltou um longo suspiro, então se virou para o seu funcionário mais leal — Existem delatores dos dois lados, e a Belmont está ciente disso, além de saber de quem se trata o traidor entre os seus. Indo por essa lógica, se meter no que está para acontecer na noite de amanhã seria o mesmo que nos dar um tiro no pé. Muito irá acontecer, e me aproveitar de tudo isso é o que poderei fazer de forma simples e sem correr quaisquer riscos. Serei apenas um espectador muito atento, pois o meu próximo passo dependerá do resultado do fiasco que está por vir.

Naquele início de tarde, deitada sobre o sofá e apoiada sobre o colo de Katherine com o celular erguido na frente do seu rosto, Andrea respondia aos stories do seu instagram com paciência e tranquilidade, hora ou outra arrastando a atenção da morena para um ou outro reels que achava ser muito engraçado. Katherine tentava dar uma atenção a mais para a série que assistia, mas até aquele momento não vinha tendo muito sucesso sobre isso.

Era cedo quando Andrea bateu em sua porta, ela mesma havia acabado de sair da cama para um café qualquer antes de voltar a se prender no quarto para uma nova rodada de sono. Porém, a chegada da ruiva surgiu como um drástica mudança para os planos feitos até ali, pois em suas mãos Andrea carregava duas sacolas para um café reforçado e muito saudável. Katherine não estava preparada para nada daquilo, mas recusar não foi apresentado como uma opção válida, lhe restando apenas se render e ajudar a Delatorres na cozinha durante as próximas horas que se seguiram.

Passavam do meio dia com facilidade, mas se sentindo satisfeitas com a primeira refeição do dia, não estavam preocupadas em pedir o almoço, tão pouco se darem ao trabalho de prepará-lo. Katherine não era assim tão fã da cozinha, e enquanto seu estômago não indicasse o presságio do fim do mundo, Andrea não se incomodaria com nada.

— É nisso que dá confiar no primeiro que aparece na sua frente — frustrada com o ocorrido com a protagonista, Katherine respirou fundo.

— Se fosse só pela confiança, ela ainda teria um ponto comigo — Andrea se virou para também encarar a tela. Já havia assistido aquela temporada inteira — Mas tudo isso aconteceu por causa de uma noite de cama interessante, e por mais nada. Se ela estivesse mais focada na investigação, e não em sair da seca, provavelmente teria descoberto com quem estava lidando antes de cometer um erro grave como esse.