🄾🄸🅃🄾

45 4 0
                                    

Pronta para retornar da folga que julgava ter sido muito bem aproveitada, Andrea descia as escadas mirando apenas a saída. Havia ficado um único longe do departamento, mas sentia como se tivesse entrado de férias a mais de um mês. Estava ciente de que não existia muita coisa para ser feita dentro dos limites daquele prédio, mas estar em meio aos colegas a fazia se sentir em ação de alguma forma. Era certo, não existia mais ninguém que se sentisse tão bem por estar ao menos preenchendo relatórios sobre missões simples e sem muito valor para a operação que gerenciava todo o lugar.

— Por acaso está atrasada, querida? — surgindo em suas costas em passos calmos e silenciosos, Andrea respirou fundo e abriu um sorriso culpado na direção da mãe. Andreza logo negou sua atitude. — Entendo que esteja empolgada e muito focada em mostrar do que é capaz, meu amor, mas não precisa pular as refeições do dia para isso. Eu posso garantir que aquele prédio não irá desaparecer de um hora para outra.

— Sei disso, mãe — passando pela porta já destravando o alarme do seu carro, segurou o olhar da mais velha — E querer chegar mais cedo não quer dizer que estou empolgada com a nova rotina, tão pouco que preciso provar o meu valor. Eles sabem o que posso oferecer, não tenho mais com o que me preocupar com relação a isso. Mas enquanto a Belmont e seus rivais estiverem vagando em liberdade pelas nossas ruas, preciso que entenda que um descanso real não está em minha lista de afazeres.

— Não vá seguir os passos do seu pai, está me ouvindo? — vendo nas atitudes da filha um lado muito parecido com o do marido, Andreza impôs o ultimato — Ele se mata por aquela empresa, mas você não precisa fazer o mesmo pelo FBI, meu amor. Eles possuem mais agentes à disposição, podem delegar as funções de vez enquanto.

— Assim como o pai, eu também posso gerenciar o meu tempo quando necessário, mãe — existia certeza em sua sentença, mas Andreza entendia que isso não podia ser sustentado para sempre. Pietro não conseguiu, e por mais que quisesse acreditar no contrário, temia que a filha também pudesse não conseguir.

— Jantar em família hoje, tudo bem?

— Claro que sim, mas avisarei se surgir algum imprevisto — Andreza assentiu para as suas palavras, mas não estava feliz por ouví-las, pois era exatamente assim que tudo começava. 

Assistindo o evanescer devagar de sua única filha, Andreza respirava fundo ao se permitir vagar em meio às lembranças de um dia que ficou marcado em sua memória. O nascimento de Andrea havia sido a sua maior realização como pessoa, nem mesmo o dia em que recebeu o seu diploma a mais velha se sentiu tão realizada, ser mãe era o seu sonho, e sua criança era um presente que não podia ser superado. Vivia preocupada desde o primeiro dia de Andrea na escolinha, e isso não mudou com o passar do tempo. Tentava manter o seu foco em outra coisa, mas era difícil não ficar com o coração na mão toda vez que a filha saía pela porta com seu distintivo em mãos. No mundo, não existia nada que amasse mais do que o sangue do seu sangue. Pietro era o seu marido, o homem que amou desde o primeiro encontro. Mas Andrea era a sua luz, e em sua vida, nada estava acima da jovem agente.

— Pensei que tivesse dito que iria passar a noite na casa do seu tio — se esbarrando na líder da força tarefa no estacionamento, Richard fez o comentário ao se afastar para que o carro em sua frente também pudesse ocupar sua vaga. Andrea era quem descia do automóvel.

— Não entendi o seu comentário, Rios — pendurando no ombro a bolsa que carregava, o encarou com atenção.

— Não é nada demais, apenas pensei que viriam juntos para o departamento — não fazia ideia do que era discutido ali, mas Andrea sorriu divertida ao se juntar a eles na caminhada até a entrada do prédio.

— Primeiro, nós não nascemos grudados um no outro, e por mais que ele fique no meu pé sobre ter cuidado e pensar duas vezes onde estou enfiando o meu nariz, ainda sei andar com os meu próprios pés — não pensou em poupar palavras, pois já era a segunda vez que o rapaz implicava com algo parecido — E segundo, mas não menos importante, ele é o diretor, pode se dar ao luxo de chegar mais tarde. Eu não.

A Filha do Dono da MáfiaOnde histórias criam vida. Descubra agora