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Domingo à tarde, e tudo no que Katherine conseguia pensar era no tedioso dia que vinha tendo. Estava de folga, mas exausta por não fazer nada que fosse realmente útil. Havia pensado em emendar mais um dia aos vários outros deixado para trás, acumular horas no departamento para quando estivesse realmente precisando de um tempo de descanso. Porém, seu diretor foi muito claro e absoluto ao não lhe deixar escolhas. Existiam regras no lugar, e por mais que fosse do seu desejo, a Rivera não poderia dobrar mais aquela semana.

Desde o início da manhã até o presente momento, Katherine tentou ao máximo fazer o dia passar na frente da tv e do seu computador. Entre séries, filmes e jogos, a agente havia se rendido ao aborrecimento que era passar cada uma das programações disponíveis em sua tela e não encontrar nada que fosse do seu agrado. Por fim, respirou fundo, encerrou todos os aparelhos que usava simultaneamente, e com apenas o celular em seu poder, decidiu fazer uma caminhada pelas ruas próximas ao seu apartamento. Negando tudo pelo que passou nas últimas horas, considerou que um pouco de exercício podia ser a chave para alguma coisa além de um estresse transmitido pela falta de ação no seu trabalho. Tentava ao máximo não se apegar ao passado deixado para trás, mas não tinha como não se lembrar dos bons momentos vividos em Los Angeles. Não queria admitir em voz alta, mas sentia muito a falta da vida construída na cidade que lhe proporcionou tanta coisa positiva. Talvez estivesse na hora de trocar com o tio mais do que apenas breves palavras por curtas mensagens, ao menos foi nisso o que pensou ao fitar o azul daquele céu sobre a sua cabeça.

O azul do céu, não tinha como olhar a beleza dele sem pensar nos vibrantes e intensos olhos de Andrea. Em uma corrida saudável e vagarosa pela calçada, se perguntava como estaria a situação que escolheu abandonar por medo de enfrentar tudo estando do lado errado do ocorrido. Virando uma esquina após a outra, desviando de mulheres e crianças ao longo do percurso com maestria e uma vontade que desconhecia ser a sua, questionou o sentimento que apertava o seu peito insistentemente no correr do último mês. Desejava saber se a ruiva estava bem, se havia sido inocentada ou não. Mas também se recusava a dar para trás logo quando tudo parecia estar tão certo, e ao mesmo tempo não conseguia se esquecer da sensação que era estar junto de Andrea em dias onde o cansaço dominava o seu corpo e a sua mente. O sentimento de paz, de aconchego quando tudo o que precisava era de paz e sossego. Sentia tanto pelo caminho que as circunstâncias as levaram.

- Rivera, você não para nunca, mulher? - ouvindo a voz do colega de trabalho, Katherine se perguntava se o seu pecado era mesmo assim tão grande, pois não sendo capaz de se livrar do homem nem mesmo no seu dia folga, considerou que ele devesse ser uma espécie de provação para diminuir a sua sentença no dia do julgamento final.

- Você por outro lado, parece que anda muito parado ultimamente - ignorando o carro na sua cola quase parando o trânsito, aumentou o pique da sua corrida. Seguia no retorno para casa, o tempo passava de forma rápida pela primeira vez durante todo o dia - Pelo visto, anda faltando serviço no departamento durante a minha ausência, não é?

- Acabei de fechar o meu turno, então pensei em te fazer uma visita. Estava a caminho da sua casa, então se quiser parar com esse negócio aí - fazendo pouco do exercício da Rivera, ofereceu a carona. Mas a agente fingiu não o escutar e permaneceu com o seu percurso abraçando o silêncio.

Durante o pouco tempo de profissão exercida na cidade de San Diego, Katherine conquistou mais do que estava esperando, ultrapassou barreiras que imaginou serem a sua prisão por longos meses futuros sem qualquer dificuldade. No entanto, lidar com Marcos Sierra ainda era um desafio que causava dores de cabeça intensas. O homem não a enfrentava mais como no começo, mas também não deixava de tentar um investimento que claramente não teria sucesso. Estava cansada disso, perto do limite que segurava as suas estribeiras. Um pouco mais de audácia por parte do Sierra, e talvez ela amanhecesse na delegacia de polícia mais próxima respondendo por tentativa de homicídio, no mínimo.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora