🄲🄸🄽🅀🅄🄴🄽🅃🄰_🅂🄴🄸🅂

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Em um amanhecer distante do último ato que era posto, apesar de alguma dúvida, sobre as costas de Pietro Delatorres, o homem observava com cuidado o movimento nas ruas próximas ao seu posto de segurança. De pé frente a janela principal, levou as mãos até os bolsos da calça e flexionou de maneira sútil os joelhos por breves segundos. Estava ali fazia horas, esperando pelo momento em que Andrea deixaria os limites da casa fora do seu horário habitual. No entanto, mesmo com o passar de alguns dias, sua filha ainda permanecia agindo da forma como era esperada por todos. 

Assistiu ao que foi deixado para trás naquela noite, notou como piedade ou compaixão não fazia parte dos sentimentos de quem executou a sangue frio cada uma daquelas pessoas. Pensou em como era difícil para ele mesmo, em como não conseguia deixar de pensar na possibilidade de tudo ser obra de sua amada e querida filha. Não queria nada disso para ela, e mesmo que não aprovasse a sua entrada para o FBI, também não a enxergava como parte da Belmont. Se em algum momento acabasse perdendo sua família por causa daquilo que o cercava, Pietro assumia jamais conseguir se perdoar, e por esse motivo trabalhou tanto para manter essa parte da sua vida em segredo. Sentia não ter dado ouvidos a tudo o que era dito por Homero, afinal, podia estar vivendo uma história completamente diferente se o seu laço com a Belmont ainda fosse uma enorme incógnita sobre a mesa dos federais.

— Confesso ter feito piada quando me disseram que você não dorme há dois dias, mas agora, vendo o estado demonstrado pelo seu semblante. Acho até que dois dias é pouco — trazendo ao menos um café para manter o homem desperto, Richard parou ao seu lado e respirou fundo — Se continuar desse jeito, não vai demorar para que ela volte aqui com toda aquela audácia de antes, e exige o mínimo de privacidade.

— Você não sabe o que fala, garoto — aceitou o café e deu as costas para janela — O que está fazendo aqui?

— Fiquei sabendo que Conradh está armando um cerco em busca da sua cabeça — de frente para o mais velho, o viu apenas assentir — Então é mesmo verdade, você não está planejando revidar, tão pouco esperar por ele com uma retaliação montada. Estou impressionado.

— E por tão pouco, quanta falta de ambição — Pietro não pensou que estivessem tão amigos, mas era óbvio demais que a informação recebida pelo jovem rapaz partiu do seu braço direito.

— Entendo que não queira queimar o filme do seu informante, mas morrer agora também não é uma ideia muito boa — sorriu sozinho — Talvez fosse um favor para muitos, mas com certeza ainda não é o momento.

— O seu lado federal ainda suspira em algum lugar aí dentro, não é? — cruzou os braços e fez da mesa em suas costas um assento apropriado para o momento.

— Não importa as circunstâncias, você será sempre uma pedra no sapato, Pietro. O que não quer dizer que precise se esquecer de quem você é — Delatorres não tinha certeza se estavam o entendendo — Ela ainda não te perdoou, então não se atreva a desistir antes disso.

— Agora estou captando a sua perspectiva, esse é você de verdade — o foco é sempre o bem estar da sua filha, e por isso se afeiçoava mais ao loiro com o passar de cada dia — Venha, vamos fazer uma visita à minha esposa.

— Espero que tenha em mente que não seremos recebidos de braços abertos — as palavras foram ouvidas, e com muito sucesso, completamente ignoradas.

De um ponto neutro em seu quarto, nada passava despercebido dos seus olhos, e atenta a cada movimento do outro lado da rua, Andrea negou toda a insistência do pai. Não estava errada em manter a cautela no decorrer dos últimos dias, estavam lhe vigiando de perto, e errar tão perto do fim não parecia uma opção viável. Seguia ciente do que importava para os seus próximos passos, sabia que a Devil Saints se preparava para algo grande, e não era necessário muita inteligência para saber que a Belmont era o alvo. Para o seu agrado, estava tudo indo muito bem.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora