🅃🅁🄴̂🅂

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Fim de tarde, início de uma noite tempestuosa. O relógio marcava dezoito horas e as águas caíam com força pelas ruas da grande cidade. Pela janela de sua sala, Pietro observava o correr distante de quem tentava se esconder da chuva, enquanto o movimento de veículos se tornava cada vez mais difícil de se enxergar. Estava na hora de ir embora, sua esposa já havia telefonado para pedir que tomasse cuidado durante o percurso a ser traçado, e tudo no que o homem conseguia pensar, era em como sua menina teria se saído no primeiro dia junto dos seus inimigos naturais. 

Estava distraído, seus pensamentos voavam para longe, sua mente idealizava como seria se um encontro fosse protagonizado pelo destino. Como agiria sabendo que do outro lado estava a sua menina? Como diria aos seus homens que eliminassem todos se sua única filha seguia do lado oposto ao seu? 

— Não tem como isso ficar pior — as palavras eram ditas a ele mesmo, não existia mais ninguém naquele andar do prédio. Começava a ficar tarde, a empresa estava para fechar. No relógio em seu pulso, era marcado o horário do jantar. Estava atrasado, mas podia culpar o tempo por isso.

No banco de trás do carro dirigido pelo seu braço direito, Pietro assistia com cuidado o cair de cada gota da chuva, a calma como aqueles pingos se colidiam contra o vidro entre sua visão e a rua do lado de fora. Era fascinante, uma forma de acalmar sua mente e evitar que os problemas tomassem conta. Precisava encontrar uma resolução para a nova situação na frente dos seus olhos, mas aquele não era o momento, aquela não era a hora certa para se pensar em algo do tipo. Sua esposa e filha o esperavam para mais aquela refeição no dia, uma mensagem da mulher que amava lhe dizia isso.

Dando por encerrada a carga horária do homem mais leal que possuía, respirou fundo enquanto levava sua mão até a maçaneta da porta da sua casa. Havia chegado, e por mais que quisesse sorrir para a presença das mulheres da sua vida, também não estava pronto para receber todo um resumo por parte de Andrea com relação ao seu dia rodeada de tantos vermes coordenados pelo governo do seu país.

No sofá da sala, ao lado da mãe desde que chegou, Andrea contava tudo o que podia sobre a sua primeira experiência fora da academia de treinamento. Havia muitos segredos a serem mantidos, mas sem quebrar os protocolos que havia jurado proteger, fazia a mãe sorrir orgulhosa para com cada uma de suas conquistas. Estava feliz, realizada e determinada a dar o seu máximo para trazer a justiça acima de tudo. Designada ao grupo de operações que tinham como maior responsabilidade se manter no encalço da máfia Belmont, mal podia esperar pela primeira oportunidade de ação, onde estava pronta para pôr em prática tudo o que aprendeu nos últimos meses. Assim como sua oficial de comando, Andrea Dellatorres sonhava com o momento em que fecharia suas algemas nas mãos do líder daquele grupo terrorista. Não dizia em voz alta, mas mal conseguia aguardar pelo dia em que anunciaria a prisão do cabeça daquela máfia olhando dentro dos seus olhos.

— Querido, porque demorou tanto? — se pondo de pé para receber o marido com um gracioso sorriso presente em seus lábios, Andreza se dispunha a segurar suas coisas para que ele pudesse se livrar do paletó respingado pelos pingos de chuva recebidos do último minuto. Andrea sorria com a interação dos pais, sonhava com a possibilidade de um futuro parecido com o deles. Talvez estivesse pedindo muito, mas esperava ser merecedora de tal pedido oculto.

— As ruas estão uma bagunça, o clima não está ajudando em nada — eram as suas palavras em resposta à questão da esposa, a sua verdade para aquele momento presente. 

— Que bom que veio com cuidado — Andreza sequer tentava esconder a sua preocupação, não existia ninguém no mundo que amasse tanto a família senão a senhora Dellatorres. Se for o caso, seria capaz de ceder a sua vida sem reclamações se fosse para proteger o marido e a filha, principalmente sua criança.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora